
Bras�lia - O presidente em exerc�cio, Michel Temer (PMDB), disse ontem, em entrevista a cinco jornais, ter consci�ncia de sua interinidade, mas garantiu que ela n�o traz “nenhuma amarra para governar. Sem refer�ncia direta � presidente afastada, Dilma Rousseff, ele criticou a falta de di�logo do governo dela com os outros poderes e ironizou a ideia de a petista querer “voltar para sair”, referindo-se a uma poss�vel vit�ria no processo de impeachment seguida da proposta de novas elei��es. Temer contou que marca dia a dia a sua interinidade, lembrando que est� no 42º dia de governo, e explicou que precisou fazer isso porque j� no fim de semana seguinte ao que assumiu come�aram a cobr�-lo, como se estivesse h� dois anos no governo.
“Tenho consci�ncia da interinidade e vou aguardar, respeitosamente, a decis�o do Senado”, afirmou, mas ressaltou que, neste per�odo, far� tudo “intensamente”: “O que temos de fazer � governar o pa�s. Se l� em agosto mudar, o pa�s foi governado. Se foi melhor ou pior, a hist�ria � que vai dizer. Mas foi governado intensamente”. Fez quest�o de ressaltar que, neste per�odo, “modestamente, nestes 40 dias, o pa�s caminhou muito” e sugeriu que o Brasil vinha sendo governado por uma pessoa autorit�ria, sem citar Dilma.
“S� posso dizer que o di�logo � fundamental, porque, num estado democr�tico, voc� tem de exercer a atividade executiva amparado pelo Legislativo. Precisa deste conjunto de for�as para governar. Qualquer outra vis�o � uma vis�o autorit�ria. Se se despreza o Congresso Nacional, por exemplo, ou se critica o Judici�rio, isso � uma vis�o antidemocr�tica e inconstitucional. Precisamos reconstitucionalizar o pa�s, porque certos h�bitos v�o tomando conta da cultura pol�tica e v�o desprezando as institui��es. E eu fa�o quest�o de dizer e fazer o contr�rio”, avisou.
O peemedebista voltou a defender que o julgamento das contas da campanha � reelei��o pelo Tribunal Superior Eleitoral sejam separadas. “Fisicamente, j� s�o separadas”, comentou, acrescentando que “a condena��o de algu�m n�o pode importar na condena��o de outrem”. Ele tamb�m ironizou a tese de elei��es diretas defendidas pelos petistas e at� por Dilma. “Ela quer voltar para sair? N�o � uma tese que a favore�a”, comentou ele. Sobre a possibilidade de Dilma, em caso de volta, querer manter sua equipe econ�mica, disse: “Seria aplauso � minha administra��o”.
Temer disse que “espera” que haja redu��o dos juros at� o fim do ano, para “animar a economia”, justificando que, al�m de isso ter um “efeito concreto”, tem tamb�m o “efeito psicol�gico”. Ele pediu que se grifasse a palavra “espera” na afirma��o, justificando que esse processo de diminui��o das taxas deve ser feito de forma “respons�vel”. Temer tamb�m pediu aos ministros da �rea econ�mica que apresentem “medidas a curto prazo” que possam ser tomadas “de acordo com possibilidades do er�rio p�blico”.
Em outra entrevista, dessa vez � R�dio Estad�o, Temer disse lamentar o contexto da pris�o de Paulo Bernardo, ex-ministro dos governos de Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O pol�tico petista, marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), integrante da chamada tropa de choque de Dilma na comiss�o do impeachment no Senado, foi preso na manh� de quinta-feira em Bras�lia, no �mbito da Opera��o Custo Brasil, um desdobramento da Lava-Jato. “Vi a declara��o de Gleisi de que ele (Paulo Bernardo) foi detido na frente dos filhos. � um fato doloroso e eu quero lamentar publicamente a pris�o dele”, afirmou Temer. “De qualquer maneira, � preciso prestar obedi�ncia �s decis�es (judiciais)”, completou.
Questionado sobre o fato de a a��o da Pol�cia Federal ter feito busca e apreens�o no apartamento funcional da mulher de Bernardo, a senadora Gleisi, que tem foro privilegiado, com autoriza��o de um juiz de primeiro grau e n�o pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Temer defendeu a manuten��o da harmonia entre o Legislativo e o Judici�rio. “� preciso prestar muito obedi�ncia a este princ�pio”, disse. Paulo Bernardo � investigado pela suposta coordena��o de um esquema de corrup��o no Minist�rio do Planejamento, que teria desviado R$ 100 milh�es entre os anos de 2010 e 2015.
LAVA-JATO Sobre a Lava-Jato, Temer disse que a opera��o deve ser mantida enquanto houver irregularidades, mas que o “pa�s n�o pode ficar 10 anos nesta situa��o”. Para ele, as investiga��es est�o passando o Brasil a limpo e isso deveria ter reflexo internacional: “As institui��es est�o funcionando de uma tal maneira que h� pessoas presas, pessoas processadas, pessoas investigadas. E dia a dia at� muitas vezes aumenta. Ent�o, acho que isso, ao contr�rio, deveria dar muita confian�a para dizer o seguinte: olha aqui, o Brasil est� sendo, para usar uma express�o rotineira, passado a limpo.