
Quando manifestantes contr�rios ao governo falaram pela primeira vez em pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), ainda no terceiro m�s do segundo mandato conquistado nas urnas pela petista, nem mesmo os mais radicais parlamentares da oposi��o ousavam defender a ideia publicamente. Depois, uma s�rie de acontecimentos pol�ticos e econ�micos pavimentou o caminho que levou � vota��o nesse domingo (17), pela C�mara dos Deputados, da abertura de um processo que pede que ela seja julgada por crime de responsabilidade. Foram 440 dias de sangria, iniciada em fevereiro do ano passado com a elei��o do presidente da C�mara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), inimigo p�blico do Pal�cio do Planalto, que viria a se tornar o principal articulador do movimento pela derrubada da presidente.
Desde que se viabilizou no cargo, Cunha batia de frente com o governo Dilma, at� que em junho ele se assumiu como oposi��o. Mas foi em dezembro do ano passado que o peemedebista aceitou um pedido de impeachment contra a presidente assinado pelos juristas H�lio Bicudo, Miguel Reale Junior e Jana�na Paschoal. O an�ncio foi feito no mesmo dia em que os tr�s petistas no Conselho de �tica da C�mara informaram que votariam a favor da cassa��o de Eduardo Cunha no processo por quebra de decoro que at� hoje ele consegue atrasar. O presidente da C�mara tamb�m articulou a forma��o de uma comiss�o simp�tica ao afastamento de Dilma. Depois de brigas no Supremo Tribunal Federal (STF) e da troca do grupo, o parecer pelo impeachment foi aprovado e a presidente ficou a um passo do afastamento.
No decorrer da tramita��o do pedido n�o faltaram ingredientes para piorar o clima para Dilma. Os indicadores econ�micos levaram o governo � sua pior aprova��o entre os brasileiros. O notici�rio da Opera��o Lava-Jato, que investiga a corrup��o na Petrobras, tamb�m n�o deu tr�gua. Teve desde a pris�o do ex-l�der do governo no Senado Delc�dio do Amaral (suspenso do PT), com sua posterior dela��o premiada, at� a condu��o coercitiva do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) para depor. Em mar�o e abril, a presidente foi perdendo o apoio pol�tico que tinha no Congresso. O PMDB iniciou a debandada ao anunciar o rompimento e deliberar pela entrega dos cargos no governo. Foi seguido por PP, PSD, PTB e PRB, que orientaram o voto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Confira os momentos mais tensos do segundo mandato de Dilma
1º Fev 2015
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), candidato de oposi��o ao Pal�cio do Planalto, � eleito presidente da C�mara dos Deputados. Foi a primeira derrota do governo na segunda gest�o da presidente Dilma.
15 Mar 2015
Ocorre o primeiro grande protesto contra o governo da presidente Dilma Rousseff depois que ela foi reeleita em outubro. Contou com mais de 1 milh�o de pessoas em S�o Paulo, 45 mil em Bras�lia e 25 mil no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. � a primeira vez que as ruas falam em impeachment e, na �poca, nem a oposi��o fazia coro.
7 ABR 2015
Com dificuldades em lidar com o Congresso, principalmente a C�mara sob comando de Eduardo Cunha, a presidente Dilma oficializa seu vice Michel Temer no papel de articulador pol�tico do governo.
17 jul 2015
Eduardo Cunha rompe oficialmente com o governo Dilma e anuncia que far� oposi��o � petista.
24 ago 2015
Temer diz que n�o vai mais tratar das negocia��es de varejo e deixa a articula��o pol�tica do governo Dilma. Dias antes ele diz que o pa�s precisa de algu�m capaz de reunificar o Brasil.
30 set 2015
A presidente Dilma atinge um �ndice de rejei��o de 69% entre os brasileiros, o maior percentual da s�rie hist�rica at� ent�o realizada pelo Ibope desde a redemocratiza��o.
7 out 2015
Em decis�o in�dita e por unanimidade, o Tribunal de Contas da Uni�o rejeita as contas do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) de 2014. A decis�o foi baseada principalmente nas chamadas pedaladas fiscais, que consistiram no atraso de repasses do Tesouro a bancos para o pagamento de programas sociais.
21 out
Oposi��o entrega novo pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, assinado pelos juristas H�lio Bicudo, Miguel Reale Junior e Jana�na Paschoal. Nele foram inclu�dos os decretos das pedaladas fiscais de 2015.
