S�o Paulo, 19 - O ex-diretor t�cnico da Eletronuclear Luiz Ant�nio de Amorim Soares negou, em depoimento � Pol�cia Federal, que tenha retirado documentos de sua sala na estatal e declarou que foi ao local pegar "contas pessoais e exames m�dicos".
Os investigadores da Opera��o Pripyat - desdobramento da Lava Jato - suspeitam que o presidente afastado da Eletronuclear Pedro Figueiredo permitiu que diretores investigados por propinas milion�rias nas obras da Usina de Angra 3 "retirassem documentos e objetos de suas salas lacradas".
"Indagado se retirou objetos ou documentos da sala que ocupava na Eletronuclear ap�s seu afastamento da estatal, relata que na data de 14 de abril de 2015 foi comunicado por Pedro Figueiredo que no dia 15 de abril seria afastado de suas fun��es, sem preju�zo de seu vencimento, e que sua sala seria lacrada; que comunicou ao Pedro que na sua sala teria suas contas pessoais e exames m�dicos, referente a sua revis�o anual para acompanhamento de c�ncer; que diante disso, Pedro autorizou que o declarante entrasse na sua sala �s 7h do dia 15 de abril de 2016 acompanhado do auditor chefe Andr� Mignani, da secretaria Denise e um seguran�a do pr�dio (terceirizado), tendo estado presente tamb�m sua secretaria Silvia", declarou Amorim Soares em seu depoimento.
A Oper��o Pripyat revelou que o ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva - preso em 6 de julho, no Rio - teria recebido R$ 12 milh�es em propinas das obras de Angra 3. O valor corresponde a 1% do montante da constru��o, or�ada em R$ 1,2 bilh�o.
Outra parte da propina, segundo a Procuradoria da Rep�blica, teria sido dividida entre cinco ex-dirigentes do alto escal�o da estatal. A investiga��o mostra que eles dividiram 1,2% do valor total da obra: Luiz Soares (0,3%), ex-diretor de Administra��o e Finan�as Edno Negrini (0,3%), ex-diretor de Planejamento, Gest�o e Meio Ambiente Persio Jordani (0,2%), ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias (0,2%) e ex-superintendente de Constru��o Jos� Eduardo Costa Mattos (0,2%).
Segundo Amorim Soares, a "funcion�ria Denise" anotou o que foi retirado da sala.
Na decis�o que desencadeou a Pripyat, o juiz federal Marcelo Brestas, da 7� Vara Federal Criminal, do Rio, citou "as conclus�es da Comiss�o Independente de Investiga��o da estatal realizada pelo escrit�rio Hogan Lovells" na Eletronuclar.
"Foram identificados ind�cios de que Luiz Soares, Luiz Messias e Jos� Eduardo teriam apagado informa��es armazenadas em seus laptpos, computadores, discos r�gidos e outros dispositivos m�veis de trabalho, pois foram encontrados softwares de elimina��o de dados em alguns desses equipamentos. Em raz�o disso, os envolvidos foram afastados e tiveram suas salas lacradas por determina��o do Conselho de Administra��o da Eletronuclear, em que pese o atual presidente da estatal, tenha autorizado a reabertura das salas e a retirada de equipamentos conforme identificado no monitoramento telef�nico".
A PF questionou Amorim Soares se ele havia apagado dados do aparelho funcional da Eletronuclear, "sabendo que haveria auditoria". O ex-diretor disse que em mar�o de 2015, j� aposentado e planejando se desligar em outubro de 2015 da estatal, comprou um novo telefone, "tendo apagado suas fotos, agenda, e-mail e WhatsApp, isso com intuito de devolver seu celular, tendo passado tais dados para o novo aparelho".
De acordo com Amorim Soares, ainda n�o estava em andamento a auditoria contratada pela Eletronuclear que, segundo o ex-diretor, come�ou em julho de 2015.
Defesas
No dia 6 de julho, no dia da deflagra��o da Opera��o Pripyat, a Eletrobras divulgou a nota abaixo ao mercado:
A Companhia vem esclarecer o que se segue:
1. Como � de conhecimento p�blico, h� um processo criminal contra o ex-presidente da subsidi�ria Eletrobras Termonuclear S.A ("Eletronuclear"), sr. Othon Luiz Pinheiro da Silva e outros, em curso perante a 7� Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro. As alega��es principais s�o de corrup��o, lavagem de dinheiro e associa��o criminosa, em conex�o com os contratos relativos � constru��o da usina de Angra 3.
2. Como tamb�m conhecido, a Eletrobras, na qualidade de v�tima dos delitos apontados pelo Minist�rio P�blico Federal, requereu seu ingresso na a��o como assistente de acusa��o, tendo, nessa qualidade, apresentado alega��es finais. Nessa pe�a, tamb�m na qualidade de v�tima, e com a finalidade de obter t�tulo executivo que permita ser compensada dos eventuais danos decorrentes dos il�citos apontados pela acusa��o, aderiu � pretens�o punitiva do Minist�rio P�blico Federal, requerendo a condena��o dos r�us nos termos da den�ncia, observando-se, quanto �queles que firmaram acordo de colabora��o, as condi��es dos seus respectivos acordos homologados judicialmente (Lei n.� 12.850/13, art. 4�, � 11).
3. Em complemento ao comunicado ao mercado divulgado, no dia de hoje, pela manh�, a Companhia esclarece tamb�m que, no �mbito de Opera��o denominada "Pripyat", a Pol�cia Federal cumpriu mandados de pris�o, concedidos pelo Exmo. Sr. Juiz da 7� Vara Federal da Comarca do Rio de Janeiro, contra ex-administradores e administradores que j� se encontravam afastados da Eletronuclear e contra terceiros.
4. Os mandados de pris�o expedidos foram contra os ex-diretores da Eletronuclear, Srs. Othon Pinheiro da Silva e P�rsio Jos� Gomes Jardini, bem como contra os administradores e funcion�rios da Eletronuclear Srs. Luiz Ant�nio de Amorim Soares, Edno Negrini, Luiz Manuel Amaral Mesias e Jos� Eduardo Brayner Costa Mattos, que j� estavam afastados da Eletronuclear, por decis�o tomada pelo Conselho de Administra��o da Companhia anteriormente.
5. A decis�o de afastamento do Conselho de Administra��o da Companhia encontra-se descrito no Formul�rio de Refer�ncia de 2016, arquivado, em maio de 2016, junto � Comiss�o de Valores Mobili�rios.
6. No �mbito de Opera��o denominada "Pripyat", a Pol�cia Federal tamb�m cumpriu mandados de condu��o coercitiva para prestar depoimentos e esclarecimentos contra empregada afastada da Eletronuclear, contra terceiros e tamb�m contra os Senhores Valter Luiz Cardeal, diretor de gera��o da Eletrobras licenciado, e Pedro Figueiredo, ent�o Presidente da Eletronuclear, que foi afastado, a partir de hoje, do referido cargo, por decis�o judicial.
7. Segundo informa��es noticiadas pela Minist�rio P�blico Federal, o Sr. Pedro Figueiredo foi afastado para evitar que o mesmo interferisse nas investiga��es em curso e a Companhia manter� o mercado informado quando da indica��o de novo Diretor Presidente para a Eletronuclear.
8. Por fim, a Companhia informa que cooperar� com o Minist�rio P�blico Federal na entrega de dados e informa��es que sejam requeridos � Eletrobras e � Eletronuclear a respeito das pessoas investigadas no �mbito da opera��o "Pripyat".