Bras�lia, 04 - A presidente Dilma Rousseff nomeou nesta ter�a-feira o jornalista Ricardo Melo diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunica��o (EBC) para mandato de quatro anos. A escolha do novo chefe do �rg�o ocorre no momento em que a equipe do vice-presidente Michel Temer avalia, caso Dilma seja afastada, mudan�as bruscas na pol�tica de comunica��o, com o enxugamento dos custos da empresa, a diminui��o do or�amento de publicidade das estatais e o fim da contrata��o de ve�culos limitados � divulga��o de textos opinativos.
Atualmente, a empresa de comunica��o do governo possui 2.300 funcion�rios nas reda��es da Ag�ncia Brasil, TV Brasil, Portal EBC, Canal NBr e oito r�dios, incluindo a Nacional e a MEC. Em constantes movimentos de greve, empregados da EBC reclamam dos privil�gios dados pelo Planalto a um seleto grupo de 51 pessoas, entre servidores de carreira e comissionados, com sal�rios que chegam a R$ 32 mil.
Conflito
A Secretaria de Comunica��o do Governo (Secom), respons�vel pela EBC, conta hoje com pelo menos 250 funcion�rios que trabalham em gabinetes no Planalto e na Esplanada dos Minist�rios. O trabalho do ministro Edinho Silva, titular da pasta, recebe duras cr�ticas dos pr�prios petistas. Eles observam que Dilma s� passou a ter melhor presen�a no jogo do impeachment quando deixou de ouvir o ministro e passou a comandar ela mesma a comunica��o. Edinho j� estava afastado na pr�tica do gabinete presidencial quando Dilma come�ou a fazer discursos com �nfase na ilegitimidade do afastamento, na den�ncia do "golpe" e nos ataques diretos a Temer e ao presidente da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Da abertura do processo na C�mara em dezembro at� meados de mar�o, a presidente n�o se posicionou de forma clara e enf�tica, lamentam assessores pr�ximos dela.
Candidato
No prov�vel governo Temer, o jornalista M�rcio Freitas assumiria o comando da Secom. O �rg�o deve perder status de minist�rio. Assessor do vice-presidente h� 14 anos, M�rcio Freitas enfrentou, no m�s passado, um bombardeio de postulantes ao comando da pol�tica de comunica��o do novo governo.
Interlocutores do vice-presidente brincam que, diferentemente do que ocorreu nos governos petistas, a Secom n�o colocar� "arames farpados" e "minas" para impedir o trabalho de rep�rter nos eventos da Presid�ncia. Em 2005, em um evento de Lula em Vit�ria da Conquista, na Bahia, a secretaria recorreu a telas de galinheiro para delimitar a �rea destinada a jornalistas. Hoje, nos eventos de Dilma no Planalto, os assessores do governo montam cercadinhos distantes do palco e impedem a circula��o dos jornalistas nas cerim�nias.
Pelas propostas analisadas pela equipe de Temer, a verba publicit�ria dever� focar em campanhas "pedag�gicas". N�o h� ainda um diagn�stico geral da verba de publicidade e do trabalho da EBC, mas os assessores dizem estar certos de que se gasta muito e mal.
No caso de um eventual governo Temer, o cargo do novo chefe da EBC n�o est� assegurado juridicamente. Pela Lei 11.652 que cria a EBC, assinada em 2008 pelo ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, um diretor-presidente ou outros membros da diretoria executiva da empresa s� podem ser retirados do cargo nas hip�teses legais ou se receberem dois votos de desconfian�a do conselho curador, no per�odo de 12 meses, emitidos com interst�cio m�nimo de 30 trinta dias. Sindicalistas da EBC, por�m, observam que a Constitui��o, no artigo 37, estabelece a livre nomea��o e exonera��o. � a mesma situa��o de Pedro Varoni, nomeado h� 15 dias para o cargo de diretor-geral da empresa.
Protesto
Hoje, empregados da EBC fazem um protesto em rep�dio � contrata��o do jornalista Sidney Rezende para �ncora de um programa de not�cias da emissora. O contrato est� or�ado em R$ 1 milh�o por ano. Desse total, R$ 480 mil s�o para o jornalista e o restante para pagar quatro outros profissionais. "N�s orientamos a dire��o a n�o fazer essas contrata��es pela situa��o da empresa, mas a diretoria n�o deu ouvidos ao conselho de administra��o", afirmou Edvaldo Tuaio, representante dos empregados no conselho de administra��o da EBC. "Sem dem�rito do profissionalismo, � preciso observar que a empresa est� passando por dificuldades financeiras e deve mais de R$ 30 milh�es a prestadoras de servi�os e terceiros", completou. "Os empregados est�o preocupados porque o projeto da EBC n�o nasceu com finalidade pol�tica, mas com a ideia de uma TV p�blica."
A diretoria da EBC virou alvo de cr�ticas de setores internos da empresa durante o processo de impeachment. A ouvidoria da empresa chegou a ser acionada, por exemplo, contra hierarquiza��o de not�cias relativas ao PMDB. A diretoria ainda � criticada por um contrato de R$ 2,8 milh�es para cobrir neste ano a S�rie A2 do futebol paulista.
Em mar�o, a diretoria mandou cortar a transmiss�o do debate na C�mara sobre o impeachment para transmitir um ato pol�tico do ex-presidente Lula, no Rio. Membros desse mesmo setor interno da EBC acrescentam que, no 13 de mar�o, dia da maior manifesta��o contra Dilma, a TV Brasil veiculou 2h30 de protestos. J� nos dias 17, 18 e 31 de mar�o, a cobertura total foi de 12h30 dos atos a favor do governo. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.