Bras�lia, 09 - Em sess�o que ouviu o senador Delc�dio Amaral (sem partido-MS), senadores tucanos bancaram tese da defesa, que pede a suspens�o do processo de cassa��o do ex-l�der do governo. A estrat�gia da oposi��o � manter o processo de Delc�dio vivo no Senado e abrir espa�o para mais acusa��es contra o governo e contra o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, j� que foi inclu�da no processo, na �ltima semana, den�ncia da Procuradoria-Geral da Rep�blica contra o ex-presidente. A Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) aprovou a suspens�o do processo at� quinta-feira, 12, prazo m�ximo para vota��o no colegiado conforme regimento da Casa.
Ap�s apelo da defesa do senador, um requerimento apresentado pelo tucano Aloysio Nunes (PSDB-SP) pediu a suspens�o do processo de cassa��o de Delc�dio at� que o Senado tivesse acesso aos novos fatos inclu�dos no processo do senador. O aditamento foi feito pelo Procurador-Geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, na �ltima ter�a-feira, 3, alegando que Lula, o pecuarista Carlos Bumlai e seu filho, Maur�cio, tamb�m tiveram participa��o na tentativa de compra de sil�ncio do ex-diretor da �rea internacional da Petrobr�s, Nestor Cerver�.
O pedido de Aloysio Nunes foi endossado por uma fileira de outros tucanos, que pediram a palavra para apoiar o adiamento da vota��o contra Delc�dio. Entre eles, o relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Antonio Anastasia (PSDB-MG), e o relator do pr�prio processo de Delc�dio na CCJ, Ricardo Ferra�o (PSDB-ES), que j� havia apresentado relat�rio a favor da constitucionalidade da cassa��o de Delc�dio.
"Evidentemente esse aditamento traz o chamado fato novo, fundamental para a defesa. E o princ�pio da defesa, n�s n�o podemos, ainda mais num processo com essas caracter�sticas, desprez�-lo", disse Anastasia. No m�s passado, o Estad�o adiantou que tucanos negociavam com Delc�dio sua vinda ao Senado para refor�ar acusa��es contra o governo �s v�speras da vota��o do impeachment de Dilma e, ao mesmo tempo, aliviar as cita��es que fez em dela��o premiada sobre o presidente do PSDB, A�cio Neves (MG).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou a decis�o como "temer�ria". Para ele, o aditamento ao processo de Delc�dio n�o traz fatos novos, mas apenas novos atores. Ele argumenta que o processo que analisa a quebra de decoro n�o � penal e que a grava��o em que Delc�dio supostamente tra�a um plano de fuga para Cerver� � suficiente para an�lise no Senado, independentemente do andamento no STF.
Para o senador Delc�dio Amaral, a decis�o da CCJ foi "did�tica". Ele admitiu que cometeu erros, mas que n�o pode lhe ser negado o direito de defesa e que, para que esse direito seja pleno, seus advogados precisam ter conhecimento da inclus�o de fatos novos ao processo. Ainda de acordo com o senador, a cassa��o � a puni��o mais severa do Senado e n�o condiz com os erros que ele cometeu. Ele pede uma puni��o mais branda, como uma suspens�o provis�ria.
Impeachment
Com o adiamento da decis�o, Delc�dio garante a continua��o do seu mandato at� a pr�xima quarta-feira, 11, data prevista para a vota��o do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O senador, que foi l�der do governo Dilma, demonstrou total interesse em participar da vota��o e confirmou voto pelo afastamento da petista. "Se me permitirem, votarei no impeachment com muito prazer."
A situa��o causou revolta no plen�rio do Senado, onde o presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), comparou a decis�o a um espet�culo. Renan trabalhou durante a �ltima semana para garantir que Delc�dio fosse cassado antes da vota��o do impeachment de Dilma Rousseff, um pedido que a pr�pria presidente teria feito a ele. O peemedebista chegou a amea�ar n�o realizar a vota��o do afastamento de Dilma se a cassa��o de Delc�dio n�o fosse apreciada antes.
Fuga
Delc�dio Amaral voltou pela primeira vez ao Senado nesta segunda-feira, 9, mais de cinco meses ap�s ser preso preventivamente, acusado de obstruir as investiga��es na opera��o Lava Jato. Ele participou da sess�o da CCJ destinada � vota��o de parecer em favor da legalidade de sua cassa��o. Ele pediu desculpas ao povo brasileiro e tamb�m ao povo do seu Estado, Mato Grosso do Sul.
O senador admitiu que cometeu erros e falou sobre o suposto plano de fuga que teria tra�ado para Cerver�. De acordo com Delc�dio, o plano � "mirabolante" e suas falas na grava��o, que � base para o seu processo de cassa��o, foram "absurdas e inconsequentes". De toda forma, ele argumenta que o plano n�o se concretizou e n�o existem provas que ele tenha agido por isso. Ele se emocionou e chegou a chorar ao falar sobre as filhas e tamb�m se disse "feliz" em voltar ao Senado e rever as pessoas.