Os analistas observam que o ingresso de recursos externos ao Pa�s tende a aumentar com o avan�o da confian�a de investidores externos no Brasil, puxado por mudan�as estruturais na �rea fiscal, como a aprova��o pelo Congresso do teto de gastos p�blicos vinculados � infla��o e o lan�amento pelo governo de uma proposta de reforma da Previd�ncia Social. Tal eleva��o de demanda por t�tulos nacionais, especialmente de renda fixa e um pouco em a��es, seria determinada pela alta rentabilidade que os aplicadores podem obter no Brasil, onde o juro b�sico est� em 14,25% ao ano, em meio � imensa liquidez global.
Para Alberto Ramos, diretor de pesquisas para a Am�rica Latina do banco Goldman Sachs, "o c�mbio pode ir para R$ 3,00 ou abaixo dessa marca em poucos meses", ap�s definido o impeachment de Dilma Rousseff, com sinais firmes da evolu��o das propostas do governo de corre��o da gest�o das contas p�blicas, com destaque para a aceita��o pelos parlamentares da C�mara e do Senado da emenda constitucional que determina que as despesas do Poder Executivo n�o mais ter�o aumento real.
"A quest�o � saber o que o Banco Central far� quando o d�lar chegar a R$ 3,00", questiona Ramos.
Infla��o
O Banco Central teria v�rias raz�es para manter o c�mbio entre R$ 3,15 e R$ 3,20 no segundo semestre, aponta Braulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA.
O combate � infla��o estaria em primeiro lugar, pois uma queda nominal de 8% do d�lar poderia reduzir o IPCA em 2017 de 5,3% para perto de 4,8%. "H� tamb�m outros fatores. Um deles � redu��o do passivo das empresas muito endividadas em d�lar, sobretudo a Petrobras", disse Borges.
Um outro elemento � a melhora de confian�a de empres�rios e consumidores a partir da for�a do c�mbio. "Quando a moeda brasileira est� apreciada ante a americana ajuda a tornar positivas as expectativas sobre as perspectivas da economia no curto prazo, mas se ela est� desvalorizada colabora bem para que essa percep��o piore de forma consider�vel", diz o economista-chefe da LCA.
Mesmo com a sa�da do Reino Unido da Uni�o Europeia, os especialistas avaliam que os efeitos sobre o c�mbio no Brasil at� o final deste ano dever�o ser indiretos e n�o significativos. Isto porque o crescimento mundial poder� ter press�es para baixo, o que poderia levar o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) a ser ainda mais cauteloso para elevar os juros neste ano. Neste contexto, h� chances de aprecia��o do real ante o d�lar, sobretudo com uma perspectiva de mudan�as estruturais na �rea fiscal.
Para S�rgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o BC poderia permitir que o c�mbio est�vel num patamar entre R$ 3,20 e R$ 3,30 depois de agosto, o que seria oportuno para iniciar um necess�rio ciclo de redu��o de juros.
"Como a infla��o est� alta, deve fechar este ano ao redor de 7% e em 5,5% em 2017, o BC pode, na pr�tica, estender seu objetivo para levar o IPCA a 4,5% para 2018", comentou Vale. "A redu��o da Selic � importante porque n�o joga lenha na fogueira na j� complicada situa��o fiscal, dado que os juros altos causam grande impacto nas contas p�blicas", disse. Para ele, a Selic cair� para 13,25% ao fim deste ano e chegar� a 11,25% no encerramento do pr�ximo.
De acordo com Vale, a tend�ncia do c�mbio � de aprecia��o num horizonte de 18 meses, pois h� uma evolu��o not�ria da governabilidade do Pa�s com a administra��o Michel Temer em rela��o � de Dilma Rousseff, o que dever� culminar na volta da harmonia macroecon�mica, com a austeridade da pol�tica fiscal e distens�o da taxa de juros.
"Temer est� conseguindo viabilizar junto ao Congresso e governadores v�rias a��es, pois � um grande articulador pol�tico. Destaco a aprova��o da Desvincula��o de Receitas da Uni�o, a renegocia��o das d�vidas de Estados e aprova��o pela C�mara de at� 100% de participa��o de empresas estrangeiras em companhias a�reas nacionais", afirma Vale. Ele acredita que a cota��o nominal do c�mbio deve alcan�ar entre R$ 3,10 e R$ 3,20 no encerramento de 2017.