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Estado de Minas

Jornais estrangeiros mostram reservas com processo de impeachment


postado em 13/05/2016 11:49 / atualizado em 13/05/2016 12:12

Nova York e Londres - Jornais estrangeiros dedicaram espa�o em seus editoriais para falar da situa��o pol�tica no Brasil nesta sexta-feira, 13, um dia depois de Michel Temer assumir interinamente a Presid�ncia da Rep�blica. O brit�nico "The Guardian" e o americano "The New York Times" criticaram o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O "Financial Times" classificou o afastamento como "longe de ser perfeito", mas destacou que, se Temer conseguir colocar a economia de volta aos trilhos e continuar com a luta contra a corrup��o, "deixar� um legado consider�vel".

NYT


Em um editorial publicado nesta sexta-feira, o "The New York Times" afirma que Dilma Rousseff paga um pre�o "desproporcionalmente alto" por erros administrativos que cometeu, enquanto v�rios de seus maiores detratores s�o acusados de crimes mais flagrantes. Com o t�tulo "Fazendo a crise pol�tica piorar", o editorial do maior jornal dos Estados Unidos defende que os brasileiros deveriam ter o direito de eleger um novo presidente.

O Times avalia que Dilma pode ter sido uma governante "ruim" e uma l�der "decepcionante", mas foi eleita duas vezes nas urnas e n�o h� evid�ncia de que ela tenha usado seu cargo para enriquecimento pessoal, enquanto outros pol�ticos que a acusam e orquestraram a sa�da da presidente est�o envolvidos em esc�ndalos de corrup��o e recebimento de propinas. Muito da ira destinada a Dilma pode se voltar agora para os pol�ticos em Bras�lia acusados de corrup��o, ressalta o texto.

Para o Times, o ideal seria que fossem realizadas novas elei��es. "O Brasil est� se recuperando da pior recess�o desde 1930 e agora a crise pol�tica est� reduzindo a f� na sua jovem democracia", afirma o jornal no editorial. O texto ressalta ainda que o presidente em exerc�cio Michel Temer foi condenado pela Justi�a eleitoral e est� ineleg�vel por oito anos e que o ent�o presidente da C�mara, Eduardo Cunha, que aceitou o pedido de impeachment de Dilma, foi afastado por den�ncias de corrup��o.

A foto de Dilma aparece na capa do New York Times nesta sexta-feira, em uma reportagem contando os acontecimentos desta quinta-feira, 12, no Brasil, com a posse de Temer. O jornal d� destaque para o fato de o minist�rio do peemedebista ser composto apenas por homens e que seu governo pode representar uma guinada para a direita, como tem acontecido com outros pa�ses da Am�rica Latina, como Argentina e Paraguai.

O Times dedica duas p�ginas da edi��o para falar da situa��o pol�tica do Brasil. Em uma das reportagens, conta a hist�ria do PT, destacando que o impedimento p�e fim a 13 anos do partido no poder. O texto destaca a alta popularidade do partido durante o governo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que despencou ap�s um sucess�o de esc�ndalos e uma crise econ�mica.

Guardian

Em um texto duro, o Guardian disse que o sistema pol�tico � que deveria ser julgado, e n�o a presidente da Rep�blica. Segundo o jornal, o deveria ter uma profunda reforma para tornar o sistema mais funcional e honesto, mas lamenta que a equipe ministerial apresentada na quinta, 12, mostra que � "muito duvidoso" que o governo Michel Temer dar� esse salto.

O Guardian diz que o sistema pol�tico brasileiro � t�o disfuncional que a corrup��o � "praticamente inevit�vel" para a governabilidade. "Dilma herdou esse legado infeliz e come�ou a perder o controle em um per�odo de decl�nio econ�mico e quando a corrup��o, gra�as � pol�cia e a promotores independentes, come�ava a se tornar um esc�ndalo de propor��es crescentes". O texto tamb�m cita que houve machismo e ressentimento da direita que nunca aceitou a ascens�o de Luiz In�cio Lula da Silva e do PT.

