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Estado de Minas

Relatos exp�em 'ci�ncia' da tortura na ditadura militar


postado em 01/05/2016 09:13

Genebra, 01 - Sess�es de espancamento acompanhadas por m�todos para prolongar o sofrimento da v�tima, um cronograma de ataques e at� um jacar� colocado em celas. No regime militar, as pr�ticas de torturas receberam um tratamento "cient�fico" por parte dos autores dos crimes, segundo relatos contidos em documentos coletados pelo Comit� Internacional da Cruz Vermelha em Genebra.

O Estado teve acesso pela primeira vez aos arquivos do Comit� Internacional da Cruz Vermelha sobre o Brasil em sua nova fase de abertura de documentos. Nos 17 mil informes registrados entre 1965 e 1975 guardados em Genebra, a entidade manteve dezenas de documentos sobre o per�odo mais sombrio da ditadura no Brasil.

No auge da repress�o no Brasil, nos anos 1970, o comit� atuou para tentar garantir os direitos humanos dos prisioneiros. Esses relatos, segundo a Cruz Vermelha, s�o uma evid�ncia do car�ter institucional que as viola��es tiveram durante o per�odo de maior brutalidade da ditadura no Pa�s. A entidade jamais foi autorizada a visitar os centros de torturas.

Os informes n�o puderam ser consultados pela Comiss�o Nacional da Verdade, que concluiu seus trabalhos em dezembro de 2014, antes de a entidade ter aberto seus arquivos.

'M�todo'

Em 21 de janeiro de 1970, o comit� apresenta documentos detalhados das pr�ticas contra prisioneiros pol�ticos, escritos em portugu�s por ex-prisioneiros ou fontes que aceitaram, de forma an�nima, repassar � entidade informa��es.

Em praticamente todos eles, � o car�ter organizado e "cient�fico" da tortura que � destacado. "A grande maioria dos presos passa por um processo de torturas f�sicas, morais e psicol�gicas. De acordo com a gravidade do caso ou a pressa em se obter informa��es, s�o colocados em cub�culo isolados, em celas isoladas ou em celas coletivas (em ordem decrescente se import�ncia)", diz o relato.

"O m�todo aplicado � o cient�fico. Baseia-se na aplica��o dosada de um sofrimento atroz dentro do limite exato da resist�ncia humana. Para tanto, os cuidados m�dicos s�o constantes, para verificar o grau de resist�ncia do torturado e evitar alguma marca permanente (loucura, fraturas, cicatrizes). Mesmo assim, em v�rios casos o limite foi ultrapassado e registram-se desequil�brios nervosos, loucura, crises card�acas, surdez", descreve. "Trata-se de uma luta para destruir - n�o a resist�ncia f�sica - mas a resist�ncia moral do preso. A press�o f�sica � apenas um ve�culo para a press�o moral. Ao mesmo tempo que se submete o preso a torturas, acena-se com o fim de tudo, se (o detido) falar."

Sequ�ncia

O ato de torturar n�o ocorria, segundo os documentos, de forma aleat�ria. "A tortura come�a sempre com um espancamento. A fase seguinte � a do choque el�trico. "O aparelho utilizado � um telefone de campanha, de magneto." O choque � aplicado simultaneamente ao "pau de arara". Num outro relato sobre os "Tipos de tortura preferidos", o documento aponta a "coloca��o de animais, como cobras, ratos e at� um jacar�, na cela dos presos".

Entre os torturadores, os relatos dos documentos da Cruz Vermelha apontam nomes citados pela Comiss�o Nacional da Verdade. Um deles � o Tenente Coutinho, "m�dico que controla cientificamente a tortura".

Nos informes da Comiss�o ds Verdade, trata-se de Jos� Lino Coutinho da Fran�a Neto. Ele prestou servi�o militar na unidade da Marinha na Ilha das Flores (RJ), em 1969 e 1970, e teve participa��o em casos de tortura. Outro � Miguel Laginestra, apontado como "torturador frio, mas que prefere que os outros fa�am o servi�o". As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.


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