25 nov 2015
O ent�o l�der do governo, senador Delc�dio do Amaral (PT-MS), � preso suspeito de atrapalhar as investiga��es da Opera��o Lava-Jato, por oferecer dinheiro � fam�lia de Nestor Cerver� para o ex-diretor da Petrobras n�o fazer dela��o.
2 dez 2015
Cunha aceita o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) assinado pelos juristas H�lio Bicudo, Miguel Reale Junior e Jana�na Paschoal. Isso ocorre hora depois de os deputados do PT no Conselho de �tica informarem que v�o votar pela cassa��o do peemedebista no processo que tramita contra ele.
7 dez 2015
O vice-presidente Michel Temer entrega carta � presidente Dilma Rousseff na qual faz desabafo e reclama de certa desconfian�a do governo em rela��o ao PMDB. Ele n�o fala em rompimento, mas reclama ter sido tratado como “vice decorativo” e deixado de fora em ocasi�es importantes.
3 mar 2016
A revista Isto� traz trechos da declara��o premiada fechada pelo ex-l�der do governo Delc�dio do Amaral (PT-MS), que acusa Dilma e o ex-presidente Lula de tentarem interferir nas investiga��es da Opera��o Lava-Jato. Lula seria o mandante na tentativa de impedir a dela��o do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver�, que acabou levando Delc�dio � pris�o. J� Dilma teria usado sua influ�ncia para tentar evitar a puni��o de empreiteiros, inclusive com a nomea��o de um ministro para o Superior Tribunal de Justi�a (STJ) nesse sentido.
4 mar
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) � conduzido coercitivamente a prestar depoimento � Pol�cia Federal na Opera��o Lava-Jato.
9 mar
Os promotores C�ssio Conserino, Jos� Carlos Blat e Fernando Henrique Ara�jo apresentam den�ncia e pedem a pris�o preventiva do ex-presidente Lula, acusado de cometer os crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideol�gica com a suposta oculta��o de um apartamento triplex, em Guaruj� (SP). Eles alegam que, solto, o petista representa perigo para a ordem p�blica.
12 mar
Na Conven��o Nacional do PMDB que reelegeu Michel Temer presidente da legenda, o partido aprova uma esp�cie de aviso-pr�vio para o governo, dando 30 dias para que o diret�rio nacional decida se vai deixar ou n�o de integrar a base da presidente Dilma.
13 mar
Os grupos contr�rios � presidente Dilma Rousseff fazem a maior manifesta��o contra o governo da petista at� ent�o. Segundo a Pol�cia Militar, foram mais de 3,6 milh�es de pessoas em todo o pa�s.
16 mar
O Pal�cio do Planalto anuncia Lula como ministro da Casa Civil. A nomea��o � questionada no Supremo Tribunal Federal por ser considerada uma forma de conceder foro privilegiado ao petista e ele � suspenso do cargo.
17 mar
A comiss�o especial de impeachment � instalada e s�o escolhidos presidente e relator.
29 mar
Em reuni�o que durou menos de tr�s minutos, o PMDB aprova por aclama��o o rompimento com o governo da presidente Dilma e a entrega dos cargos ocupados por integrantes do partido. Os parlamentares s�o liberados a votar como quiserem no processo de impeachment.
4 abr 2016
O advogado-geral da Uni�o, Jos� Eduardo Cardozo, apresenta a defesa da presidente Dilma � comiss�o do impeachment, alegando que ela n�o cometeu crime de responsabilidade. Segundo ele, se n�o houve ato doloso da presidente, o impeachment � um golpe contra a Constitui��o.
6 abr
Relat�rio do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) na comiss�o especial � pela admissibilidade do processo de impeachment contra Dilma. No parecer, o parlamentar diz que h� ind�cios de crimes de responsabilidade nas pedaladas fiscais e nos decretos de cr�ditos suplementares assinados por Dilma que n�o passaram pelo Legislativo.
11 abr
Os deputados da comiss�o do impeachment aprovam o relat�rio do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) por 38 votos a 27. O parecer � pela admissibilidade do processo de impeachment.
�ltimos dias
As bancadas do PP, PSD, PTB, PRB e PMDB decidem votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), mas liberam os dissidentes. J� o PDT anuncia o voto contra o afastamento dela. Quatro ministros s�o exonerados para voltar � C�mara e votar a favor da presidente Dilma.
17 abr
A C�mara dos Deputados aprova o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Agora, o futuro da petista est� nas m�os dos 81 senadores.