S�o Paulo, 26 - O ex-diretor de Desenvolvimento e Constru��es Industriais da Andrade Gutierrez Ant�nio Pedro Campello Dias, afirmou nesta segunda-feira, 25, que todas as empreiteiras pagavam propinas no esquema de corrup��o instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. "Sim, todas pagavam", afirmou Campello, ao ser indagado pelo juiz federal S�rgio Moro, da Opera��o Lava Jato.
Campello � um dos ex-dirigentes da segunda maior empreiteira do Pa�s que fechou acordo de dela��o premiada com a Procuradoria-Geral da Rep�blica.
Os delatores n�o querem mostrar o rosto. Por isso, a audi�ncia com Ant�nio Campello exibe apenas sua voz.
O juiz perguntou a Campello se ele soube das propinas na estatal petrol�fera. Ele respondeu que "teve conhecimento disso" porque em um contrato "houve uma primeira abordagem para satisfazer esse tipo de demanda por parte da Petrobras". "Um belo dia recebi uma demanda, um telefonema, 'olha, tem isso para resolver'. Eu trouxe a demanda para dentro de casa, foi analisada e se decidiu atender a demanda, na �poca, absolutamente incompat�vel com o que se poderia acomodar. N�o se podia mais mexer no pre�o, o pre�o j� estava baixando, n�o estava subindo."
"Quem foi o portador da demanda?", questionou Moro.
"Quem me deu o recado foi o Ricardo Pessoa (dono da UTC Engenharia, apontada como a l�der do clube vip das empreiteiras que formaram cartel na Petrobras). Ele disse que tinha me indicado para ser procurado por uma determinada pessoa que trazia a demanda propriamente dita."
"E quem foi essa pessoa?", insistiu Moro. "Foi o sr. M�rio G�es", respondeu o delator, em refer�ncia ao suposto operador de propinas que atuava no �mbito da Diretoria de Servi�os da Petrobr�s. "E qual foi o objeto da demanda?", prosseguiu o juiz. "Era um por cento do valor do contrato, esse era o padr�o", declarou Campello, citando em seguida o ex-gerente de Engenharia da Diretoria de Servi�os da Petrobras, unidade que, segundo a Lava Jato, era cota do PT no esquema. "Esse dinheiro, o primeiro benefici�rio seria Pedro Barusco, mas a conota��o era para 'o grupo de apoio'", afirmou Campello.
O juiz o indagou sobre quem seria o "grupo de apoio". Campello disse que Barusco - que tamb�m virou delator e devolveu espontaneamente US$ 100 milh�es - era "representante de um setor que controlava a Petrobras".
Ele disse que em outros contratos a propina de 1% "se tornou um padr�o, inclua na sua matem�tica porque � assim que tem que funcionar".
O juiz quis saber porque a empreiteira pagou propinas. "Tinha que se proteger. N�o posso dizer objetivamente que (Andrade Gutierrez) tenha sido amea�ada, mas era evidente que isso aconteceu. Na pr�tica, a empresa demorou muito para conseguir atender o volume de demanda que se acumulou. A empresa tinha muita dificuldade de operacionalizar esses valores e isso gerava n�tida m� vontade, ranhetice, dificuldade de receber recados", disse.
Defesa
"O Partido dos Trabalhadores refuta as ila��es apresentadas. Todas as doa��es que o PT recebeu foram realizadas estritamente dentro dos par�metros legais e posteriormente declaradas � Justi�a Eleitoral" disse, por meio de nota, a assessoria de imprensa do PT Nacional.