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Estado de Minas

Relembre os �cones culturais da era PT


postado em 12/05/2016 11:49

Bras�lia, 12 - Zez� di Camargo e Luciano correram o Pa�s realizando showm�cios para o ent�o candidato Luiz In�cio Lula da Silva. Apesar do r�tulo "sertanejo", a dupla tinha (e tem) o poder de gerar empatia nas mais diversas classes sociais. Com eles no palanque, insinuava-se um governo de "centr�o", uma grande concilia��o nacional, sem sustos ou ousadias polif�nicas. N�o � toa, sa�a de cena o sapo barbudo e entrava o Lulinha Paz e Amor. "� o amor/ Que mexe com minha cabe�a/ E me deixa assim/Que faz eu pensar em voc�/E esquecer de mim/Que faz eu esquecer/ Que a vida � feita pra viver..."

Mesmo a escolha de um "medalh�o" para o Minist�rio da Cultura seguia o plano original de um projeto agregador. Como artista, Gilberto Gil professava (professa) o Tropicalismo, movimento que instituiu a mistura de estilos e formas como principal virtude - assim como foi tropicalista o que um dia conhecemos como base aliada. Se a Tropic�lia misturava rock, m�sica brega, forr� e outros que tais, o governo petista ia de PL, PTB, PMDB, PP e quase o baile todo. Antropofagia pura.

A meta conciliadora sofreu seu primeiro rev�s quando o Minist�rio da Sa�de chamou a cantora Kelly Key para estrelar uma campanha de preven��o � aids. Com o hit Baba Baby, o medo de um PT subversivo agitava-se nas profundezas de um eleitor ressabiado. Com o advento dos "comentaristas de internet" (fen�meno que cresceu nos 13 anos de governo petista), a escolha de Kelly Key foi tratada como "apologia � pedofilia" ou "coisa de comunista".

Na seara musical, � preciso destacar o funk. O movimento se beneficiou das principais bandeiras petistas, como o aumento do cr�dito, do poder de consumo e da cria��o de uma nova classe m�dia. O Pa�s entrou no batid�o da m�sica desbocada, sensual, sexual e consumista. No limite, traduziu-se como "funk ostenta��o" - o funk das correntes de ouro, dos carr�es e do Plaque de 100 (MC Guime).

Foi esse g�nero musical que serviu como trilha sonora para os chamados "rolezinhos", que consistiam na tomada de espa�os p�blicos ou privados pela garotada da periferia. Na televis�o, o programa Esquenta, apresentado por Regina Cas�, foi o que melhor captou esse momento. Vendia-se a ideia de que, finalmente, o pobre havia desembarcado no para�so.

Tem quem considere o funk machista, mas foi justamente dele que nasceram os gritos feministas do governo Dilma Rousseff. Dif�cil pensar em algo mais empoderado do que Anitta cantando "Prepara, que agora � a hora do show das poderosas..." Ou o hino do feminismo funk, Beijinho no Ombro, cantado por Valesca Popozuda ("Desejo a todas inimigas vida longa...").

Os anos petistas tamb�m foram da m�sica festeira e aer�bica. Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho e Michel Tel� (Ai Se Eu Te Pego foi a Garota de Ipanema desse per�odo). Assim, sobrou para o rock fazer oposi��o. Nomes como Lob�o e Roger (Ultraje a Rigor) s�o mais lembrados hoje como cr�ticos do PT do que como m�sicos. A defesa roqueira do governo ficou a cargo de Tico Santa Cruz.

O cineasta preferido do per�odo foi Fernando Meirelles. Embora Cidade de Deus tenha estreado no �ltimo ano do governo FHC, o "Dadinho � o caralho, meu nome agora � Z� Pequeno, porra" ecoaria por todo o governo Lula. Meirelles tamb�m foi o escolhido para ser o diretor da abertura da Olimp�ada. Apesar do prest�gio, o acontecimento cinematogr�fico organicamente ligado ao per�odo � Tropa de Elite, do diretor Jos� Padilha. Se por um lado Capit�o Nascimento foi o catalisador das nossas frustra��es e nosso desafogo contra a impunidade, por outro escancarou nossa face mais conservadora. Com o carism�tico capit�o, aplaudimos cenas de tortura (saco pl�stico na cabe�a) e consideramos os direitos humanos um obst�culo � obten��o da justi�a. Wagner Moura ser� o ator mais lembrado desse per�odo.

Web

Ineg�vel que a internet foi a forma de comunica��o que mais avan�ou nos �ltimos 13 anos. Com ela, novos nomes surgiram no cen�rio midi�tico e cultural. K�fera, Felipe Neto, Jout, Jout, Chris Figueiredo e outros invadiram nossos celulares. Quem antes era espectador e consumidor de cultura virou tamb�m produtor de conte�do cultural. A gera��o dos youtubers (filhos leg�timos da era petista) n�o demorou a invadir o mercado publicit�rio e at� editorial (K�fera hoje escreve best-sellers).

O mesmo movimento favoreceu o sucesso dos reality shows. Apesar de o Big Brother Brasil ter come�ado ainda no governo FHC, foi no per�odo petista que o programa ganhou musculatura e formou uma multid�o de subcelebridades. A fama ao alcance do cidad�o comum � um legado inequ�voco dos �ltimos 13 anos. No mesmo esp�rito "fa�a voc� mesmo", ganharam import�ncia os realities de culin�ria - destaque para o Master Chef e suas deriva��es.

A internet tamb�m serviu de trampolim a uma turma que proliferou com voracidade nos �ltimos anos: os artistas stand-up comedy. Feito Gremlins, eles se multiplicaram e ocuparam qualquer espa�o razoavelmente habit�vel. Falar, ser engra�ado e tentar ser engra�ado era a miss�o da maioria deles. Uma adapta��o da famosa frase de Mill�r Fernandes se encaixaria bem aqui: "Jornalismo � oposi��o. O resto � armaz�m de secos e molhados". Troque jornalismo por humor e tenha escancarado o grande n� do setor nos �ltimos anos. N�o por acaso muitos humoristas sa�ram deste governo com a pecha de direitistas. Destacaram-se na arte de fazer rir Marcelo Adnet, Rafinha Bastos, o Porta dos Fundos, o Sensacionalista e programas como P�nico e CQC. A informalidade parece ter virado regra na televis�o. O apresentador Tiago Leifert foi a pedra fundamental desse movimento.

A novela que marcou o per�odo foi Avenida Brasil, que entrou para a hist�ria da teledramaturgia ao escancarar nosso relativismo �tico. O "oi, oi, �!" da abertura n�o ser� esquecido t�o cedo - bem como a performance de Adriana Esteves (como Carminha) e Jos� de Abreu (que tamb�m se dedicou aguerridamente � defesa do PT). Ainda sobre novelas, vale lembrar do ator Alexandre Nero. Sua capacidade em interpretar personagens complexos fez dele um retrato reconhec�vel da realidade do Pa�s.

Mas foi-se o amor. Nas �ltimas elei��es, Zez� di Camargo apoiou A�cio Neves...

E agora o PT vai tentar se refazer ouvindo With a Little Help From My Friends.


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