S�o Paulo, 16 - Com bom tr�nsito na c�pula do mundo pol�tico e empresarial, o ex-presidente da Transpetro S�rgio Machado disse aos investigadores da Lava Jato n�o haver d�vidas para ele de que havia uma iniciativa de muitos pol�ticos para prejudicar a opera��o.
"Ap�s essas conversas ficou claro para o depoente que havia muitos pol�ticos de diversos partidos procurando construir um amplo acordo que limitasse a a��o da Opera��o Lava Jato", diz depoimento de Machado que explicava os di�logos que gravou com caciques do PMDB em mar�o - antes de o processo de impeachment de Dilma ser aberto pelo Congresso. As conversas trataram, dentre outros assuntos, de estrat�gias para barrar a Lava Jato.
Segundo Machado, o pr�prio senador Romero Juc� (PMDB-RR), que foi derrubado do Minist�rio do Planejamento ap�s vir � tona os di�logos em que fala em "estancar" a Lava Jato, teria lhe confidenciado "sobre tratativas com o PSDB nesse sentido facilitadas pelo receio de todos os pol�ticos com as implica��es da Opera��o Lava Jato".
O PSDB hoje est� na base de apoio do governo interino de Michel Temer e possui tr�s minist�rios, incluindo o da Justi�a, respons�vel, dentre outros, pela Pol�cia Federal.
A preocupa��o, contudo, ia al�m dos tucanos. "Essas tratativas n�o se limitavam ao PSDB, pois quase todos os pol�ticos estavam tratando disso, como ficou claro para o depoente; que o Romero Juc� sinalizou que a solu��o pol�tica poderia ser ou no sentido de estancar a Opera��o Lava Jato, impedindo que ela avan�asse sobre outros pol�ticos, ou na forma de uma constituinte", relatou o delator.
Al�m de Juc�, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) tamb�m teria falado sobre as estrat�gias para tentar barrar a opera��o. De acordo com Machado, no di�logo em que falam sobre "pacto de Caxias", ele e o presidente do Senado estavam se referindo a alternativas legislativas que possibilitassem alguma "anistia ou clem�ncia" aos pol�ticos investigados. Ele ainda relata que Renan deixou claro que seria a "esperan�a �nica" do PSDB para tomar as medidas que podem impedir os avan�os da opera��o.
"Quando Renan Calheiros diz (na conversa gravada) que 'eu sou a esperan�a �nica que eles t�m de algu�m para fazer alguma coisa', o 'eles' refere-se especificamente ao PSDB, embora o temor dos pol�ticos da Opera��o Lava Jato seja generalizado", disse o depoente. 'Fazer alguma coisa' refere-se a um pacto de medidas legislativas para paralisar a Opera��o Lava Jato, que inclu�a proibir colabora��o premiada de r�u preso, proibir a execu��o provis�ria de senten�a penal condenat�ria e modificar a legisla��o dos acordos de leni�ncia", relatou Machado.
Para o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, o teor das conversas gravadas de Machado com o Renan, o ex-presidente Jos� Sarney e o pr�prio Juc� deixam claro a exist�ncia de um "acord�o", que "segue sendo costurado", por meio das nomea��es de Juc� (que deixou o Planejamento ap�s a pol�mica dos �udios), Sarney Filho (Minist�rio do Meio Ambiente) e pol�ticos tucanos para os minist�rios de Temer.
"O intento dos requeridos (Renan, Juc� e Sarney), nessas diversas conversas gravadas, � construir uma ampla base de apoio pol�tico para conseguir, pelo menos, aprovar tr�s medidas de altera��o do ordenamento jur�dico em favor da organiza��o criminosa", afirma Janot no pedido de pris�o preventiva contra Juc� e Renan e de pris�o domiciliar com tornozeleira eletr�nica para Sarney encaminhado ao Supremo Tribunal Federal em maio.
Para Machado, todo o contexto das conversas gravadas tamb�m deixou claro que havia uma preocupa��o geral dos pol�ticos em tentar impedir a maior opera��o de combate � corrup��o no Pa�s.
O delator j� foi l�der do PSDB no Senado durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e se filiou ao PMDB em 2001, partido que o garantiu o cargo de presidente da Transpetro por 11 anos durante os governos petistas, entre 2003 e 2014.
Ele entrou na mira da Lava Jato e sua resid�ncia chegou a ser alvo de buscas na Opera��o Catilin�rias, deflagrada com autoriza��o do Supremo para investigar os pol�ticos envolvidos no esquema de corrup��o da Petrobras.
A partir dessa busca, Machado relata que come�ou a se preocupar com os avan�os da opera��o e decidiu que iria colaborar com as investiga��es. Uma das ideias que teve foi exatamente gravar conversas com seus colegas da c�pula peemedebista nas quais buscava alternativas para tentar escapar do juiz S�rgio Moro, respons�vel pela Lava Jato em primeira inst�ncia.
Todos os pol�ticos flagrados nos di�logos e tamb�m citados na dela��o do ex-presidente da Transpetro negam envolvimentos em irregularidades e recha�am as acusa��es de Machado.
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Partidos procuraram acordos para barrar Lava Jato, diz Machado em depoimento
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