Porto Alegre, 03 - A presidente da Rep�blica afastada, Dilma Rousseff, afirmou que o governo do presidente em exerc�cio, Michel Temer, tomou uma medida para restringir seu direito de viajar no avi�o da For�a A�rea Brasileira (FAB) que a tem transportado no �ltimo m�s, desde que deixou o Pal�cio do Planalto.
"Hoje houve uma decis�o da Casa Civil ileg�tima, cujo objetivo � proibir que eu viaje", disse ao participar do lan�amento de um livro na capital ga�cha, nesta sexta-feira, 3. Ela se refere a um parecer que teria sido elaborado pela Subchefia de Assuntos Jur�dicos da Casa Civil limitando os deslocamentos a�reos da presidente afastada.
O documento restringiria o uso de avi�es da FAB por Dilma aos trechos Bras�lia-Porto Alegre e Porto Alegre-Bras�lia. Ou seja, autorizaria o uso de aeronaves oficiais somente para a capital ga�cha, onde ela tem apartamento e onde mora sua fam�lia. "� um esc�ndalo que n�o eu n�o possa viajar para o Rio, para o Par� ou qualquer outro lugar", disse.
Ela justificou que n�o pode pegar um avi�o comercial, como qualquer outra pessoa faria, porque a Constitui��o determina que � preciso haver um aparato de seguran�a fazendo sua escolta. "Ent�o temos uma situa��o que tem ser resolvida, porque eu vou viajar", afirmou.
Por volta das 18 horas, ao final do evento de lan�amento do livro "A Resist�ncia ao Golpe de 2016", no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Dilma se dirigiu � Esquina Democr�tica, ponto no centro de Porto Alegre considerado um tradicional palco de mobiliza��es populares.
Ali, ela participou de uma manifesta��o contr�ria ao governo de Temer, convocada pela Frente Brasil Popular. De acordo com os organizadores, estiveram presentes 10 mil pessoas. No palanque, Dilma voltou a criticar o parecer da Casa Civil que restringe seus deslocamentos a�reos. "Eles est�o querendo me proibir de viajar de avi�o. Para eles, eu podia s� viajar de Bras�lia para Porto Alegre, que � minha casa, e voltar para Bras�lia. Eu quero viajar por todo o Brasil. Eles n�o querem que eu v� �s pra�as de todo o Brasil e diga que o que est� acontecendo � um golpe", afirmou.
No discurso que fez no ato convocado pelos movimentos sociais, a presidente afastada voltou a defender que o processo de impeachment em curso no Congresso n�o � leg�timo. Al�m disso, acusou o governo em exerc�cio de ter a inten��o de retirar direitos sociais da popula��o adquiridos nos �ltimos anos. Ap�s sua fala, ela ficou no palco por cerca de quinze minutos cumprimentando apoiadores e tirando fotos. S� depois disso ela deixou o local, de carro.
Defesa
Dilma tamb�m aproveitou a passagem por Porto Alegre para rebater uma not�cia publicada nesta sexta-feira pelo jornal "O Globo", que afirma que o dinheiro da corrup��o da Petrobras financiou suas despesas pessoais, como viagens de seu cabeleireiro Celso Kamura a Bras�lia.
"� uma tentativa, uma estrat�gia para atingir a minha imagem, mais uma", disse durante o evento de lan�amento do livro. A presidente afastada falou que tem todos os comprovantes que atestam que ela mesma pagou pelos servi�os do cabeleireiro.
"N�s temos a certeza de que eles v�o tentar de qualquer jeito me incriminar. S� o que eu adianto � que ser� muito dif�cil", revelou, acrescentando que � alvo desse tipo de tentativa desde 2010. "At� o casamento da minha filha foi investigado, tenho todos esses anos de investiga��o nas costas. Eu jamais usei dinheiro publico para pagar qualquer coisa na minha vida."
Dilma ainda defendeu a necessidade que o Brasil mantenha o regime. "Sabemos que conversa de parlamentarismo sempre surgem nessas circunst�ncias", disse. Segundo ela, as elei��es proporcionais que escolhem os representantes do Parlamento tendem a permitir uma incid�ncia maior do poder econ�mico, o que, na sua avalia��o, pode distorcer a representatividade. "Eu tenho clareza que o Brasil precisa ainda por muito tempo do regime presidencialista. N�o estou falando em causa pr�pria porque n�o posso me eleger. Estou falando pelo amanh�."