Bras�lia, 13 - No auge do distanciamento, a presidente afastada Dilma Rousseff e a c�pula do PT agora se acusam mutuamente, nos bastidores, pela iminente perda de poder, protagonizando um jogo de empurra. Dirigentes e parlamentares do PT temem que, confirmado o impeachment, Dilma tente salvar apenas sua biografia, apontando o dedo para a avalanche de problemas do partido, �s v�speras das elei��es municipais.
A impress�o foi refor�ada quando ela disse que o PT precisa assumir seus erros, do ponto de vista �tico, e passar por uma �grande transforma��o�. Fez a declara��o seis dias ap�s ter afirmado que n�o autorizara caixa 2 em sua campanha e que qualquer responsabilidade pelo pagamento de d�vidas deveria ser debitada na conta do PT. A partir da�, os desentendimentos ficaram evidentes e h� quem suspeite at� mesmo que Dilma possa deixar o partido mais adiante.
Quem visitou a ocupante do Pal�cio da Alvorada depois que o Senado decidiu torn�-la r�, na madrugada de quarta-feira, encontrou uma mulher abatida. Dilma assegurou que pretende ir ao Congresso para se defender, no fim do m�s. Reiterou, ainda, que apoiar� a proposta de plebiscito para antecipar as elei��es presidenciais - outro motivo de diverg�ncia com o PT - na Carta aos Senadores, a ser divulgada at� ter�a-feira.
Mesmo com a resist�ncia na ponta da l�ngua, por�m, a presidente afastada n�o escondeu a preocupa��o. N�o parecia assim at� 15 dias atr�s, quando, embora solit�ria, ainda transmitia a imagem de algu�m que havia tirado um �peso� das costas e se encantava com a �alforria� para comer suspiros, mesmo seguindo a dieta Ravenna, que a fez perder 17 quilos.
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva contou a senadores do PT que chegou a ficar impressionado com o �nimo de Dilma. Lula disse aos petistas que, numa das visitas feitas a ela, h� cerca de um m�s e meio, desembarcou tristonho no Alvorada, pensando que tudo aquilo parecia um pesadelo. Ao avistar sua sucessora, por�m, teve uma surpresa.
Dilma, fora do Planalto, tinha a express�o desanuviada. �Parecia que o impeachment era meu, n�o dela�, provocou Lula, segundo relato dos senadores.
Trai��es. Todos que convivem com a petista, no entanto, afirmam que a ficha dela s� �caiu completamente� depois que o Senado decidiu julg�-la. Mais uma vez, ela se decepcionou com trai��es de antigos aliados e se mostrou inconformada com o senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Ele esteve quatro vezes com Dilma, fez sugest�es para a carta, mas votou a favor da sua deposi��o.
Em conversas reservadas, ex-ministros do PT argumentam que o pr�prio partido a abandonou. �Beijaram a m�o dela e depois a deixaram na torre�, resume um deles, numa alus�o � Torre das Donzelas, no Pres�dio Tiradentes (SP), onde Dilma ficou encarcerada tr�s anos, na ditadura militar. �O PT d� apoio incondicional � presidente Dilma e continuar� na luta contra o golpe�, diz o presidente do PT, Rui Falc�o, que classificou de �invi�vel� a proposta de plebiscito, principal bandeira defendida por ela para pacificar o Pa�s.
Apesar das negativas oficiais, dirigentes petistas avaliam, a portas fechadas, que manter Dilma nessas condi��es seria �sangrar� at� a elei��o de 2018, um cen�rio que favoreceria o PSDB, hoje aliado do presidente em exerc�cio Michel Temer. Al�m disso, observam que a carta a ser lan�ada por ela, planejada para conter as diretrizes de um �programa da volta�, perdeu o sentido pol�tico.
Em reuni�o com deputados e senadores do PT, na quarta-feira, Lula disse que o partido precisa se preparar para ser oposi��o, ap�s quase 14 anos � frente do Planalto. Alvo da Lava Jato, o ex-presidente est� apreensivo com a debandada de filiados e com as disputas municipais no momento em que o PT enfrenta a maior crise de seus 36 anos, com dois ex-tesoureiros presos.
O acerto de contas ser� feito em dezembro, quando haver� um encontro extraordin�rio do partido. �Tanto a presidente como n�s reconhecemos os erros, mas precisamos propor sa�das e fazer a reforma pol�tica�, diz o senador Jorge Viana (PT-AC). As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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Na reta final, Dilma e PT vivem conflito
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