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Estado de Minas

Cunha recebeu propina de R$ 52 mi em 36 parcelas, afirma delator

Em 14 p�ginas, o empres�rio Ricardo Pernambuco Junior narra com detalhes encontro com o presidente da C�mara para combinar como seriam realizados pagamentos no exterior


postado em 15/04/2016 16:34 / atualizado em 15/04/2016 16:58

(foto: Valter Campanato/ Agência Brasil)
(foto: Valter Campanato/ Ag�ncia Brasil)

Em dela��o premiada � Procuradoria-Geral da Rep�blica, na Opera��o Lava Jato, o empres�rio Ricardo Pernambuco Junior, da Carioca Engenharia, entregou aos investigadores uma tabela que aponta 22 dep�sitos somando US$ 4.680.297,05 em propinas supostamente pagas ao presidente da C�mara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entre 10 de agosto de 2011 e 19 de setembro de 2014.

Segundo o empreiteiro, empresas relacionadas �s obras do Porto Maravilha, no Rio, deveriam pagar R$ 52 milh�es ou 1,5% do valor total dos Certificados de Potencial de �rea Construtiva (Cepac) a Eduardo Cunha. A parte que caberia � Carioca era de R$ 13 milh�es.

O maior repasse ocorreu em 26 de agosto de 2013 no valor de US$ 391 mil depositados em conta do peemedebista no banco su��o Julius Baer. Em 2011 foram quatro dep�sitos, somando US$ 1,12 milh�o. Em 2012, Eduardo Cunha recebeu s� dessa fonte outros US$ 1,34 milh�o divididos em seis dep�sitos. A tabela revela que em 2013 o deputado - que ainda n�o exercia a presid�ncia da Casa -, foi contemplado com mais seis dep�sitos, totalizando US$ 1,409 milh�o. J� em 2014, Eduardo Cunha recebeu outros seis dep�sitos que somaram US$ 804 mil.

A tabela com o caminho das propinas � dividida em duas partes.

"Em rela��o a primeira tabela, que totaliza US$ 3.984.297,05 tem certeza de que foram destinadas a contas apontadas pela deputado Eduardo Cunha; que em rela��o a segunda tabela, no valor total de US$ 696 mil, � alt�ssima a probabilidade de que tamb�m eram valores destinados a contas indicadas por Eduardo Cunha, por todo o trabalho investigativo que fizeram, em especial porque n�o fizeram pagamentos deste tipo a outras pessoas e, tamb�m, pelo valor das transfer�ncias", afirmou o empres�rio.

"Em nenhum momento Eduardo Cunha lhe disse que as contas eram de titularidade dele, mas tem certeza de que todas estas contas foram indicadas pela deputado Eduardo Cunha; que tampouco o depoente chegou a perguntar a Eduardo Cunha sobre o titular das referidas contas."

Em 14 p�ginas, o empres�rio Ricardo Pernambuco Junior narra com detalhes encontro com o presidente da C�mara para combinar como seriam realizados pagamentos no exterior. Ricardo Pernambuco Junior descreveu uma reuni�o no Hotel Sofitel, em Copacabana, no Rio, que, segundo ele, teria ocorrido entre junho e julho de 2011, �poca da aquisi��o das Cepac's pelo Fundo de Investimento do FGTS.

"O depoente n�o estava presente, mas seu pai e um executivo da Carioca de nome Marcelo Macedo estiveram presentes a esta reuni�o; que ap�s esta reuni�o, o depoente foi chamado pelo seu pai; que seu pai lhe comunicou que L�o Pinheiro, da OAS, e Benedicto Junior, da Odebrecht, na reuni�o do Hotel Sofitel, comunicaram que havia uma solicita��o e um 'compromisso' com o deputado Eduardo Cunha, em raz�o da aquisi��o, pela FI-FGTS, da totalidade das CEPAC's", declarou.

O empreiteiro detalhou. "Que o valor destinado a Eduardo Cunha seria de 1,5% do valor total das Cepac's, o que daria em tomo de R$ 52 milh�es devidos pelo cons�rcio, sendo R$ 13 milh�es a cota parte da Carioca; que este valor deveria ser pago a Eduardo Cunha em 36 parcelas mensais; que seu pai disse ao depoente que cada uma das empresas "assumiria" a sua parte diretamente com Eduardo Cunha."

� Procuradoria, o delator contou que o primeiro pagamento no Israel Discount Bank para Eduardo Cunha ocorreu em 10 de agosto de 2011, no valor de US$ 220.777,00. Ricardo Pernambuco Junior relatou que houve uma dificuldade do Banco de seu pai para efetuar a transfer�ncia, em raz�o do banco destinat�rio.

Segundo o delator, Marcelo Macedo n�o participou especificamente desta conversa entre ele, seu pai e os representantes da OAS e da Odebrecht. Ricardo Pernambuco Junior disse que a Carioca, na �poca n�o tinha contato com Eduardo Cunha. O empreiteiro afirmou que ele e seu pai foram apenas "comunicados" pela Odebrecht e pela OAS sobre o "compromisso".

"Como cada empresa deveria acertar os valores diretamente com Eduardo Cunha, o pai do depoente pediu que este procurasse referido parlamentar para acertar os pagamentos; que o contato telef�nico de Eduardo Cunha foi repassado ao depoente por Benedicto Junior, a pedido do depoente; que foi passado ao depoente um numero de r�dio Nextel", afirmou.

