A maioria dos parlamentares foi citada pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em colabora��o com a Lava-Jato. Os dois delatores detalharam a participa��o de dezenas de pol�ticos benefici�rios de propina. Os depoimentos ajudaram a embasar pedido do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, de abertura de inqu�ritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Todos t�m negado irregularidades.
No PP, partido com mais investigados (17), 14 implicados foram favor�veis ao avan�o do impeachment. No total, a legenda tem 45 parlamentares na C�mara e j� havia orientado o voto contra o governo, ap�s desembarcar na �ltima hora da gest�o Dilma.
Na sess�o, os discursos dos investigados destoaram dos demais parlamentares. Em vez de martelar ao microfone a necessidade de acabar com a corrup��o - op��o da maioria -, eles preferiram dedicar o voto aos parentes, ao Brasil e suas bases eleitorais.
"Pela coer�ncia do meu mandato, pela minha m�e de 93 anos, pela minha fam�lia, esposas, filhos, netos e primeiro bisneto", disse Roberto Balestra (PP-GO), um dos 38 pol�ticos alvos do inqu�rito que apura o chamado "quadrilh�o" que teria recebido suborno na Petrobras. A ele s�o atribu�dos crimes de lavagem de dinheiro e corrup��o passiva, al�m de forma��o de quadrilha.
Embora comedido no plen�rio, o deputado foi um dos brasileiros que apoiaram as dez medidas contra a corrup��o, lan�adas pelo Minist�rio P�blico Federal visando a promover mudan�as na legisla��o penal. Recentemente, os organizadores da campanha anunciaram ter alcan�ado 2 milh�es de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular.
Os deputados da Lava-Jato mereceram aplausos de oposicionistas, mas acanhados, em agradecimento ao "sim". Do outro lado, dos apoiadores do governo, campo que tamb�m tem envolvidos na Lava-Jato, as manifesta��es em protesto �s posi��es deles foram quase nulas. "Pelo Brasil e pelo renascimento do Estado brasileiro", disse L�zaro Botelho (PP-TO), ao justificar sua posi��o.
A exemplo dele, a maioria dos deputados do PP, delatada por Youssef, � acusada de receber "mesadas" de R$ 30 mil a R$ 150 mil. Seria a "cota" do partido no esquema na Petrobras, que incluiria tamb�m doa��es milion�rias para custear campanhas eleitorais. Dilceu Sperafico, pepista do Paran�, terra da Lava-Jato, homenageou a cidade de Toledo e os agricultores do Brasil ao dar mais um voto contra a presidente.
Cunha
A manifesta��o mais esperada veio do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos principais art�fices do impeachment da presidente Dilma. Ele passou o dia sendo bombardeado na Mesa Diretora pelos governistas, que diziam dele n�o ter legitimidade para conduzir a vota��o. Chegou a ser chamado de bandido pelo vice-l�der do governo, S�lvio Costa (PTB), que batizou os aliados do peemedebista e os oposicionistas de "PCC" (Partido da Corja do Cunha).
Ao oficializar seu "sim", Cunha declarou: "Que Deus tenha miseric�rdia desta Na��o".
Cunha � alvo de tr�s investiga��es perante o STF. Numa delas, o plen�rio j� aceitou a den�ncia. Nesse caso, � acusado de usar requerimentos da C�mara para chantagear um fornecedor da Petrobras a lhe pagar propina de US$ 5 milh�es. H� ainda uma den�ncia oferecida pela PGR por, supostamente, manter dinheiro desviado da estatal em contas banc�rias na Su��a. Um inqu�rito em curso apura suposto recebimento de suborno de R$ 52 milh�es para viabilizar financiamento do FI-FGTS �s obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro.
Um pedido de Rodrigo Janot para que Cunha seja afastado da presid�ncia da C�mara e do mandato de deputado ser� julgado pelo STF em data ainda indefinida.
An�bal Gomes (CE), outro investigado do PMDB, faltou. No plen�rio, o l�der do partido, Leonardo Picciani (RJ), afirmou que ele tinha feito uma cirurgia e estava na UTI. Gomes � suspeito de ser intermedi�rio do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em esquema de corrup��o na Petrobras.
Os votos contr�rios ao afastamento de Dilma vieram dos petistas Vander Loubet (MS) e Jos� Mentor (SP).