Senadores da oposi��o est�o reunidos no apartamento funcional de Lidice Da Mata (PSB-BA), na noite deste domingo, para afinar a estrat�gia que v�o adotar no interrogat�rio da presidente afastada Dilma Rousseff. Antes das perguntas dos parlamentares, Dilma ter� 30 minutos para fazer a sua defesa no plen�rio.
Segundo os oposicionistas, a presidente afastada deve aproveitar o momento fazer uma retrospectiva e mostrar indicadores de sua gest�o, falar sobre a ideia de um plebiscito para convocar novas elei��es e tamb�m declarar que est� em curso um golpe parlamentar. O tom deve ser mais pol�tico do que t�cnico.
Primeira senadora a chegar para a reuni�o, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que est�o no radar da oposi��o 13 senadores que poderiam mudar de ideia e apoiar Dilma. O senador Paulo Paim admitiu que os aliados da presidente est�o dialogando com pelo menos oito indecisos. "Se t�m oito senadores indecisos, � natural que os dois lados estejam trabalhando com eles. Acreditamos que ainda � poss�vel reverter votos", comentou.
Para Lindbergh Farias, a fala de Dilma ser� "contundente" e vai representar "o ponto da virada" no processo. Ele acredita que o discurso ter� forte impacto na sociedade, o que deve repercutir no Senado. "A sess�o de amanh� vai ser muito tensa, � um momento muito dram�tico para o Brasil(...) Amanh� as pessoas v�o entender a Dilma como v�tima de um golpe pol�tico."
O senador considera que bastariam seis votos de indecisos para Dilma reverter a situa��o e convencer ainda mais parlamentares a votarem contra o impeachment. "Se t�m seis, a turma vai, caso contr�rio � dif�cil", disse. Lidice da Mata disse que tem muita esperan�a de reverter esses votos. "Ser� a extraordin�ria a presen�a de Dilma. Muitos acharam que ela n�o viria, mas ela demonstrar� coragem at� o �ltimo momento para enfrentar as dificuldades e a trama que se colocou contra ela", disse a senadora.
Segundo Paim, Dilma vai mostrar indicadores dos �ltimos 13 anos em que os petistas estiveram no poder e compar�-los com gest�es anteriores. "Eles (governistas) sempre falam que o PT quebrou o Pa�s, vamos mostrar o contr�rio." Paim afirmou que cedeu a sua vaga de primeiro inscrito do dia para a senadora Katia Abreu porque, entre outras coisas, ela vai falar sobre os avan�os do governo Dilma na �rea da agricultura, pasta que j� foi comandada por ela. Para Lindbergh Farias, a escolha da senadora � simb�lica n�o s� pelo fato de Katia ser ex-ministra da presidente, como tamb�m por ser mulher.
Os senadores tamb�m est�o dialogando com aliados de Temer para inverter a ordem dos discursos e intercalar a fala de quem � contra e a favor do impeachment. Segundo Vanessa, os parlamentares ainda est�o negociando para tentar modificar ao menos o in�cio da lista de inscri��o, que considera estar muito desigual. "N�o � para evitar o embate, e sim para equilibrar o jogo. Se n�o � bom para n�s, tamb�m n�o � bom para eles. J� levamos essa proposta, estamos dialogando desde ontem", contou.
Lindbergh considera que o principal destaque do interrogat�rio ser� o "rali de perguntas dos senadores", que ter�o 5 minutos cada para questionar Dilma. "Eu quero ver o que o A�cio Neves vai perguntar para ela", provocou, citando a �ltima disputa residencial entre o tucano e a petista. Sobre a poss�vel absten��o do PMDB, que deve evitar fazer perguntas por ter participado do governo, o petista classificou como "absurdo e desmoralizante". (Julia Lindner)