Ontem n�o foi um dia f�cil, nem para o Batman. O manifestante que se vestiu como o super-her�i, no Centro do Rio de Janeiro, resolveu circular entre apoiadores da Frente Brasil Popular e acabou escoltado pela Pol�cia Militar, pois n�o apenas defendia o impeachment, como provocava a fac��o contr�ria. Incidentes como esse pipocaram pelo pa�s, inclusive em S�o Paulo, onde a PM tamb�m precisou intervir, e em Belo Horizonte, que teve engarrafamento, protestos paralelos e clima tenso em torno do acampamento dos manifestantes pr�-Dilma na Pra�a da Liberdade.
N�o era domingo e a vota��o no Senado estava prevista para acontecer de madrugada. Talvez por isso aquela sensa��o de “o Brasil parou” n�o tenha sido t�o intensa como no dia 17 do m�s passado, quando a C�mara dos Deputados autorizou a abertura do processo de impeachment contra a presidente. Essa quarta-feira n�o deixou de ser um dia hist�rico para o pa�s, mas o brasileiro pouco alterou sua rotina. Houve mobiliza��es significativas por toda parte, � claro, embora em menor propor��o, com menos foguet�rio.
Em Bras�lia, por exemplo, o n�mero de manifestantes (contra e a favor do impeachment) que deram as caras na Esplanada dos Minist�rios foi menor do que o visto no dia da vota��o na C�mara dos Deputados. Nem tel�o do lado de fora, para acompanhar o debate, tinha. Nos gabinetes, assessores e ministros passaram o dia organizando mudan�a no Planalto. Malas, caixas e sacos de lixo com pap�is picotados eram levados a toda hora.
Nas redes sociais, pol�tica foi o assunto do dia e, al�m dos habituais “comentaristas de plant�o”, n�o faltaram piadas e memes de ambos os lados. Nesse sentido, o �pice foi, sem d�vida, o dente de Renan Calheiros (PMDB-AL). Ou seria um chiclete?
Naquele momento, pouco mais de 20 dos 68 senadores inscritos haviam se pronunciado. Cada um deles teve direito a falar na tribuna do Senado por at� 15 minutos. De fato, foi um dia longo e o atraso de uma hora no in�cio da sess�o (inicialmente prevista para 9h) foi um dos fatores que fizeram Calheiros prever que os trabalhos avan�ariam pela madrugada, contr�rio sua pr�pria previs�o de encerramento �s 22h.
Um dos motivos do atraso foi a tentativa do governo de anular o processo de impeachment ao impetrar mandado de seguran�a no Supremo Tribunal Federal (STF) – a Advocacia-Geral da Uni�o (AGU) pediu suspens�o da vota��o de ontem. Esperava-se que a decis�o do ministro do STF Teori Zavascki fosse divulgada antes mesmo das 9h, o que n�o ocorreu. A manobra governista foi frustrada e esse foi apenas um dos lances que fizeram de ontem n�o apenas um dia agitado, mas tenso.
Paralelamente, por exemplo, o presidente interino da C�mara dos Deputados, Waldir Maranh�o (PP-MA) continuou resistindo em renunciar � vaga que ocupou em fun��o do afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Constrangimento geral foi causado por ele ter anulado as sess�es do processo de impeachment na C�mara dos Deputados, e, depois, anulado esta anula��o – tudo ocorreu esta semana. Negocia-se que ele pe�a licen�a do cargo para assumir secretaria no Maranh�o e � prov�vel que ele se pronuncie hoje.
No fim da noite, j� eram 70 os senadores inscritos para a tribuna e pouco mais da metade deles havia se pronunciado. A essa altura, o d�lar havia fechado em queda em rela��o ao real (R$ 3,4456 na venda) pelo segundo dia consecutivo. Na opini�o de alguns especialistas, caso Michel Temer assuma a Presid�ncia, o mercado financeiro reagiria de forma positiva, especialmente por causa da indica��o do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, para o Minist�rio da Fazenda.