S�o Paulo, 09 - O governador de Minas Fernando Pimentel (PT) usou R$ 800 mil de propina supostamente repassada � sua campanha em 2014 para financiar empreendimento comercial em sociedade com um sobrinho consistente na abertura de um restaurante no Shopping Piracicaba, no interior de S�o Paulo. A revela��o foi feita pelo empres�rio Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Ben�, delator da Opera��o Acr�nimo.
Em depoimento no dia 12 de maio para a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro na sede da Superintend�ncia da Pol�cia Federal em Bras�lia, Ben� - preso desde abril por ordem do Superior Tribunal de Justi�a - relatou detalhes da transa��o. Segundo ele, naquele ano Pimentel o procurou e comentou sobre "solicita��es" que vinha recebendo do sobrinho, Felipe, "sobre a necessidade de aporte financeiro" para abrir um restaurante em Piracicaba.
Ben� declarou que Fernando Pimentel o incumbiu de "resolver essa demanda". Ele disse aos investigadores que informou o ent�o candidato ao governo de Minas que "a �nica quantia dispon�vel naquela oportunidade era de cerca de R$ 800 mil transferidos pela empresa Caoa para conta da empresa Colorprint para pagamento de despesas da campanha eleitoral de 2014".
Segundo o delator, o valor era referente ao "ajuste financeiro" entre Pimentel e os acionistas da Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade e Antonio dos Santos Maciel Neto. Tal "ajuste", afirmou Ben�, era correspondente a supostos benef�cios que o petista teria concedido ao grupo empresarial quando ocupava a cadeira de ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio do governo Dilma.
Em relato anterior, ainda no �mbito de sua dela��o premiada, Ben� afirmou que o Grupo Caoa repassou R$ 20 milh�es para Pimentel, dos quais R$ 13 milh�es teriam sido destinados � campanha e outros R$ 7 milh�es pagos ao petista no exterior.
Pimentel j� foi denunciado pela Procuradoria da Rep�blica perante o Superior Tribunal de Justi�a (STJ) por supostos crimes de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro. Ele � acusado de receber propina da montadora de ve�culos Caoa para favorec�-la no Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior, pasta que comandou de 2011 a 2014.
O delator disse que para atender o pedido de Pimentel, entrou em contato com uma pessoa chamada Sebasti�o e com o sobrinho do governador para tratarem "em conjunto" do tema. Segundo ele, Felipe foi a Bras�lia e apresentado a Sebasti�o.
Ben� informou que o uso do dinheiro recebido pela Colorprint foi "autorizado" para investimento no restaurante. Disse, ainda, que soube que, posteriormente, o sobrinho de Pimentel e Sebasti�o acertaram um contrato de "presta��o de servi�os de reforma e constru��o entre a Colorprint e a prestadora desses mesmos servi�os ao restaurante".
O contrato, disse o delator, foi firmado "para dar lastro" � transfer�ncia da quantia "aproximada" de R$ 800 mil. O valor, destacou, teve origem da conta da Caoa, "passou pela conta da Colorprint e custeou as reformas no restaurante".
Defesas
"A CAOA repele com veem�ncia qualquer irregularidade e reafirma que jamais contratou ou pagou, no Brasil ou no exterior, qualquer pessoa ou empresa para angariar vantagens junto a qualquer agente ou �rg�o p�blico. Conv�m esclarecer ainda que a Caoa jamais celebrou contrato ou foi tomadora de empr�stimos junto ao BNDES", disse a empresa por meio de nota.
O criminalista Jos� Roberto Batochio, defensor da Caoa, disse, tamb�m por meio de nota, que a empresa "desconhece esses fatos (sobre o restaurante no interior de S�o Paulo), n�o tem conhecimento e nega enfaticamente qualquer participa��o neles."
O governador de Minas, Fernando Pimentel, tamb�m se manifestou: "A dela��o dessa pessoa, de conhecimento p�blico e repercutida em doses homeop�ticas, revela reiteradas mentiras e o desespero de quem est� disposto a alimentar o imagin�rio acusat�rio e de pr�via condena��o do investigado", disse, em nota.
"� sempre preciso lembrar que a dela��o por si s� n�o � elemento de prova e a divulga��o de parte de seu suposto conte�do, al�m de ilegal, o que pode invalid�-la, n�o tem outro sentido sen�o o de influenciar a opini�o p�blica, que, quase sempre, n�o se interessa mais pelas explica��es da defesa. O objetivo � amplamente conhecido: uma mentira repetida mil vezes se torna verdade", finaliza o texto.