O delegado conta que pediu sua desfilia��o em dezembro de 2003, quando tomou posse na Pol�cia Federal. No sistema de registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) consta que a desfilia��o, a pedido de Sobral, foi efetivada em maio de 2004. A Justi�a Eleitoral, por�m, tamb�m registra que houve uma desfilia��o de Sobral, por motivo judicial, em maio de 2007.
Questionado sobre a duplicidade, o delegado explicou que pediu o afastamento da sigla quando entrou na PF, e o processo de desfilia��o na Justi�a Eleitoral demorou alguns meses para ser conclu�do. Ele disse que o segundo afastamento nos registros do TSE pode ser consequ�ncia de um erro administrativo do PT de Ribeir�o Preto que, diz, teria sido corrigido pela pr�pria Justi�a Eleitoral.
Sobral conta que se filiou ao PT para ajudar a ent�o campanha de seu pai, Jos� Carlos Sobral (morto em 2010), para o cargo de vereador em Ribeir�o Preto pelo Partido dos Trabalhadores. "Naquela �poca a campanha de vereador era muito familiar, �ramos n�s, eu, meu irm�o, minha m�e e os amigos, todo mundo se filiou e passou a participar da campanha", disse.
Naquele ano seu pai n�o conseguiu se eleger. Em 2000, contudo, ele saiu vitorioso e virou vereador na mesma �poca em que Antonio Palocci (PT) exercia seu segundo mandato de prefeito da cidade. Atualmente investigado na Lava Jato, Palocci n�o concluiu o mandato para assumir o Minist�rio da Fazenda no governo Lula, em 2003.
Segundo Sobral, seu pai nunca exerceu cargo na gest�o de Palocci, "sendo inclusive do grupo pol�tico dentro do PT contr�rio ao ex-ministro". Desde que assumiu o cargo de delegado, Sobral j� est� h� 13 anos longe de Ribeir�o Preto, sua cidade natal, tendo atuado na PF em Rond�nia e em Bras�lia nos �ltimos dez anos.
A ADPF foi respons�vel por organizar nesta segunda-feira, 30, a elei��o da categoria para a escolha da lista tr�plice de delegados a ser encaminhada ao ministro da Justi�a Alexandre de Moraes e ao presidente em exerc�cio Michel Temer (PMDB) para que ele possa escolher um substituto ao atual diretor-geral da Pol�cia Federal, Leandro Daiello, que ocupa o cargo desde o primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2011.
A rigor, a escolha do chefe da PF � uma atribui��o do Executivo, mas desde 2014 os delegados da corpora��o defendem a elei��o de uma lista tr�plice para orientar a decis�o do presidente, da mesma forma como ocorre com a elei��o para indicar o procurador-geral da Rep�blica.
A mais votada pela elei��o, que agitou a PF mas n�o agrada o governo Temer, foi a delegada Erika Marena, que atua nas investiga��es da Opera��o Lava Jato em Curitiba. Na elei��o podem participar todos os delegados da Pol�cia Federal, inclusive os que n�o s�o filiados a ADPF.
Para Sobral, o fato de ter sido filiado ao PT n�o prejudica em nada a defesa da lista tr�plice, uma demanda, segundo ele, apoiada pela categoria em todo o Pa�s. "A decis�o de fazer a lista tr�plice � uma decis�o da categoria adotada em Congresso nosso em 2014 e que j� foi ratificada por todos os delegados", afirma ele, lembrando que o atual diretor-geral da PF � Leandro Daiello, que foi reconduzido ao cargo ap�s a reelei��o de Dilma em 2014.
"N�o tem qualquer rela��o pol�tico-partid�ria, mesmo porque quem indicou o Leandro Daiello foi o PT", disse o delegado lembrando que partiu da pr�pria ADPF a proposta de sugerir uma mudan�a na dire��o-geral da PF apoiada pela categoria com a chegada de Michel Temer provisoriamente na Presid�ncia.
Com os avan�os da Lava Jato sobre s principais nomes do PT e de outros partidos, o PT tem criticado de forma agressiva a PF. Em um dos grampos da opera��o, pr�prio ex-presidente Lula aparece atacando os federais e a chamada "Rep�blica de Curitiba", em refer�ncia � cidade sede da Lava Jato. Tamb�m com seus principais pol�ticos na mira da opera��o, o PMDB � outra sigla que n�o � entusiasta da proposta, que desagrada o governo interino de Michel Temer (PMDB).