S�o Paulo, 15 - O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou nesta segunda-feira, 15, que o presidente interino Michel Temer (PMDB) n�o dever� manter nas vota��es do Congresso Nacional o mesmo n�mero de votos dos parlamentares que apoiam o afastamento definitivo de Dilma Rousseff (PT). "Embora haja uma vota��o bastante forte contra a presidente Dilma, Temer n�o vai manter os dois ter�os (na Casa) em nenhuma hip�tese", disse, argumentando que o apoio ao peemedebista, ap�s a conclus�o do processo de impeachment, tender� a diminuir, principalmente em quest�es pol�micas como as reformas trabalhista e previdenci�ria, porque os pol�ticos ser�o pressionados pelas corpora��es e pelo eleitorado.
Durante palestra na Associa��o Comercial de S�o Paulo (ACSP), Buarque afirmou que o impeachment � uma "viol�ncia constitucional", mas, necess�ria. Ele comentou que "talvez estivesse errado em votar no impeachment" e que o processo traz uma m�cula ao Brasil. "O impeachment � uma viol�ncia constitucional, n�o em rela��o � presidente, � uma viol�ncia dentro da Constitui��o que est� sendo necess�ria para virar a p�gina", disse.
Na semana passada, o senador votou pela pron�ncia do impedimento da presidente afastada, ap�s ser apontado como um dos "indecisos" em seu voto. Ele destacou que vai "sofrer muito eleitoralmente" por votar a favor do afastamento de Dilma Rousseff. "Eu tinha uma base tradicional, j� fui do PT, essa base me chama hoje de golpista. H� momentos que eu devo votar pelo Pa�s, e n�o pela elei��o", disse.
Durante a palestra, Cristovam Buarque fez elogios ao presidente interino e comentou que Temer � capaz de recuperar a credibilidade econ�mica na condu��o do governo, al�m de dizer que a economia est� em "boas m�os" com Henrique Meirelles no Minist�rio da Fazenda. Contudo, criticou as medidas de reajuste nos sal�rios de algumas categorias. "Fico assustado com os �ltimos aumentos concedidos por press�es, inclusive de categorias com sal�rios elevados", afirmou.
Retrocesso
Apesar dos elogios, o senador disse que os programas sociais podem ter retrocesso na gest�o Temer. "Eu temo que a gente possa ter retrocesso no social por falta de recursos. Isso (n�o ter corte de gastos na pol�tica social) � importante para que as pessoas n�o tenham o argumento do retrocesso social", disse Buarque.
Para ele, se o governo n�o cortar verbas na educa��o e na sa�de, "vai ter que cotar em algum lugar". O parlamentar defendeu a ideia de o governo colocar um teto nos gastos p�blicos, baseando-se na infla��o do ano anterior. "A dieta do teto � correta e pedagogicamente � boa para a pol�tica."
Lula e Dilma
Cristovam Buarque criticou os governos de Lula e Dilma Rousseff, do PT, afirmando que o Partido dos Trabalhadores beneficiou grupos e n�o o conjunto da sociedade durante os anos em que ocupou a Presid�ncia da Rep�blica. "Dentro de Lula e Dilma, houve incentivo � organiza��o corporativista e atendimento aos interesses desse corporativismo, mesmo quando sacrificasse o interesse da popula��o", comentou.
Em sua fala, o parlamentar criticou ainda o programa Bolsa Fam�lia por tirar o benef�cio da supervis�o do Minist�rio da Educa��o, na �poca em que chamava Bolsa Escola, e coloc�-lo na administra��o do Minist�rio do Desenvolvimento Social e Combate � Fome. "Antes recebia quem tinha filho na escola, agora recebe um velho que n�o tem filhos, um deficiente, tudo gente que precisa, mas deveria ser separado", apontou.
Outra cr�tica de Buarque ao governo do PT foi o programa Ci�ncia sem Fronteiras, que concede bolsas para universit�rios estudarem fora do Pa�s. "� um bom programa, mas visou beneficiar o aluno que ia para fora e n�o o Pa�s que o recebe na volta."
Elei��es 2018
Comentando sobre as elei��es presidenciais de 2018, o senador Cristovam Buarque afirmou que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva poder� voltar ao cen�rio. "Se o Lula n�o tiver problemas fortes com a Justi�a, e se o Temer n�o conseguir credibilidade, isso pode acontecer", afirmou.
Esse "retorno", na vis�o do parlamentar, pode vir com cr�ticas �s reformas trabalhista e previdenci�ria a serem encaminhas pelo PMDB ao Congresso. "A cr�tica poder� vir em uma elei��o com propostas irrespons�veis que seduzem os eleitores preocupados com o imediato, e n�o com a na��o no longo prazo."
Sem falar se � candidato ou n�o �s pr�ximas elei��es, Buarque declarou que � preciso "uma proposta nova para o Brasil". Ele defendeu parcerias privadas para oferecer servi�os p�blicos, responsabilidade fiscal e refor�ou sua bandeira de priorizar a educa��o para conduzir o crescimento sustent�vel do Pa�s.
"Temos que pensar em algo que transforme a realidade brasileira. Vejo o vetor transformador na educa��o, que pode aglutinar o Brasil", disse, ao defender a federaliza��o do ensino nos munic�pios, o ensino em tempo integral e sal�rios maiores aos professores.