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Estado de Minas

Executivos da Andrade Gutierrez detalham propina em Angra 3 e em Belo Monte


postado em 15/04/2016 18:37

Rio, 15 - O ex-presidente da Andrade Gutierrez Energia Flavio David Barra detalhou nesta sexta-feira, 15, em depoimento na 7� Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, os pagamentos ilegais feitos pela empresa a membros da diretoria da Eletronuclear no �mbito das obras de constru��o da usina nuclear de Angra 3. O esquema de propina foi exposto pela Opera��o Lava Jato. As acusa��es tamb�m atingiram o PMDB, nas figuras do ex-ministro Edison Lob�o (Minas e Energia) e do senador Romero Juc� (RR). Foram mencionadas ainda as obras da usina hidrel�trica de Belo Monte, com divis�o de propinas entre PMDB e PT.

Barra assumiu as obras de Angra 3 no fim de 2012. Nessa �poca, houve, segundo ele, uma reuni�o na casa do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ent�o presidente da Eletronuclear, para apresentar o projeto da usina e tamb�m o funcionamento do esquema. L�, o ent�o executivo da AG Cl�vis Renato Peixoto Primo apresentou os dois e falou dos pagamentos, que eram da ordem de 1% dos contratos. "A gente sempre quis ter uma rela��o muito pr�xima com ele (Othon), ent�o n�s aceitamos esse compromisso (propina)", disse Barra. A defesa de Othon nega que o almirante tenha recebido propina.

Os repasses, segundo Barra, eram feitos por meio de contratos de fachada com empresas mantidas pelo almirante. Ele, contudo, n�o citou valores. Al�m do 1% para o presidente da Eletronuclear, outros tr�s executivos da estatal foram citados: o diretor t�cnico Luiz Soares e seus superintendentes Luiz Messias e Jos� Costa Mattos. Os tr�s ainda constam como membros da diretoria da Eletronuclear no site da empresa.

Diferentemente de Othon, os tr�s executivos recebiam a propina em dinheiro vivo. Para justificar os gastos, a AG simulava pagamentos a empresas de Adir Assad, um dos operadores da Lava Jato. "Ele prestava servi�o para algumas obras, com valores aumentados (para repassar aos diretores). Depois come�ou a produzir contratos fict�cios, sem nenhuma materialidade, para justificar a sa�da de dinheiro", narrou Barra. Os pagamentos eram feitos conforme o andamento das obras de constru��o civil da usina.

Em setembro de 2014, quando foi assinado o contrato para a fase de montagem da usina, executada pelo cons�rcio Angramon, o PMDB apresentou seu pleito ao conjunto de empresas, que inclu�a UTC, Camargo Corr�a, Odebrecht, Techint, Queiroz Galv�o, EBE e Andrade Gutierrez. "J� se pedia, mesmo sem assinatura do contrato, algum adiantamento para a campanha. O montante era de 1%, pleiteado pelo PMDB atrav�s do ministro Edison Lob�o", afirmou Barra. Havia ainda, segundo ele, uma parte "a ser equalizada" com o senador Romero Juc� (PMDB-RR), tamb�m referente a Angra 3. Segundo Barra, esses pagamentos n�o chegaram a ser concretizados. "A UTC antecipou parte do valor (para o PMDB), mas n�o efetivamos nenhum pagamento", disse.

Ainda de acordo com o depoimento de Barra, o valor do contrato para a constru��o de Angra 3 de fato era insuficiente para executar o projeto nos valores atuais. Por isso, a empresa (que atuava sozinha no contrato da obra civil) pleiteava aditivos de contratos. O executivo destacou diversas vezes que a empresa considerava a necessidade de "estar pr�xima" � diretoria da Eletronuclear a fim de conquistar esses aditivos.

As obras de Angra 3 sofreram algumas paralisa��es por falta de pagamento at� a suspens�o definitiva em 2015, ap�s o in�cio das investiga��es da Lava Jato. Segundo Barra, quando isso ocorria, os pagamentos de propina tamb�m eram suspensos.

Belo Monte

Ainda segundo Barra, houve acerto para pagamento de propina de 1% para o PT e PMDB no �mbito das obras da usina hidrel�trica de Belo Monte, no Par�. A Andrade Gutierrez integra o cons�rcio que lidera a obra. De acordo com seu depoimento, cada partido ficava com 0,5%, e os dep�sitos foram feitos em forma de doa��es oficiais aos diret�rios nacionais de cada legenda. Os pagamentos tamb�m eram suspensos em �pocas de aus�ncia de repasse do governo. "Eu sugeria at� como forma de press�o", contou Barra.

O ex-presidente da Andrade Gutierrez Ot�vio Marques de Azevedo tamb�m deu detalhes sobre a propina em Belo Monte. Ele confirmou os porcentuais e a forma de pagamento (doa��es registradas). "A Andrade pagou R$ 20 milh�es s� por Belo Monte ao longo de anos, R$ 10 milh�es para cada partido", disse Azevedo.

Ainda referente a Belo Monte, o ex-presidente da Andrade relatou um pagamento de R$ 15 milh�es feito pelo cons�rcio ao ex-ministro Delfim Netto e um pedido de contribui��o feito pelo pecuarista Jos� Carlos Bumlai, negado pela empresa. "J� bastava o 1% que a gente tinha que pagar", afirmou Azevedo.

Origem

O pagamento de 1% sobre o valor dos contratos da Andrade Gutierrez em obras p�blicas (al�m da Petrobras) come�ou ap�s 2008, quando houve uma reuni�o entre Azevedo e o ent�o presidente do PT Ricardo Berzoini, hoje ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presid�ncia da Rep�blica. "Eles queriam isso inclusive sobre o passado, o que de pronto foi recusado", contou Azevedo.

A demanda, segundo ele, foi levada � construtora, que aceitou pagar propinas referentes aos projetos em fase inicial e futuros. A partir de 2010, quem se encarregou das cobran�as foi o ent�o tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto, preso na Lava Jato. O PT exigiu inclusive pagamento de comiss�o sobre a obra de uma sider�rgica na Venezuela, na qual a AG atuava. Sobre os contratos com a Eletronuclear, contudo, Azevedo afirmou ter tomado conhecimento do acerto de propina quando j� estava preso.


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