Bras�lia, 07 - No primeiro dia em que o presidente Michel Temer cumpriu uma agenda p�blica em Bras�lia desde que assumiu efetivamente o Pal�cio do Planalto, o seu governo foi alvo de uma manifesta��o organizada por movimentos sociais, militantes e estudantes universit�rios. Enquanto Temer e outras autoridades do Executivo acompanhavam o desfile oficial numa �rea isolada, cerca de 2,7 mil pessoas cruzaram a Esplanada dos Minist�rios para protestar contra o novo governo, segundo c�lculo da Pol�cia Militar do Distrito Federal. Na conta dos organizadores, o p�blico chegou a 5 mil manifestantes.
"Esse � um golpe n�o s� de tirar a Dilma, mas � um golpe no direito dos trabalhadores. Cada medida que eles mandam para o Congresso vai numa dire��o s�: tirar os direitos sociais", disse o ex-ministro Gilberto Carvalho, um dos principais porta-vozes do governo Dilma Rousseff, que compareceu � manifesta��o na Esplanada.
"Eles (Temer e aliados) est�o pagando um pre�o para o capital, que foi quem financiou o golpe maldito, que vai fazer a desgra�a do Pa�s. Por isso que estamos na rua e n�o vamos sair da rua", comentou Carvalho.
O protesto contou com integrantes da Central �nica dos Trabalhadores (CUT), Confedera��o Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Movimento de Luta pela Terra (MLT), al�m de pessoas contr�rias ao governo e militantes do PT, PCdoB e PSOL.
"Viemos dizer que a sociedade n�o concorda com essa ruptura democr�tica", disse o agricultor Tatiano Tavares, que organizou uma vaquinha para trazer integrantes do MLT para a Esplanada.
Durante toda a manh�, enquanto o desfile ocorria em uma �rea isolada por um muro de lata e um cord�o de alambrados, manifestantes gritaram palavras de ordem e erguerem faixas e cartazes com mensagens como "Vaza, Temer", "A Petrobras � o pr�-sal do povo brasileiro", "Fora, corrupto", "Temer golpista", "Quem n�o deve, n�o temer".
Isolamento
A mobiliza��o dos manifestantes tamb�m se deu por meio das redes sociais, atraindo estudantes universit�rios, como a mestranda em Ci�ncia Pol�tica Ariadne Santiago, que carregava um cartaz escrito "Fora Machist�rio de Temer", numa cr�tica � aus�ncia de mulheres no primeiro escal�o do governo. "Isso � retr�grado, atrasado, um retrocesso para as mulheres que n�o se veem representadas", criticou Ariadne.
Diferentemente do que ocorreu um ano atr�s, quando manifestantes contr�rios ao governo Dilma batiam no muro de lata para protestar contra o governo, desta vez n�o houve acesso � estrutura provis�ria, que ficou isolada por policiais e alambrados.
Cord�es de isolamento da pol�cia tamb�m impediram os manifestantes de avan�arem pela Esplanada enquanto ocorria o desfile do outro lado do muro. O acesso s� foi liberado ap�s o fim do evento. As pessoas marcharam pacificamente rumo ao Congresso Nacional, at� que houve uma confus�o entre alguns manifestantes e um grupo que pedia interven��o militar. Depois de um bate-boca, um rep�rter e um cinegrafista foram agredidos por manifestantes e duas pessoas foram detidas pela PM. A revista em mochilas pelos policiais militares resultou na apreens�o de facas, estiletes, punhais e uma garrafa com spray.
Uma equipe de filmagem do PT na C�mara aproveitou a manifesta��o em Bras�lia para coletar depoimentos de pessoas pedindo a cassa��o do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo o jornalista Rog�rio Tomaz, a ideia � estimular o engajamento da milit�ncia. "N�o podemos deixar prevalecer a opera��o para salvar o mandato de Cunha", comentou Tomaz.