O delator contou aos procuradores da Lava Jato que entrou em contato com Eduardo Cunha e marcaram uma primeira reuni�o. Ricardo Pernambuco Junior disse n�o se recordar se o encontro se deu no escrit�rio pol�tico do deputado, no centro do Rio, ou na C�mara, em Bras�lia, 'mas acredita que tenha sido no escrit�rio pol�tico'. O empres�rio afirmou acreditar que a reuni�o tenha ocorrido no in�cio de agosto de 2011.

"Indagado sobre a descri��o do escrit�rio pol�tico de Eduardo Cunha, respondeu que se trata de um escrit�rio com decora��o mais antiga, que tem uma antessala, com uma recepcionista; que, al�m disso, havia dois sof�s, em seguida um corredor, com duas salas; que nestas salas havia uma secret�ria mais alta e um assessor do deputado; que este assessor era uma pessoa mais velha, com cerca de 60 anos, acreditando que fosse um pouco calvo, possuindo cabelo lateral; que nunca conversou, por�m, nenhum assunto com tais pessoas; que mais � esquerda tinha a sala do deputado Eduardo Cunha, com uma mesa antiga, de madeira maci�a, com muitos papeis em cima; que acredita que o escrit�rio fique no 32° andar."

De acordo com Ricardo Pernambuco Junior, durante a reuni�o, ele perguntou 'sobre o "compromisso" estabelecido e, inclusive, o valor, o que foi confirmado por Eduardo Cunha'. O empres�rio disse que ele e o pai n�o queriam que o dinheiro passasse "por dentro da empresa", para ser o mais reservado poss�vel. O delator contou que questionou Eduardo Cunha 'sobre a possibilidade de estes pagamentos serem feitos em contas no exterior'.

"Eduardo Cunha disse que n�o haveria problema nenhum e, neste momento, ele indicou a primeira conta em que deveria ser efetivado o pagamento", relatou Ricardo Pernambuco Junior.

"Eduardo Cunha passou a conta em um papel, com os dados j� digitados; que se lembra bem deste primeiro pagamento, porque o Banco indicado por Eduardo Cunha era denominado Israel Discount Bank; que n�o sabia se este banco era realmente em Israel; que j� ficou estabelecido, inclusive, o valor do primeiro pagamento; que, dividindo o valor total devido pelo n�mero de parcelas, o valor de cada parcela era de cerca de R$ 360 mil."

O empreiteiro disse que a reuni�o deve ter durado cerca de 30 minutos, 'oportunidade em que se conheceram melhor'. Ricardo Pernambuco Junior afirmou que 'at� ent�o n�o se conheciam ou ao menos n�o se recorda de t�-lo conhecido pessoalmente'.

"O depoente disse nessa reuni�o a Eduardo Cunha que seria imposs�vel fazer dep�sitos mensais; que o depoente disse a Eduardo Cunha que fariam dep�sitos com periodicidade irregular; que esta impossibilidade de realizar dep�sitos mensais decorria da precau��o que seu pai tinha em dar as ordens banc�rias para o exterior; que o pai do depoente normalmente dava tais ordens aos gerentes das contas no exterior pessoalmente, seja em viagens que seu genitor fazia ao exterior ou, ainda, quando o gerente vinha ao Brasil; que n�o sabe se seu pai enviava ordens por outro meio de comunica��o � dist�ncia, como fax ou e-mail."

O delator continuou. "A pedido de seu genitor, o depoente solicitou uma reuni�o com Eduardo Cunha, por meio da secret�ria do depoente; que a secret�ria do depoente, de nome Sheila Oliveira, entrou em contato com a secret�ria do deputado Eduardo Cunha e, em seguida, enviou um e-mail para o depoente, questionando qual seria a "pauta para a reuni�o"; que o depoente respondeu o e-mail afirmando que "Ele est� a par. S� avisa q sou eu"", declarou. Segundo o delator, este e-mail � datado de 16 de agosto de 2011.

Ricardo Pernambuco Junior disse que a reuni�o 'foi efetivamente marcada e realizada, n�o se recordando ao certo onde'.

"Nesta reuni�o, ocorrida provavelmente entre final de agosto e in�cio de setembro, perguntou a Eduardo Cunha se haveria a possibilidade de mudar o banco e indicar uma conta na pr�pria Su��a; que Eduardo Cunha concordou e disse n�o haver problemas; que Eduardo Cunha, no mesmo ato, j� indicou a conta Esteban Garcia, no banco Merryl Lynch Bank, na Su��a; que a partir da� todos os dep�sitos para Eduardo Cunha foram na Su��a", declarou. "Se estabeleceu que se houvesse necessidade de altera��o do banco, isto deveria partir do deputado Eduardo Cunha; que, de qualquer forma, em toda oportunidade em que iriam fazer os pagamentos, o depoente ligava ou se encontrava com Eduardo Cunha para perguntar se "mant�nhamos o mesmo endere�o"."

O delator narrou ainda que por uma ou duas vezes, as contas no exterior eram enviadas por Eduardo Cunha para ele, em envelopes lacrados e sigilosos, para a filial da Carioca em S�o Paulo, 'contendo os dados da conta e c�digos de transfer�ncia'.

A defesa de Eduardo Cunha foi procurada pela reportagem nesta quinta-feira, 14, mas ainda n�o se manifestou. O espa�o est� aberto para o presidente da C�mara.


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