S�o Paulo, 19 - O ex-presidente da Sete Brasil e tamb�m delator na Lava Jato Jo�o Medeiros Ferraz afirmou em seu primeiro depoimento ao juiz federal S�rgio Moro nesta ter�a-feira, 19, que o ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, ambos presos e condenados pela Lava Jato, pediram em um jantar em S�o Paulo para ele aumentar a porcentagem de propina nos contratos da empresa - incluindo tamb�m os s�cios da Sete Brasil respons�veis por operar as sondas do pr�-sal.
A Lava Jato aponta que o esquema de corrup��o na Petrobras teria se reproduzido na Sete, empresa de capital misto criada em 2010 para a instala��o de sondas de explora��o do pr�-sal, com os estaleiros contratados por ela para construir as sondas.
Ao juiz S�rgio Moro, Ferraz n�o apenas confirmou o esquema, que rendia propinas de 0,9% nos contratos para a produ��o das estruturas de explora��o, como tamb�m revelou que o "apetite" de Vaccari e Duque pela propina era ainda maior.
"Bem depois que cheguei na Sete, em um dado momento o Pedro Barusco (que tamb�m era diretor da Sete Brasil) falou que o Jo�o Vaccari queria me conhecer. Ai ele organizou um jantar em S�o Paulo", conta o ex-executivo. No encontro estavam presentes ele, Barusco, Duque e Vaccari e, segundo relatou, em determinado momento houve a cobran�a 'extra'.
"Em um dado momento eles falaram sobre a comiss�o dos estaleiros e que tinham desejo de aumentar ainda mais essas comiss�es, de que n�o s� que os estaleiros contratados pagassem, mas tamb�m os operadores de sonda", relatou.
"Ai eu falei, 'de jeito nenhum�', isso n�o vai acontecer, n�o aceito esse tipo de situa��o. J� foi muito dif�cil celebrar esses acordos com esse tipo de empresa (os operadores de sondas s�cios da Sete). Ent�o foi ali (no jantar) que conheci o Jo�o Vaccari", seguiu Ferraz em seu depoimento.
Apesar de sua rejei��o � proposta, Ferraz admitiu ao juiz S�rgio Moro que n�o sabe dizer se esta estrutura de cobran�a de propinas foi implementada ou n�o. "Pode ter sido (implementada) sem o meu conhecimento".
Com uma trajet�ria t�cnica na Petrobras, Ferraz assumiu a presid�ncia da Sete - que foi idealizada por ele e Barusco - em maio de 2011 a convite do diretor de Finan�as da Petrobras Almir Barbassa e do gerente-executivo da �rea Pedro Bon�sio. Ele conta que s� tomou conhecimento do esquema de corrup��o na empresa ao entrar em contato com Barusco na Sete, segundo ele o respons�vel por "espelhar" na Sete Brasil o esquema de corrup��o que ocorria na Petrobras.
Ferraz confirmou que os estaleiros respons�veis por produzir as sondas pagaram propinas para ele, Renato Duque, Pedro Barusco e Jo�o Vaccari na propor��o apontada na den�ncia do Minist�rio P�blico Federal. Segundo a Lava Jato, teria havido o pagamento de propinas de 0,9% nos valores dos contratos da Sete com a Keppel Fels (respons�vel pelo estaleiro BrasFels) para a produ��o de quatro sondas de explora��o de pr�-sal.
O valor destas propinas seria de R$ 185 milh�es, dividida um ter�o para os funcion�rios da Petrobras (Duque) e da Sete (o ent�o presidente Jo�o Ferraz, Pedro Barusco que tamb�m era diretor de opera��es da empresa e Eduardo Musa que al�m de gerente na Petrobras era diretor de participa��es da Sete) e dois ter�os para o PT (via Jo�o Vaccari). Al�m disso, aponta o MPF, uma parcela dos pagamentos ao partido teria sido destinada ao casal de marqueteiros Jo�o Santana e M�nica Moura no exterior por meio do operador Zwi Skornicki.
Foi nesta a��o penal da Lava Jato que Jo�o Ferraz dep�s nesta ter�a-feira. Ao todo, a Sete Brasil chegou a firmar contratos com cinco estaleiros para a produ��o de 29 sondas. Al�m disso, a empresa fez sociedade com seis grandes companhias que iriam atuar como operadoras das sondas.