
"O interesse do depoente e da Carioca em atender ao pedido de Vaccari consistia na inclus�o da empresa na lista de convidadas de obras da Petrobras", disse o empres�rio.
Em depoimento � Procuradoria-Geral da Rep�blica, em 1.º de outubro de 2015, Ricardo Pernambuco J�nior afirmou que, em 2011, Vaccari foi a seu escrit�rio e solicitou que a Carioca fizesse uma doa��o de R$ 1 milh�o ao PT. Segundo o delator, a doa��o n�o se vinculava a nenhuma campanha eleitoral espec�fica. O depoimento de Pernambuco J�nior foi anexado aos autos da Lava Jato na quinta-feira, dia 30.
"Quanto ao pedido de doa��o de R$ 1 milh�o ao PT em 2011, Jo�o Vaccari Neto solicitou que a doa��o fosse feita em valores em esp�cie", relatou Pernambuco J�nior. "Jo�o Vaccari Neto n�o especificou a destina��o que seria dada aos valores, nem o depoente perguntou nada a esse respeito; Que, na ocasi�o, Jo�o Vaccari Neto n�o mencionou o nome de nenhuma outra pessoa vinculada ao PT."
O ex-tesoureiro do PT est� preso desde abril de 2015. Vaccari Neto foi condenado a 15 anos e 4 meses por corrup��o, lavagem de dinheiro e associa��o criminosa na Lava Jato. Pernambuco J�nior delatou tamb�m R$ 52 milh�es em 36 parcelas ao presidente afastado da C�mara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre opera��es do FI-FGTS.
O delator declarou que disse a Vaccari que a doa��o seria feita em quatro pagamentos iguais de R$ 250 mil com intervalo de dois a tr�s meses entre cada parcela. De acordo com o executivo, a primeira parcela provavelmente foi paga no in�cio de 2011 e a �ltima deve ter sido paga no final do mesmo ano.
Ricardo Pernambuco J�nior disse que a obten��o dos valores em esp�cie pela Carioca era feita de tr�s maneiras - por meio de doleiros, superfaturamento de contratos de presta��o de servi�os e simula��o de contratos.
Segundo o delator, as parcelas doadas ao PT foram entregues por um ex-funcion�rio da Carioca a um preposto de Jo�o Vaccari Neto, em S�o Paulo. Os repasses teriam sido feitos na filial da Carioca na capital paulista e em locais indicados pelo preposto de Vaccari.
Pernambuco J�nior contou que a empreiteira tinha interesse "na intercess�o de Vaccari em favor da empresa em obras da Petrobras". "Isso era claro tanto para o depoente como para Jo�o Vaccari Neto, pois ambos tratavam desse assunto; que o depoente inclusive chegava a afirmar a Vaccari o seguinte: '� preciso que voc� me ajude para eu poder ajud�-los; sem isso eu n�o consigo fazer doa��es, pois nossa empresa vive de obras'", afirmou o delator.
No depoimento, Pernambuco J�nior declarou ainda que na �poca havia a obra da F�brica de Fertilizantes (Am�nia) da Petrobras em Uberaba (MG). "A obra era de responsabilidade da diretoria de G�s e Energia, na �poca ocupada por Gra�a Foster, por indica��o do PT; que, no entanto, quem conduzia o procedimento licitat�rio era a diretoria de Servi�os da Petrobras, na �poca ocupada por Renato Duque, por indica��o do PT", afirmou.
"Por isso, em 15 de abril de 2011, o depoente enviou duas correspond�ncias, uma � Diretoria de G�s e Energia e outra � Diretoria de Servi�os, solicitando a inclus�o da Carioca no rol de empresas a serem convidadas para a licita��o da obra em quest�o."
Vaccari, segundo o delator, teria dito que iria conversar com o ent�o diretor Renato Duque para interceder em favor da Carioca. "A Carioca acabou sendo efetivamente convidada, mas o convite ocorreu cerca de quinze a vinte dias antes da licita��o, o que inviabilizou a participa��o da empresa na licita��o, pois era necess�rio um tempo maior para elabora��o de uma proposta competitiva", disse Pernambuco J�nior.
Defesa
O criminalista Luiz Fl�vio Borges D’Urso recha�ou com veem�ncia a den�ncia do empres�rio que afirma ter entregue R$ 1 milh�o em dinheiro vivo para o ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto. "Isso n�o procede. Vaccari jamais recebeu dinheiro em esp�cie", afirma D’Urso.
O advogado do ex-tesoureiro do PT assegura que "todas as vezes que algu�m procurou Vaccari para fazer doa��es foi indicada a conta banc�ria oficial do Partido dos Trabalhadores para a realiza��o dos dep�sitos que imediatamente eram lan�ados na contabilidade oficial do PT e declarados a Justi�a Eleitoral". E que "nunca, jamais, Vaccari recebeu valores em esp�cie".