S�o Paulo e Bras�lia, 15 - Em sua dela��o premiada, o ex-presidente da Transpetro S�rgio Machado afirma que pagou propina ao presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) por cerca de 10 anos, de 2004/2005 a 2014, enquanto presidia a estatal por indica��o da c�pula do PMDB. Neste per�odo, conta, os pagamentos il�citos ao senador decorrentes do esquema de corrup��o na Transpetro somaram R$ 100 milh�es ao PMDB, sendo que quase um ter�o disso, R$ 32 milh�es, foram para Renan.
Segundo o delator, que conhece o parlamentar desde 1991, os pagamentos ao presidente do Senado come�aram por volta de 2004. Na ocasi�o, Renan teria dito a Machado em uma reuni�o na resid�ncia oficial do senador que tinha "dificuldades em manter sua estrutura pol�tica e perguntou como eu podia ajudar". A partir deste momento, eles teriam ent�o chegado a um acordo: "Ent�o definimos que eu faria repasses de valores il�citos que iria buscar atrav�s dos fornecedores parceiros da Transpetro", relatou Machado.
Ele disse ainda que, no come�o, os repasses ao peemedebista eram mais "err�ticos" e que a Transpetro ainda tinha pouca capacidade de investimento, gerando assim menos propina que o esperado para Renan e causando um desgaste entre os dois. Ainda assim, com o passar do tempo, segundo Machado, a estatal foi crescendo e os repasses se estabilizando.
O primeiro pagamento foi de R$ 300 mil por volta de 2004 ou 2005 e, a partir de ent�o, segundo o delator, eles se reuniam mensal ou bimensalmente para acertar os pagamentos que eram controlados por Machado por meio de um fundo virtual "apurando mensalmente os cr�ditos junto as empresas que tinham contrato com a Transpetro e decidindo os repasses conforme as circunst�ncias", explicou Machado. Para o delator, o acerto dos dois desde o come�o deixava claro que os pagamentos a Renan n�o vinham do bolso de S�rgio Machado, mas sim de empresas que tinham contrato com a estatal.
A partir de 2008, contudo, os repasses teriam se intensificado. "Inicialmente os repasses para Renan Calheiros eram err�ticos, sem periodicidade definida, mas se tomaram anuais em 2008, quando o depoente passa a repassar a Renan cerca de R$ 300 mil por m�s durante dez ou onze meses por ano", segue Machado na dela��o. Ainda de acordo com ele, al�m dos pagamentos de propina referente aos contratos de empresas com a Transpetro, nos anos eleitorais o "caixa paralelo" de Renan era acrescido pelas doa��es oficiais das mesmas empresas.
Anos eleitorais
O pr�prio Machado admite que atuava como captador de doa��es para o PMDB e que nunca tratou de doa��es eleitorais l�citas, ainda que elas tenham sido oficiais, com as empresas que tinham contrato com a Transpetro, de forma que as doa��es estavam sempre atreladas aos contratos com a estatal. "Quando era o caso de doa��es oficiais, o depoente acertava com a empresa o montante e a semana em que iria ser feita e comunicava � empresa para qual partido e pol�tico a doa��o deveria ser feita", diz o delator.
Machado ainda apresentou aos investigadores uma planilha com as doa��es oficiais que conseguiu para Renan e at� mesmo Renan Filho, e disse que estes repasses eram "carimbados" como sendo do parlamentar. "Que as doa��es eram em geral feitas formalmente ao Diret�rio Nacional do PMDB e em alguns casos para o Diret�rio de Alagoas o/at�, em certos casos, para outros partidos em Alagoas, mas sempre 'carimbadas' para Renan Calheiros, consistindo isso no conhecimento que era transmitido aos organismos partid�rios de que as doa��es em quest�o seriam controladas por Renan Calheiros; os demais valores foram pagos mediante entregas de dinheiro em esp�cie", disse o delator.
Em nota, Renan disse que "jamais recebeu recursos de caixa dois ou vantagens de quem quer que seja. Todas as doa��es de campanhas eleitorais ocorreram na forma da Lei, com as presta��es de contas aprovadas pela Justi�a".
O texto afirma que o senador n�o conhece Felipe Parente e nenhum dos filhos de S�rgio Machado. A nota tamb�m diz que Renan n�o indicou S�rgio Machado para a Transpetro. De acordo com o texto, Renan "se coloca � disposi��o para prestar outros depoimentos, caso necess�rio".