Bras�lia – O presidente em exerc�cio, Michel Temer, decidiu jogar todas as fichas para garantir que o processo que deve afastar definitivamente Dilma Rousseff do Pal�cio do Planalto seja conclu�do ainda este m�s. Em pelo menos duas reuni�es – um jantar na segunda-feira e um almo�o ontem –, Temer tratou do tema. Na segunda, com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Na ter�a, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que acabou convencido a antecipar o calend�rio que previa o in�cio da aprecia��o do processo em plen�rio para 29 de agosto. Temer quer sair da interinidade antes de viajar para a China, onde representar� o pa�s no G-20, em 4 e 5 de setembro. Na noite de ontem, Temer jantou novamente com aliados no Pal�cio do Jaburu, entre eles, o presidente do PSDB, senador A�cio Neves (MG).
Oficialmente, o discurso � que o presidente em exerc�cio n�o vai interferir na agenda do Legislativo. Nos bastidores, por�m, a avalia��o � de que todos os recursos ser�o usados para garantir que a vota��o n�o se arraste para setembro. A tese defendida no Pal�cio do Planalto � que o atraso na defini��o pol�tica atrapalha o desenvolvimento econ�mico, emperra a entrada de investidores, al�m de provocar uma paralisia na agenda do Senado. Caso o processo n�o seja resolvido a tempo da viagem, Temer cogita enviar um emiss�rio.
Ex-ministro de Planejamento, o senador Romero Juc� (PMDB-RR) defendeu que senadores decidam quem deve representar o pa�s no exterior. “Essa viagem deve ser feita com presidente titular e o Senado tem de que decidir se ser� Temer ou Dilma. N�o � poss�vel chegar um presidente desautorizado para tratar com os maiores l�deres do mundo no G-20.” Juc� ressaltou ainda que, se preciso, os senadores devem trabalhar no fim de semana para concluir o processo. “Entre fazer piquenique no fim de semana e decidir o destino do Brasil, tenho certeza que maioria optar� por decidir o futuro do Brasil”. Ap�s o an�ncio do calend�rio pelo STF, no fim de semana, aliados do governo peemedebista alegaram que Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski cederam a uma press�o petista para atrasar o processo.
No Senado, ap�s almo�ar com Temer no Planalto, Renan antecipou o in�cio da vota��o para os dias 25 ou 26 para que o processo seja conclu�do at� 29 de agosto. O presidente do Senado vai se reunir amanh� com Lewandowski para bater o martelo sobre a data. “O presidente Temer e eu discutimos apenas a pauta de vota��es do Congresso, e n�o o rito do impeachment. Mas � claro que a viagem para a China com essa situa��o ainda indefinida ficaria muito ruim”, afirmou.
“Se for necess�rio vamos ouvir testemunhas, sexta, s�bado e domingo, inclusive a pr�pria presidente Dilma. Podemos suspender a sess�o para dormir e comer, o que � razo�vel. Farei tudo, tudo que for poss�vel, dentro das regras e respeitado o Estado de direito, para que a vota��o termine at� o fim do m�s. Estaremos dando uma resposta � sociedade, que j� n�o aguenta mais que essa quest�o seja delongada”, disse Renan. Pelo tr�mite, ser�o ouvidas cinco testemunhas de defesa e cinco de acusa��o, al�m dos advogados de ambas as partes e senadores que quiserem fazer uso da palavra.
A altera��o na data irritou petistas, que amea�am convocar at� 40 testemunhas de defesa para atrasar o processo. “Se mudarem, n�s vamos requerer que sejam ouvidas 40 testemunhas. Se Temer quer guerra, quer atropelar o Senado, n�s estamos preparados. O que est� nos indignando � a interfer�ncia de Temer. Vamos usar nossas armas regimentais para fazer aqui um julgamento justo”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Processo de Cunha
O presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou ontem que vai fazer a leitura, em plen�rio, do processo de cassa��o do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na pr�xima segunda-feira. O deputado ressaltou, contudo, que antes de colocar em vota��o o processo pretende votar o projeto que estabelece a renegocia��o da d�vida dos estados. A discuss�o da proposta estava prevista para acontecer ontem, mas por falta de um consenso a vota��o passou para a pr�xima semana. “Vou votar o PLP 257 antes de qualquer outra proposta. � a prioridade”, ressaltou Maia. “N�o estou dizendo que a data de vota��o (da cassa��o de Eduardo Cunha) ser� na segunda-feira, apenas que vou l�-lo”, emendou. Depois de feita a leitura, o processo passa a tramitar como “prioridade” no plen�rio, ap�s o prazo de 48 horas. Ele, no entanto, n�o tem o poder de trancar a pauta de vota��es. Segundo Rodrigo Maia, n�o “h� chances” de o caso de Cunha n�o ser julgado antes das elei��es municipais.