O jornal O Estado de S., Paulo obteve com exclusividade um e-mail enviado pela miss�o de Cuba perante �s Na��es Unidas para mais de uma dezena de organismos internacionais, alertando para o "golpe" no Brasil.
Na mensagem datada de 15 de maio, o governo cubano descreve o conte�do da declara��o como sendo "sobre o golpe do Estado parlament�rio e judicial no Brasil".
Em anexo, os diplomatas que abriam o documento podiam ler a declara��o assinada em Havana no dia 12 de maio e j� publicada que acusava Temer de ter "usurpado o poder", apoiado pela "grande imprensa reacion�ria e o imperialismo".
"Dilma, Lula, o PT e o povo do Brasil contam e contar�o sempre com toda a solidariedade de Cuba", indicou a nota, que ainda denuncia as "manobras" da "oligarquia" e a "contraofensiva reacion�ria".
O e-mail com a declara��o foi direcionado para altos dirigentes da Organiza��o Internacional do Trabalho, Organiza��o Mundial do Com�rcio, para o Comit� Internacional da Cruz Vermelha, para a secretaria da ONU, Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Organiza��o Mundial da Sa�de, Uni�o Internacional de Telecomunica��es, UNAids, para o Programa da ONU para o Desenvolvimento e para o Programa da ONU para o Meio Ambiente, al�m de v�rias outras.
Tamb�m receberam a nota a Secretaria da Conven��o sobre Mudan�as Clim�ticas, a Organiza��o da Confer�ncia Isl�mica, membros do alto escal�o do governo su��o e dezenas de outros diplomatas.
O governo cubano tem como h�bito fazer circular algumas das declara��es assinadas em Havana por entidades. Mas pelo menos quatro dos funcion�rios do alto escal�o da ONU que receberam o e-mail admitiram � reportagem que nunca tinham recebido uma mensagem do governo cubano. No s�bado, 14, a imprensa internacional com sede nas Na��es Unidas j� havia recebido a mesma declara��o. As comunica��es dos diplomatas cubanos com os jornalistas, por�m, s�o frequentes.
O Itamaraty enviou na sexta-feira a todos os Minist�rios de Rela��es Exteriores de pa�ses com os quais mant�m rela��es uma nota para informar que Dilma foi afastada em um processo que segue a lei e a Constitui��o. A preocupa��o do governo Temer � desconstruir a vers�o de que houve um "golpe de Estado" no Brasil, divulgada por Dilma, por seus aliados e pelos petistas.
O Estado de S. Paulo apurou que o pr�prio secret�rio-geral da ONU, Ban Ki Moon, tratou do assunto quando esteve, na quinta-feira, 12, em uma visita oficial a Portugal. Por meio de seu porta-voz, ele indicou que "confiava" que os processos democr�ticos no Brasil seriam respeitados.
No Parlamento Europeu, o deputado Francisco Assis indicou que a mudan�a de governo no Brasil n�o foi alvo de um questionamento "nem mesmo pela extrema-esquerda". "Todos sabem que o Brasil n�o � a Venezuela."
Respostas
Na sexta-feira, Serra havia emitido duas notas � imprensa repudiando as declara��es dos pa�ses vizinhos que atacaram o processo de impeachment. Em nota, a assessoria de imprensa do gabinete criticou a Uni�o das Na��es Sul-americanas (Unasul) e governos da Venezuela, Cuba, Bol�via, Equador e Nicar�gua. O posicionamento inaugura a nova pol�tica externa do governo Michel Temer.
No mesmo dia, o presidente da Venezuela, Nicol�s Maduro, anunciou, durante a reuni�o do Conselho de Ministros, que solicitou o retorno a Caracas do embaixador venezuelano no Brasil, Alberto Castellar, em raz�o do afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Um dos alvos das cr�ticas feitas pelo Itamaraty � o secret�rio-geral da Unasul, Ernesto Samper, que, segundo comunicado, qualificou de maneira equivocada o funcionamento das institui��es brasileiras.
"Os argumentos apresentados, al�m de err�neos, deixam transparecer ju�zos de valor infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro. Al�m disso, transmitem a interpreta��o absurda de que as liberdades democr�ticas, o sistema representativo, os direitos humanos e sociais e as conquistas da sociedade brasileira se encontrariam em perigo. A realidade � oposta", diz a nota.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, foi o presidente em exerc�cio Michel Temer que aprovou a decis�o de Serra de manifestar rep�dio �s cr�ticas.