"O elemento t�xico final na crise foi a percep��o de muitos pol�ticos que os procuradores poderiam pegar mais e mais deles e uma maneira de evitar ou minimizar essa possibilidade poderia ser distrair a aten��o e tomar o controle pol�tico com o processo de impeachment da chefe de Estado", cita o editorial. O Guardian diz que "a ironia � que muitos dos acusadores s�o acusados e por pecados piores". O texto cita o presidente afastado da C�mara Eduardo Cunha e lembra que Dilma n�o � acusada nem investigada por corrup��o.

Diante desse quadro, o Guardian defende que "o que deveria estar em julgamento acima de tudo � o modelo pol�tico brasileiro que falhou". O texto lembra a infinidade de partidos pol�ticos existentes e a incongru�ncia de um sistema que elegeu Dilma como presidente com a maioria dos votos, mas deu 20% dos assentos ao partido do chefe do Executivo.

Para conseguir governar, ent�o, o Executivo oferece cargos para atrair partidos para sua base, o que dificulta a formula��o de pol�ticas, j� que muitas vezes os grupos indicam nomes incompetentes, cita o texto. "Para piorar, at� mesmo os grandes partidos n�o podem levantar dinheiro suficiente das fontes leg�timas para fazer a campanha em um pa�s enorme e com muitos n�veis de governo. As elei��es brasileiras s�o t�o caras como as norte-americanas", diz o editorial, que menciona que, no caso do PT e outros partidos, a Petrobras foi usada como fonte de recursos.

"O novo governo brasileiro deveria iniciar uma mudan�a constitucional radical que pudesse fazer a pol�tica mais funcional e honesta. Mas saber se o novo governo que o vice-presidente Michel Temer est� montando ser� capaz de dar esse salto �, infelizmente, muito duvidoso", diz o Guardian.

FT

O editorial do FT diz que o processo de impeachment tem controv�rsias, mas que Temer pode deixar um legado na Presid�ncia da Rep�blica. O peemedebista enfrentar�, segundo o jornal, uma "tarefa assustadora", com uma crise tripla: econ�mica, �tica e pol�tica. No topo das prioridades, o FT diz que est� a situa��o da economia. A nomea��o de Henrique Meirelles para o Minist�rio da Fazenda e o rumor de que o economista-chefe do Ita� Ilan Goldfajn pode ir para o Banco Central s�o "encorajadores", diz o jornal, que avalia a equipe econ�mica como "digna de confian�a".

O editorial argumenta que nomes como Meirelles e Goldfajn podem gerar um choque positivo nas expectativas, o que j� ajudaria a reduzir os pr�mios de risco e o custo do cr�dito para o Brasil. O FT diz que � um bom come�o, mas ainda muito longe das reformas estruturais que o Brasil precisa executar para religar a economia.

Sobre a crise �tica, o FT lembra que a Opera��o Lava Jato pesa sobre boa parte do Congresso e at� sobre o pr�prio Temer. Por isso, o editorial defende que o presidente em exerc�cio "deve permitir que as investiga��es continuem seu curso". "Mesmo se isso o deixar exposto. Qualquer coisa diferente vai correr o seu j� magro apoio popular".

O editorial diz ainda que � preciso enfrentar o problema pol�tico que torna o Brasil "uma das democracias presidenciais mais fragmentadas e complexas do planeta". Sobre esse t�pico, por�m, o FT diz que a tarefa � para o pr�ximo presidente da Rep�blica, que ser� eleito em 2018.

Ao reconhecer a controv�rsia sobre a argumenta��o jur�dica que baseia o processo de impeachment, o FT admite que o resultado do desdobramento da crise pol�tica visto na quinta, 12, "est� longe de ser perfeito". "Se ele conseguir colocar a economia em uma trajet�ria mais segura e deixar que o combate � corrup��o continue, deixar� para tr�s um legado consider�vel. H� muitos 'se', mas n�o � inconceb�vel que ele conseguir� transformar em realidade".


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