S�o Paulo, 22 - Um dos principais marqueteiros do Brasil e tamb�m com grande experi�ncia no exterior, Jo�o Santana fez nesta quinta-feira, 21, um "desabafo" ao juiz S�rgio Moro e disse que 98% das campanhas no Pa�s, de todos os tamanhos, utilizam caixa dois e que milh�es de brasileiros receberam dinheiro il�cito ao trabalhar nelas.
"Se tivesse o mesmo rigor que est� tendo comigo em rela��o a essas pessoas, seria uma fila (de presos) que sai de mim aqui ininterruptamente, batia em Bras�lia e Manaus, podia ser fotografada de sat�lites", afirmou o marqueteiro que disse que o marketing pol�tico n�o � a causa da corrup��o e das irregularidades eleitorais e ainda pediu "proporcionalidade" ao juiz da Lava Jato.
"Quero � que o senhor, que esse ju�zo, consiga resolver essa contradi��o de peso, esse desbalancear", afirmou o marqueteiro ao final de seu depoimento de quase uma hora.
Questionado se o epis�dio do mensal�o - que prendeu a c�pula do PT e de outros partidos - n�o serviu para diminuir a "pr�tica de mercado" do caixa dois, Jo�o Santana afirmou que a "�nsia de vencer" dos partidos acabou falando mais alto mesmo ap�s o julgamento hist�rico. "Ali j� era um momento de reflex�o, alguns tentaram, eu pr�prio tentei (acabar com o caixa dois), e havia pessoas dentro do pr�prio partido preocupadas com isso, mas a disputa pol�tica � uma guerra, a �nsia de vencer leva a esse comportamento", afirmou.
'�nico'
Al�m de generalizar a pr�tica de caixa dois, Jo�o Santana usou em seu depoimento v�rios argumentos para tentar se diferenciar dos outros, mostrar sua "inconformidade" com a pr�tica, e afirmar que nunca trabalhou para governos ou estatais.
"Sou o �nico marqueteiro de destaque que n�o pleiteou conta em governo que n�o fez ag�ncia de propaganda paralela, e fui criticado duramente por isso", disse. "No Brasil nunca tive contas com governo, com estatais, recusei sistematicamente. Se quisesse poderia ter tido", seguiu o marqueteiro que lembrou j� ter convivido proximamente com cinco presidentes da Rep�blica, sem dizer quais.
"Convivi com 5 presidentes da Rep�blica com grau de razo�vel confian�a, para n�o dizer intimidade, e nunca fiz nenhum pedido a eles de natureza pessoal e pol�tica, talvez at� isso tenha ajudado minha rela��o de confian�a com eles", afirmou.
Santana responde a duas a��es penais na Lava Jato, acusado de receber US$ 4,5 milh�es do operador de propinas na Petrobras Zwi Skornicki que seriam referentes � cota do PT no acerto de propinas no esquema de corrup��o na Petrobr�s. Na segunda den�ncia ele � acusado de receber US$ 6,4 milh�es no exterior e R$ 23 milh�es no Brasil do "departamento de propinas" da Odebrecht.
Os repasses nesta segunda den�ncia, contudo, n�o t�m rela��o com a Petrobras. O marqueteiro disse que os US$ 4,5 milh�es recebidos por Zwi seriam referentes ao acerto de uma d�vida de caixa 2 de campanha de Dilma em 2010, mas negou enfaticamente qualquer envolvimento com a corrup��o na Petrobras. Em rela��o a segunda den�ncia, Santana ainda n�o quis se manifestar.