Eduardo Milit�o
Bras�lia – O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) se tornou r�u na Opera��o Lava-Jato ontem. O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, S�rgio Fernando Moro, recebeu den�ncia contra ele e mais oito acusados. Entre eles, est�o o filho do ex-parlamentar; Val�rio Neves e Paulo Roxo, apontados como operadores, empreiteiros e executivos. No entanto, o magistrado rejeitou a acusa��o do Minist�rio P�blico contra o presidente afastado do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o funcion�rio dele Cl�udio Melo Filho.
A Procuradoria denunciou Gim por corrup��o passiva, concuss�o, lavagem de dinheiro e pertin�ncia a organiza��o criminosa. O ex-senador est� preso em Pinhais (PR). Foi detido na 28ª fase da Lava-Jato, batizada de “Vit�ria de Pirro” em 12 de abril. Segundo as investiga��es, Gim pediu dinheiro a empreiteiros para que eles n�o fossem convocados a depor nas duas CPIs da Petrobras que aconteciam no Congresso em 2014. Numa delas, o ex-senador era o vice-presidente. Foram mais de 15 requerimentos de convoca��o de executivos n�o votados pelas comiss�es de inqu�rito.
“H� provas decorrentes de depoimentos de criminosos colaboradores conjugados com provas documentais de pagamentos, al�m de mensagens eletr�nicas que indicam a cobran�a e o pagamento da vantagem indevida”, disse Moro, ao receber a den�ncia. Gim pediu R$ 5 milh�es a sete empreiteiras: UTC, OAS, Odebrecht, Toyo Setal, Engevix, Camargo Corr�a e Andrade Gutierrez – total de R$ 35 milh�es.
No entanto, s� as primeiras quatro fizeram os pagamentos, no valor total de R$ 7,7 milh�es e mais 200 mil euros em esp�cie. No caso da Camargo, o dinheiro foi “exigido”, raz�o pela qual o ex-senador foi acusado de concuss�o, e n�o corrup��o. A Engevix e a Andrade n�o prometeram pagar o suborno, segundo o Minist�rio P�blico, que pede R$ 70 milh�es em ressarcimento na a��o.
Padre Moro autorizou tamb�m abertura de inqu�rito policial para avaliar se o padre Moacir Anast�cio teve ou n�o participa��o nos crimes. Parte dos valores obtidos por Gim — R$ 350 mil doados pela OAS — foram entregues a uma par�quia em Taguatinga, no Distrito Federal.
Moro entende que uma mensagem do celular do presidente afastado da OAS, Leo Pinheiro, � ind�cio de que Gim lavou dinheiro do esquema de desvios da Petrobras. Em 14 de maio de 2014, dia da instala��o da CPI da Petrobras no Senado, o executivo manda uma mensagem para dois subordinados, Dilson de Cerqueira e Roberto Zardi. Ele diz: “Preciso atender uma doa��o. Para: Par�quia S�o Pedro. Valor R $350.000 Centro de custo: Obra da Renest (sic) — Projeto Alco�lico”. A Rnest � a sigla para a Refinaria da Petrobras Abreu e Lima, em Pernambuco. “Alco�lico” seria o codinome de Gim, num trocadilho com a bebida semelhante a seu apelido.
O advogado de Gim, Marcelo Bessa, disse que ontem que n�o comentaria o caso. Mas ele j� afirmou, em recurso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Regi�o, que o ex-senador n�o teve participa��o em quaisquer crimes. Destacou ainda que a acusa��o do MPF n�o tem sentido porque, sozinho, o pol�tico n�o poderia proteger os empreiteiros da a��o dos demais parlamentares das duas CPIs da Petrobras.