
Mesmo com o avan�o das investiga��es da Lava-Jato sobre dirigentes peemedebistas, o vice-presidente Michel Temer cogita fazer seu primeiro pronunciamento � Na��o como presidente, ap�s o Senado decidir sobre o prov�vel afastamento da presidente Dilma Rousseff, garantindo a "blindagem" da opera��o contra eventuais press�es pol�ticas.
A inten��o de Temer, segundo interlocutores com quem o vice tem conversado nos �ltimos dias, � tratar a Lava-Jato n�o s� como a maior a��o de combate � corrup��o no Pa�s, mas como um "patrim�nio nacional" que precisa ser preservado e ter autonomia para prosseguir com suas apura��es. O objetivo com o gesto � tentar manter uma base de sustenta��o popular � sua gest�o.
Temer discutiu neste domingo, em S�o Paulo, com o publicit�rio do PMDB, Elsinho Mouco, a convoca��o de uma rede de r�dio e TV para se apresentar para o Pa�s. Uma das ideias em discuss�o � que ele, t�o logo assuma, fa�a um pronunciamento de quatro minutos no qual incluir� o compromisso do novo governo com a continuidade da Lava-Jato.
Ap�s a conversa com o publicit�rio, Temer retornou a Bras�lia no fim da tarde, para uma s�rie de reuni�es com o n�cleo de colaboradores que formar� a base de seu governo. O primeiro a chegar ao Pal�cio do Jaburu, nove minutos depois do anfitri�o, foi Henrique Meirelles, que vai assumir o Minist�rio da Fazenda no prov�vel governo peemedebista. Depois vieram Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), Romero Juc� (Planejamento) e Moreira Franco (a��es de infraestrutura).
Justi�a
Sob o risco de iniciar a gest�o com o Minist�rio incompleto, Temer dever� optar pelo secret�rio de Seguran�a P�blica de S�o Paulo, Alexandre de Moraes, para o Minist�rio da Justi�a, cargo considerado chave de um governo que ter� de acompanhar com lupa os desdobramentos das a��es judiciais que investigam corrup��o em �rg�os p�blicos. Moraes � o quarto nome da lista de op��es para o cargo - os "not�veis" ex-presidentes do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto e Carlos Velloso declinaram as sondagens e, depois, a op��o por Antonio Claudio Mariz de Oliveira acabou sendo descartada.
Moraes j� foi advogado do presidente afastado da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas entraria no governo como indica��o da ala do PSDB ligada ao governador paulista, Geraldo Alckmin. O vice tem demonstrado preocupa��o com os desdobramentos da opera��o sobre a imagem de seu eventual governo. Dias atr�s, ele tratou com um interlocutor frequente sobre o andamento das investiga��es da Lava Jato referentes ao presidente em exerc�cio do PMDB, senador Romero Juc�, seu prov�vel ministro do Planejamento. Mas, por ora, ele tem dado mostras de que bancar� a ida dele para o governo. Na semana passada, em entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo, Temer disse que n�o via "fator impeditivo" para nomear pol�ticos envolvidos na opera��o.
O pr�prio Temer j� foi citado por delatores, mas n�o � alvo de nenhum inqu�rito.
A for�a-tarefa da opera��o trabalha para ampliar provas de repasses a pol�ticos do PMDB a partir de dados de contas e empresas offshore de operadores de propinas. Est�o na mira dessa linha de apura��o Juc�, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e Cunha.
Pilares
A interlocutores, Temer tem dito que os minist�rios da Fazenda - em raz�o da recess�o econ�mica, do aumento do desemprego e da grave crise fiscal - e da Justi�a - ao qual a Pol�cia Federal, respons�vel pela Lava-Jato, est� subordinada - ser�o dois dos pilares da sua gest�o. Sua inten��o � convencer a opini�o p�blica de que vai garantir autonomia para a Pol�cia Federal prosseguir em suas investiga��es, ainda que eventualmente atinja correligion�rios.
A desconfian�a em rela��o �s a��es anticorrup��o em um eventual governo do peemedebista tem sido alvo de reclama��es de que, uma vez no Planalto, ele trabalhar� para abafar a Opera��o Lava-Jato.
H� duas semanas, o vice desistiu de escolher o amigo Ant�nio Claudio Mariz de Oliveira para o comando do Minist�rio da Justi�a, ap�s o criminalista ter feito cr�ticas ao instituto das dela��es premiadas, base das investiga��es da Lava Jato. No ano passado, Mariz, que advogou para Temer quando ele foi citado na Lava Jato, j� havia subscrito um manifesto cr�tico aos m�todos da opera��o.
Sa�de
O blog da coluna Direto da Fonte, de Sonia Racy, informou que um grupo de m�dicos se reuniu neste domingo em S�o Paulo e avalizou a indica��o do deputado Ricardo Barros, do PP do Paran�, para o Minist�rio da Sa�de. O nome de Barros j� teria o ok de Temer.