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Estado de Minas

Alian�as equivocadas e briga com setores produtivo e financeiro levam Dilma ao abismo

Presidente da Rep�blica saiu de uma popularidade recorde, h� tr�s anos, para o afastamento iminente pelo Senado


postado em 24/04/2016 07:30 / atualizado em 24/04/2016 07:50

(foto: EVARISTO SÁ/AFP)
(foto: EVARISTO S�/AFP)

Bras�lia – A presidente Dilma Rousseff se tornou, em janeiro de 2012, a presidente mais popular da hist�ria do Brasil p�s-redemocratiza��o, com aprova��o de 92% (59% de �timo ou bom e 33% de regular). Pouco mais de tr�s anos depois, o �ndice n�o alcan�a dois d�gitos e a petista est� a duas semanas de ser afastada pelo Senado para a an�lise do processo de impeachment iniciar na Casa. Ao longo dos �ltimos 63 meses, Dilma colecionou uma s�rie de erros que ajudaram a deteriorar a imagem da primeira mulher eleita presidente da Rep�blica. Com falta de habilidade para negociar com o Congresso e com o mau humor crescente das ruas – sobretudo da classe m�dia e do setor produtivo –, Dilma cabala votos na esperan�a de escapar da cassa��o do mandato. Com a abertura do processo praticamente sacramentada, ela precisa do apoio de 28 para evitar a mudan�a definitiva do Pal�cio do Planalto.

Se o presente � desolador, o come�o da trajet�ria, foi mais do que alvissareiro. Setores importantes do pa�s tinham implic�ncia com o antecessor de Dilma, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Embora o petista tenha encerrado o segundo mandato com 87% de aprova��o popular, muitos o viam como algu�m conivente com atos de corrup��o, avesso � meritocracia e leniente com ditaduras africanas e socialistas, potencializado com as brigas que ele sempre mantinha com a imprensa, especialmente ap�s a descoberta do mensal�o.

“Dilma tentou descolar-se dessa imagem e, logo na largada do primeiro mandato, mandou embora sete ministros suspeitos de atos de corrup��o, atraindo para si a imagem de ´faxineira”, lembra o diretor de documenta��o do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto de Queiroz. Dilma virou febre, chegou a ser colocada como a segunda mulher mais importante do mundo, atr�s apenas da chanceler alem� Angela Merkel. Mas n�o conseguiu segurar a press�o do dia a dia pol�tico. Criticada pelo PT, pelos aliados e por Lula, Dilma acabou se recompondo com os partidos da base de sustenta��o, demostrando fragilidade pol�tica.

JUROS
Ela tentou, tamb�m, comprar uma outra briga, desta vez com o sistema financeiro. O setor n�o � bem-visto pela popula��o, que sempre reclama de uma suposta pol�tica extorsiva praticada pelos bancos. Dilma obrigou o Banco Central a baixar a taxa Selic, for�ou os bancos p�blicos a diminuir a diferen�a entre os juros de empr�stimos e de investimentos, o chamado spread, derrubando, ainda que mais discretamente, as taxas das institui��es privadas. Encrencou-se quando implicou com a taxa de retorno das empreiteiras nas obras de concess�es p�blicas. “Dilma passou a ser vista como algu�m contr�ria ao lucro, ao capitalismo e � livre concorr�ncia”, lembra Toninho.

Dilma tamb�m adotaria medidas equivocadas ao segurar os pre�os dos combust�veis – prejudicando a Petrobras – e da energia el�trica, complicando os balan�os de distribuidores e geradoras. “Al�m disso, em plena campanha eleitoral, simplesmente anunciou que Guido Mantega n�o seria mais ministro da Fazenda e levou quase dois meses para optar por Joaquim Levy. Sem justificar por que o escolheu”, recorda o professor do Insper e cientista pol�tico Carlos Melo.

INIMIGO ERRADO
N�o foram apenas erros econ�micos os cometidos por Dilma. “Ela chamou prefeitos e governadores, ap�s as manifesta��es de junho de 2013, para anunciar um pacto de a��es para responder �s demandas das ruas. Mas anunciou os cinco pontos antes da reuni�o. De que adianta, ent�o, chamar governadores e prefeitos?”, questiona Melo. Segundo o cientista pol�tico, ela tamb�m errou muito com o PMDB. O Planalto foi incapaz de impedir que Eduardo Cunha chegasse � lideran�a do partido na C�mara, mesmo sabendo que ele j� prejudicara o PT e o governo em 2007, quando era o relator da CPMF na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a da C�mara. Hoje, ele � presidente da Casa e um dos maiores algozes do governo federal. A derrota, no entanto, se seguiu a uma estrat�gia arriscada, de confronto com o PMDB, que ocupava o primeiro posto na sucess�o de Dilma.

O Planalto patrocinou a cria��o de legendas como o PSD de Gilberto Kassab e do PROS que, em um primeiro momento, abrigou os irm�os Ciro e Cid Gomes, hoje no PDT. “A inten��o era diminuir os espa�os e o poder de influ�ncia do PMDB. Deu errado e s� fez irritar ainda mais o partido de Michel Temer”, declarou Toninho do Diap. O plano naufragou por completo. Cid Gomes sendo obrigado a deixar a pasta da Educa��o depois de atacar o presidente da C�mara. Sem a dupla, o PROS virou nanico e, no �ltimo domingo, entregou ao impeachment de Dilma quatro dos seis votos a que tinha direito.

Com o PSD, o div�rcio demorou mais tempo. O partido ocupou posi��es na Esplanada at� tr�s dias antes do impeachment na C�mara. Gilberto Kassab comandou o Minist�rio das Cidades at� perceber que n�o conseguiria entregar os votos exigidos pelo Pal�cio do Planalto e pulou do barco. Por ironia, o PSD acabou se aliando ao PMDB e 29 dos 37 deputados da legenda apoiaram o afastamento da presidente.

 

 


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