
Depois do que consideraram uma “retalia��o para humilhar” a delega��o brasileira que se encontrava em Montevid�u, no Uruguai, para a sess�o plen�ria do Parlasul, o Parlamento do Mercosul, 17 dos 20 deputados e senadores brasileiros se retiraram da solenidade que comemorou os 25 anos do bloco econ�mico, na manh� dessa segunda-feira (25).
No domingo, o presidente do Parlasul, o deputado argentino Jorge Taiana, alinhado com a ex-presidente Cristina Kirchner, publicou no site oficial do Parlamento uma nota em que condena o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Para Taiana, o julgamento pol�tico � uma “situa��o escandalosa”: “Isso � um golpe parlamentar, � uma utiliza��o for�ada da lei de impeachment”, diz a nota, acrescentando que setores conservadores, de direita, do mundo financeiro e da m�dia teriam como objetivo central impedir que Lula voltasse � Presid�ncia do Brasil em 2018.
Nessa segunda-feira (25), ao chegar ao audit�rio onde seria realizada a solenidade, parlamentares brasileiros descobriram que os lugares reservados � delega��o estavam localizados na �ltima fileira, atr�s de funcion�rios de segundo e terceiro escal�o da chancelaria. Inconformado, o senador Roberto Requi�o (PMDB-PR) tentou resolver, sem sucesso, a quest�o. Os brasileiros, ent�o, tentaram manifestar o rep�dio tanto pela nota do presidente do Parlasul quanto pela localiza��o dos assentos, mas a cerim�nia n�o previa a coloca��o de quest�es de ordem.
O deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) se dirigiu � frente do audit�rio e, fora do microfone, declarou que a delega��o brasileira iria se retirar da sala. “N�s ficamos surpresos quando hoje (ontem) vimos no site oficial do Parlasul uma declara��o irrespons�vel do presidente em rela��o ao processo de impeachment que acontece no Brasil”, disse o deputado. “A designa��o dos lugares foi uma consequ�ncia do que Taiana diz no site. Foi uma retalia��o para humilhar a delega��o brasileira.”
Para Requi�o, depois de colocar a delega��o na �ltima fileira do audit�rio de 400 lugares, o pr�ximo passo seria fazer com que os parlamentares brasileiros almo�assem na cozinha: “Era deles a festa, ent�o fomos embora. � um desprezo da chancelaria em rela��o � delega��o brasileira”.
A delega��o brasileira pretende cobrar de Jorge Taiana que ele reconsidere as palavras “irrespons�veis” que usou em rela��o ao processo de impeachment durante a sess�o plen�ria do Parlasul, que acontece hoje pela manh�. A tarde de ontem foi reservada aos encontros das comiss�es especiais do Parlamento.
‘POSTURA INDECOROSA’ Os tr�s brasileiros que permaneceram na solenidade foram os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ) e S�guas Moraes (PT-MT). Pelo Twitter, Jean Wyllys chamou de “arrogante e indecorosa” a postura dos parlamentares que se retiraram. O deputado ainda lamentou que os ausentes “perderam a chance de ouvir as autoridades do Mercosul se dizerem preocupadas com o que est� acontecendo no Brasil”.
Na sexta-feira, em Nova York, a presidente Dilma Rousseff declarou que pretende invocar a cl�usula democr�tica do Mercosul, tal como ocorreu quando o ex-presidente paraguaio Fernando Lugo foi afastado, em 2012. Se a cl�usula for ativada, o Brasil pode at� mesmo ser suspenso do bloco comercial, mas, para isso, seria necess�rio um consenso entre Uruguai, Paraguai, Argentina e Venezuela com rela��o ao rompimento da ordem democr�tica brasileira. Atualmente, a Venezuela seria o �nico pa�s a defender a puni��o do Brasil caso a presidente seja afastada pelo Senado.
Lula ataca
Em sua primeira manifesta��o p�blica depois da aprova��o do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela C�mara, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva disse ontem que a Casa � comandada por uma “quadrilha legislativa que, com a grande imprensa, implantou a agenda do caos no Brasil”. O ex-presidente acusou a oposi��o de trabalhar para “aprofundar o caos” por n�o aceitar o resultado da elei��o de 2014. Com voz rouca, Lula teve seu discurso lido pelo diretor de seu instituto e ex-ministro Luiz Dulci durante semin�rio realizado, em S�o Paulo, pela Alian�a Progressista, rede de partidos de v�rios pa�ses. “Pe�o que levem aos seus pa�ses a mensagem que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment”, disse Lula a uma plateia composta por prepresentantes da �frica, �sia, Am�rica Latina, Oceania e Europa.