Rio, 27, 27 - O empres�rio Josu� Augusto Nobre, dono da JNobre Engenharia e Consultoria Ltda., admitiu nesta quarta-feira, 27, saber que os contratos firmados com a Andrade Gutierrez e com a Aractec Engenharia, empresa do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear investigado por recebimento de propina nas obras da usina nuclear de Angra 3, eram fict�cios. O executivo contou que aceitou ser o intermedi�rio porque queria se aproximar da empreiteira e de Othon.
"Temos de um lado uma das maiores empresas do pa�s. Do outro lado, Dr. Othon com um projeto muito interessante e que, no futuro, poderia trazer algum resultado positivo para mim. E ainda tem Carlos Gallo (s�cio da CG Consultoria, que tamb�m atuou como intermedi�ria entre a Andrade e Othon) dizendo que fazia esse trabalho h� 3 anos. Ele me ofereceu ter um v�nculo com a Andrade e com a Aratec", afirmou Nobre em audi�ncia aberta na 7� Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que investiga o caso.
A JNobre recebeu R$ 1,4 milh�o da Andrade Gutierrez entre 2012 e 2013, segundo a den�ncia do Minist�rio P�blico Federal (MPF). Cerca de R$ 800 mil foram repassados � Aratec. A diferen�a correspondia a impostos e despesas operacionais, descontados do valor principal. "Eu sabia que empresa n�o prestaria nenhum servi�o � Andrade Gutierrez, nem contrataria servi�o da Aratec. Era s� para fazer o dinheiro andar. Mas n�o sabia que era dinheiro sujo", disse o executivo.
Nobre entrou no esquema por interm�dio de Carlos Gallo, dono da CG Consultoria, outra empresa usada por Othon para receber dinheiro da Andrade Gutierrez. Segundo o MPF, esses valores eram pagamentos de propina pelas obras de Angra 3.
Mais cedo, tamb�m em depoimento, Gallo admitiu ter atuado como intermedi�rio, mas n�o confirmou que os contratos firmados com a empreiteira e com a empresa de Othon eram fict�cios. Ele defendeu que realizava, de fato, estudos em cima do que era definido pela Andrade.
O dono da JNobre refor�ou mais de uma vez que aceitou o trato porque desejava ter contatos com a Andrade Gutierrez e com Othon, quem considerava um profissional renomado em sua �rea. "Estava me abrindo um leque que talvez nunca na minha vida eu tivesse essa oportunidade", disse. Ele encontrou o almirante apenas uma vez, quando foram apresentados brevemente, e nunca fechou neg�cios com a empreiteira, contou no depoimento.
Segundo Nobre, o �ltimo pagamento � Aratec ocorreu em mar�o de 2014, no valor de R$ 35 mil. Antes disso, ele havia tido problemas de sa�de e, mesmo recebendo da Andrade, n�o repassou dinheiro � empresa de Othon. "Em janeiro de 2014, Ana Cristina (Toniolo, filha de Othon e s�cia do pai) me ligou, mas n�o posso asseverar que era uma cobran�a." Depois, o empres�rio faliu e ainda ficou "devendo" dinheiro � Aratec.