Governistas e opositores est�o deixando o teor do parecer do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff na Comiss�o Especial do Impeachment em segundo plano e focando seus discursos nas cr�ticas um ao outro, na sess�o desta sexta-feira do colegiado, marcada para debater o documento.
J� a oposi��o centra suas cr�ticas em outras acusa��es e suspeitas contra o governo Dilma, algumas alheias ao parecer, bem como contra o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e ao PT. Opositores apostam tamb�m na estrat�gia de dizer que aqueles que votarem contra o impeachment estar�o concordando com os crimes a que a petista � acusada.
At� o momento, 25 dos 116 parlamentares inscritos para falar na sess�o desta sexta-feira j� discursaram. A previs�o � de que a sess�o s� termine por volta das 3 horas da madrugada, mesmo se nem todos os parlamentares tenham sido ouvidos. O parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) s� ser� votado na pr�xima segunda-feira, 11.
Esc�ndalos
Ap�s dizer que nenhum dos fatos elencados no parecer comprovam a acusa��o de crime de responsabilidade para justificar o impeachment, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), por exemplo, citou que pol�ticos do DEM e do PSDB est�o envolvidos em v�rios esc�ndalos de corrup��o.
"Essa oposi��o quer falar em corrup��o, porque toda a vez em que se derrubou um governo popular foi com base no denuncismo e n�o no debate", afirmou. Segundo ele, a acusa��o feita no parecer � "vazia", tem car�ter "meramente partid�rio" e foi "lastreada na disputa pol�tica". Para ele, a oposi��o quer "levar o poder sem voto".
Zarattini tamb�m acusou a oposi��o de querer assumir o poder e acabar com os programas sociais. Ele citou em especial o Bolsa Fam�lia. "A oposi��o sempre quis acabar com o Bolsa Fam�lia, porque n�o suporta ver o povo melhorar de vida" disse. "Parem de boicotar o Brasil", disse o deputado.
Mais cedo, o deputado Pepe Vargas (PT-RS) foi na mesma linha e causou um princ�pio de tumulto na sess�o. O petista afirmou que PSDB e DEM s�o os partidos com maior n�mero de pol�ticos cassados no Pa�s. O l�der do DEM, Pauderney Avelino (AM), e o deputado Mendon�a Filho (PE) reagiram com gritos de "mentira".
Sucess�o
Vice-l�der do governo, o deputado Silvio Costa (PT do B-PE), focou seu discurso na cr�tica � linha de sucess�o. Ele lembrou que o vice-presidente Michel Temer e Eduardo Cunha, primeiro e segundo na linha de sucess�o, fazem parte do que classificou como "confrades do golpe".
Costa afirmou que, caso Temer tamb�m seja cassado ou sofra impeachment, o presidente da C�mara assumir� o poder, o que poderia prorrogar uma eventual condena��o por corrup��o. "Deus me livre, acontece um problema com Michel. Eduardo Cunha vira presidente e, se ele virar, n�o pode ser preso", afirmou.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) adotou a mesma linha de argumenta��o. "A linha sucess�ria deste Pa�s, reconhe�amos, vai de m� aos piores", disse. Ele acusou os defensores do impeachment de praticar "zelo or�ament�rio espetacular" s� agora pois, no mais, preocupam-se s� com as pr�prias emendas or�ament�rias.
O deputado do PSOL disse ainda que Dilma praticou, sim, estelionato eleitoral por n�o cumprir com o prometido em sua campanha pela reelei��o, em 2014. Mas afirmou que a oposi��o tamb�m adotou a mesma pr�tica.
Oposi��o
Da oposi��o, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) defendeu o impeachment de Dilma e afirmou que votar contra o afastamento de Dilma � concordar com os crimes de responsabilidade que a den�ncia do impedimento acusa a petista.
Lorenzoni tamb�m disparou cr�ticas ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Ele acusou o petista de vir a Bras�lia para atuar "no que faz de melhor: traficar interesses". Acusou ainda Lula de pedir ajuda para "mil�cia". "E quem tem mil�cia � bandido", afirmou o parlamentar.
A deputada Mariana Carvalho (PSDB-RJ), por sua vez, focou seu discurso em cr�ticas a crise econ�mica e pol�tica. Ela criticou o aumento de pre�os da energia el�trica e da gasolina e cortes em verbas para a educa��o. "Isso, sim, � golpe", disse. Para a tucana, Dilma "n�o tem conhecimento e nem sabe o que � a Constitui��o Federal".