
Ap�s um m�s paralisado na mesma fase do processo, o Conselho de �tica do Senado aprovou por unanimidade a cassa��o do senador Delc�dio Amaral (sem partido-MS). O processo segue agora para an�lise na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) e, em seguida, no plen�rio do Senado, que pode afastar definitivamente o senador.
Caso o Senado aprove a perda de mandato de Delc�dio, o ex-l�der do governo ser� o terceiro senador da hist�ria a ser cassado. O primeiro foi Luiz Estev�o (PMDB-DF), em 2000, e o segundo, Dem�stenes Torres (DEM-GO), em 2012.
A sess�o de hoje teve pauta expressa. Dedicada � leitura das mais de cem p�ginas do parecer do relator Telm�rio Mota (PDT-RR), os senadores pediram para pular essa etapa e seguir diretamente para o voto. "Pela proced�ncia da representa��o e, por consequ�ncia, voto pela perda de mandato do senador Delc�dio do Amaral Gomes", anunciou Telm�rio. Novamente, no intuito de acelerar o processo, os senadores abriram m�o de discutir a mat�ria e iniciaram a vota��o.
Treze senadores apoiaram o voto do relator, pedindo a cassa��o de Delc�dio. O presidente do colegiado, Jo�o Alberto Souza (PMDB-MA), como � de praxe, se absteve de votar. O presidente do PMDB, senador Romero Juc� (RR), foi a �nica aus�ncia.
Durante a vota��o, os senadores tiveram a oportunidade de justificar seu voto. Discretos, os petistas Jos� Pimentel (CE), Regina Sousa (PI) e Paulo Rocha (PA) se limitaram a dizer que seguiriam o voto do relator, pedindo a cassa��o do ex-colega de partido.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) relembrou que, quando sorteado pela relatoria, preferiu rejeitar o cargo por se considerar muito pr�ximo do senador Delc�dio. Ainda assim, em sua justificativa, ele alegou que o encadeamento dos fatos impedia que ele tomasse uma posi��o diferente nesta tarde.
Lasier Martins (PDT-RS) fez um discurso um pouco mais longo e defendeu que as a��es do senador estar�o sempre ligadas a sua vida p�blica. "N�o se pode separar a figura do amigo da figura do senador", alegou, ao proferir voto favor�vel pela cassa��o.
O presidente do conselho explicou que a Comiss�o de Constitui��o e Justi�a far� a an�lise puramente constitucional do caso, n�o competindo ao colegiado o julgamento do caso.
De acordo com a assessoria t�cnica do Senado, a comiss�o ter� at� cinco sess�es ordin�rias do plen�rio para dar o seu parecer. N�o � preciso, entretanto, usar todo o prazo. Em seguida, o processo segue para o plen�rio, onde todos os senadores poder�o votar o afastamento de Delc�dio. Nas contas do relator, Telm�rio, a vota��o deve ocorrer at� o fim do m�s de maio.
Lava-Jato
O senador Delc�dio Amaral foi preso preventivamente em 25 de novembro do ano passado, acusado de obstruir as investiga��es da Opera��o Lava Jato. A principal prova usada pela Justi�a na �poca foi o �udio de uma grava��o feita por Bernardo Cerver�, filho do ex-diretor da �rea internacional da Petrobras, Nestor Cerver�, em que Delc�dio estaria organizando um plano de fuga para o ex-executivo.
A Rede Sustentabilidade, em conjunto com o PPS, entrou com uma representa��o contra o senador Delc�dio em dezembro de 2015, pedindo a cassa��o de seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
O senador foi solto em fevereiro deste ano. Na �poca, havia movimenta��o no Conselho de �tica para salvar Delc�dio. Al�m do constrangimento dos senadores em julgar um colega que cultivava boas rela��es com diferentes setores do Senado, muitos parlamentares tamb�m temiam ter o mesmo destino, j� que pelo menos treze senadores tamb�m s�o investigados no �mbito da Lava Jato.
Os planos de isentar Delc�dio ca�ram por terra quando veio a p�blico, por meio de mat�ria da revista Isto�, o conte�do do seu acordo de dela��o. Al�m de citar a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, Delc�dio fez men��o ao presidente do PSDB, A�cio Neves (MG), e outros parlamentares.
Os pr�prios advogados de Delc�dio no Conselho de �tica, que desconheciam o acordo de dela��o, foram pegos de surpresa e deixaram o cargo. Os demais senadores se indispuseram com Delc�dio ap�s a reportagem revelar que o senador pretendia manter a dela��o em segredo at� ter seu mandato salvo no Conselho de �tica. Cresceu no Congresso o entendimento de que Delc�dio era agora r�u confesso e a cassa��o seria apenas uma quest�o de tempo.