Campinas, 09 - A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) se reuniu com cientistas, artistas e jornalistas em Campinas (SP) nesta quinta-feira, 9, e visitou o Projeto Sirius, o maior investimento j� feito no Pa�s em um �nico projeto cient�fico. Em um almo�o na casa do f�sico Rog�rio C�zar de Cerqueira Leite, onde estiveram presentes celebridades como o ator e diretor Jos� Celso Martinez Corr�a, o escritor Fernando Morais, os jornalistas Juca Kfouri e Jos� Trajano, Dilma voltou a dizer que "� v�tima de um golpe" e disse que "o Pa�s est� sendo governado por um grupo que segue a agenda particular do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)". Tamb�m afirmou que h� a��es para silenci�-la e para silenciar quem quer apoi�-la.
"� uma pauta ultraconservadora socialmente e ultraliberal na economia. N�s estamos levantando essas propostas para que todos saibam o que eles querem implantar", disse Dilma ao final do almo�o. O discurso foi transmitido ao vivo pela internet por um integrante do PT. Dilma criticou o PMDB e outros partidos de centro, que ela afirmou terem se transformado em partidos de direita. "Est�o querendo implantar um projeto que n�o tem voto, que sempre foi rejeitado nas urnas".
Dilma tamb�m disse que h� dois tipos de ruptura democr�tica, um � a ditadura e outro o golpe parlamentar. "O golpe militar � como cortar uma �rvore de uma vez s�. J� o parlamentar, que � o que estou sofrendo, � como colocar parasitas na �rvore para que ela morra aos poucos".
Impedida de usar avi�es da FAB para voos que n�o sejam para Porto Alegre, onde vive sua fam�lia, Dilma viajou a Campinas com um avi�o fretado pelo PT. No condom�nio de classe alta onde foi almo�ar, enfrentou manifesta��es a seu favor e tamb�m contra no port�o de entrada. No interior do condom�nio, alguns moradores se manifestaram contra a petista, com xingamentos e buzina�o com cerca de 10 ve�culos. Seu discurso chegou a ser interrompido por um roj�o lan�ado perto da resid�ncia onde estava. O susto foi substitu�do por gargalhadas, quando o jornalista Juca Kfouri gritou: "vai Corinthians!".
"Essa intoler�ncia n�o era uma tradi��o no Pa�s, n�o era essa a arma que se usava. Querem nos silenciar, pois se nos deixarem falar sabem que h� riscos de mudan�a na opini�o pol�tica da popula��o", disse.
Apoio
Dos manifestantes favor�veis, Dilma ganhou flores, abra�os e tirou selfies com pesquisadores.
Mas entre as manifesta��es hostis dos moradores do condom�nio, duas pessoas destoavam. Dagmar Cangu�u, 90 anos, esperava na frente da casa em uma cadeira de rodas e tinha a esperan�a de ganhar um beijo da presidente. "Gosto muito dela, � muito humana e n�o cometeu nenhum crime. Acho injusto o que fizeram com ela sem ter uma raz�o forte para isso", disse. Ela deixou o local sem conseguir entrar na casa.
Uma estudante de administra��o, cujos pais vivem no condom�nio, tamb�m aguardava a sa�da de Dilma para mostrar um papel com a frase: "Volta Dilm�e". Ela guardava discretamente o cartaz, com receio de ser hostilizada. Dilma saiu cercada de seguran�as e n�o falou com manifestantes e nem com a imprensa.
Ci�ncia
A presidente afastada criticou ainda o atual governo pela aparente falta de aten��o para as �reas de ci�ncia e para as artes. "Essas s�o duas �reas essenciais para o Brasil. Quando vejo aqui o Z� Celso, n�o posso deixar de lembrar da import�ncia das artes. E, visitando o Sirius e me reunindo com cientistas, vejo a import�ncia da ci�ncia para o Brasil e sua popula��o".
Dilma citou uma pesquisa desenvolvida no Laborat�rio Nacional de Luz S�ncrotron (LNLS), que pode resultar em aplica��o de medicamentos contra o c�ncer que atinjam somente as c�lulas doentes. "Quem teve c�ncer, como eu, sabe o pre�o que se paga por ter tudo quanto � c�lula do corpo afetada". Em 2009, Dilma perdeu os cabelos por conta da quimioterapia, entre outros efeitos colaterais. A nova pesquisa pode acabar com esse tipo de inconveniente no tratamento.
O Sirius � um novo acelerador de part�culas, muito maior que o LNLS, que est� sendo constru�do em uma �rea ao lado. Ele custar� cerca de R$ 1,7 bilh�o e ser� o mais avan�ado do mundo, com previs�o para iniciar as atividades em 2018. O acelerador � essencial para o desenvolvimento de pesquisas com resultados para a ind�stria farmac�utica, qu�mica, desenvolvimento de materiais, geologia, medicina e explora��o de petr�leo, entre outras �reas.