S�o Paulo, 12 - A elei��o municipal deste ano dever� trazer v�rios sinais sobre como ser� a disputa presidencial em 2018. A mudan�a das regras, somada a fatos novos surgidos desde o �ltimo pleito, sobretudo as den�ncias de corrup��o, promete transformar a forma de se fazer campanha e, por consequ�ncia, a percep��o dos eleitores a respeito dos partidos e dos candidatos. E pode servir de "laborat�rio" para a pr�xima elei��o.
Cientistas pol�ticos ouvidos pelo Broadcast Pol�tico, servi�o de not�cias em tempo real do Grupo Estado, destacam que se deve ficar atento em especial a como os pol�ticos e eleitores reagem � proibi��o do financiamento empresarial, ao menor tempo de campanha, ao desempenho de nomes que t�m apoio de poss�veis presidenci�veis e ao prov�vel enfraquecimento de partidos envolvidos na Lava Jato.
Sem receber doa��es de empresas, as candidaturas ter�o � disposi��o apenas os recursos do Fundo Partid�rio ou doados por pessoas f�sicas. Os candidatos, al�m disso, ter�o menos contato com os eleitores, j� que o tempo de campanha nas ruas e nos palanques caiu de 90 para 45 dias. No r�dio e na televis�o, a redu��o foi de 45 para 35 dias. As restri��es, afirmam os analistas, devem prejudicar principalmente os nomes desconhecidos, que ter�o mais dificuldade para se apresentarem ao eleitorado.
"A crise pol�tica poderia fazer surgir novas figuras, mas os grandes partidos n�o v�o querer apostar nesses, porque n�o h� dinheiro nem tempo suficiente para faz�-los despontar", avalia Humberto Dantas, cientista pol�tico associado da 4E Consultoria. Sair�o na frente, portanto, os candidatos que j� possuem uma hist�ria pol�tica relevante. "Tive a oportunidade de analisar as pesquisas de inten��o de voto em 22 capitais. Em todas, os tr�s primeiros colocados s�o prefeitos, ex-prefeitos ou deputados e senadores", disse.
Podem fugir � regra os candidatos que, apesar de pouco conhecidos, disp�em de recursos pr�prios para bancar a campanha. � o caso do empres�rio Jo�o Doria, que n�o tem um passado pol�tico, mas � a aposta do PSDB para a disputa em S�o Paulo. Dono de um grupo de empresas, o tucano ter� o desafio de derrotar o deputado federal Celso Russomanno (PRB), a ex-prefeita e senadora Marta Suplicy (PMDB), a ex-prefeita e deputada federal Luiza Erundina (PSOL) e o prefeito Fernando Haddad (PT), os quatro primeiros colocados, nesta ordem, nas �ltimas pesquisas de inten��o de voto.
Embora continuem como favoritos na maioria das cidades, os grandes partidos devem eleger menos prefeitos e vereadores nesta elei��o, esperam os analistas. N�o s� em raz�o dos desdobramentos da Opera��o Lava Jato, mas tamb�m porque falharam em produzir novas lideran�as. "Assim, a pulveriza��o das inst�ncias de mando, a come�ar com as prefeituras, trar� uma in�dita perda da f� p�blica, e os candidatos � Presid�ncia em 2018, n�o possuindo os recursos milion�rios do passado recente para gastar em propaganda, precisar�o como nunca das alian�as que lhes garantem hor�rio de r�dio e TV", prev� o professor Roberto Romano, que leciona Filosofia e �tica na Unicamp.
Romano, no entanto, ressalta que as pequenas siglas tamb�m n�o abrigam pol�ticos com capacidade de cativar eleitores que perderam a f� na pol�tica, como ocorreu com Fernando Collor em 1989, � �poca no inexpressivo PRN. Com isso, ele teme que o v�cuo de lideran�as seja ocupado por figuras autorit�rias, que, independentemente do partido, prometam resolver a crise por meio da for�a ditatorial, a exemplo do que tem feito Donald Trump em sua campanha para presidente dos Estados Unidos. "A aus�ncia de grandes lideran�as � problema de quase todas as democracias de hoje", lamenta o professor.
PT
Na avalia��o dos analistas, o Partido dos Trabalhadores ser� o mais prejudicado nas elei��es municipais, principalmente em raz�o das den�ncias de corrup��o reveladas pela Lava Jato. "N�o porque o PT seja o mais culpado. O PP, por exemplo, tem mais pol�ticos envolvidos na investiga��o do que o PT. Mas o fato de comandar o governo federal nos �ltimos 13 anos e ter figuras como o ex-presidente Lu�s In�cio Lula da Silva no centro das investiga��es fazem com que o PT seja o mais afetado", argumenta o cientista pol�tico Leandro Consentino.
N�o � a toa que, com a desfilia��o de dezenas de prefeitos eleitos em 2012, o PT disputar�, em 2016, o menor n�mero de prefeituras em 20 anos, conforme levantamento publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo na �ltima segunda-feira, 8. Se perder em capitais importantes, como em S�o Paulo, onde Haddad tenta a reelei��o, a sigla poder� chegar ainda mais enfraquecida � disputa em 2018. Diante disso, Dantas, da 4E, acredita que o campo da esquerda dever� abrir espa�o para partidos como o PCdoB, o PSOL e o PDT, este �ltimo com a inten��o de fortalecer a candidatura de Ciro Gomes para 2018.
As elei��es municipais tamb�m ser�o uma oportunidade para que presidenci�veis tucanos me�am sua influ�ncia pol�tica, afirma o cientista pol�tico Rafael Cortez. Se Doria sair vitorioso em S�o Paulo, ser� uma demonstra��o de for�a do governador Geraldo Alckmin. O mesmo ocorrer� se o nome apoiado pelo senador A�cio Neves em Belo Horizonte, Jo�o Leite, ganhar a disputa na capital mineira.
"Nas pesquisas para presidente em 2018, nenhum dos poss�veis nomes do PSDB se sobressai, portanto, est� tudo muito em aberto, n�o existe candidato natural. As elei��es municipais s�o o primeiro passo. N�o � por acaso que Alckmin se empenhou para Doria ganhar as pr�vias do PSDB para a elei��o em S�o Paulo", avalia Cortez. Na ocasi�o, o nome apoiado por Jos� Serra nas pr�vias, Andrea Matarazzo, desistiu da disputa e migrou para o PSD, pelo qual ser� vice na chapa de Marta Suplicy.