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Estado de Minas

'Feudos' mant�m vereadores no poder


postado em 22/09/2016 07:31

S�o Paulo, 22 - A cada quatro anos, a maior metr�pole da Am�rica do Sul ganha caracter�sticas de vilarejo. Bairros s�o transformados em "feudos" na busca por votos. Quem domina a regi�o faz do eleitor um "cliente" ou quem representa uma categoria tem mais chance de conquistar ou manter uma vaga na C�mara Municipal. As pr�ticas assistencialistas, comuns nos rinc�es do Brasil, asseguram mandatos aos vereadores e a perman�ncia por at� 28 anos no poder.

Os "coron�is" paulistanos somam ao menos cinco legislaturas. Wadih Mutran (PDT) � o recordista individual. O "dono" da Vila Maria, na zona norte, tenta o nono mandato consecutivo nestas elei��es, entre vagas diretas e supl�ncias - quando a contagem inclui integrantes de uma mesma fam�lia, os Hato passam na frente.

Famoso por distribuir cadeiras de rodas e levar eleitores a hospitais em sua pr�pria frota de ambul�ncias, Mutran defende o direito de ajudar as pessoas. "Agora n�o d� mais para fazer campanha. Tudo � compra de votos", reclama.

Aos 80 anos, o �ltimo defensor do malufismo na Casa nem pensa em se aposentar. Afirma trabalhar duro, tanto no escrit�rio pol�tico que mant�m no bairro como no gabinete. "Eu tento atender a todas as demandas que chegam at� mim, se n�o consigo atend�-las dentro do servi�o p�blico, procuro empresas privadas e parceiros", afirma. "Quem fala que isso � assistencialismo � porque � rico."

O petista Arselino Tatto e o tucano Gilson Barreto dividem a segunda posi��o no ranking, com sete mandatos cada. Cada um atua em uma �rea. Tatto comanda a regi�o da zona sul que vai da Capela do Socorro, onde mora, a Parelheiros. Barreto tem reduto em S�o Mateus e Itaquera, na zona leste.

� beira da Represa do Guarapiranga, o dom�nio do petista � tamanho que a regi�o � conhecida como "Tattol�ndia". L�, Arselino e os irm�os Jair, tamb�m vereador, e Jilmar, secret�rio municipal de Transportes, s�o constantemente abordados por moradores, que pedem de tudo, desde vaga em creche a m�dico, �nibus e asfalto na rua.

"O vereador tem a obriga��o de fazer um pouco de assistencialismo. Tem de ver as necessidades da popula��o. O povo renova o nosso contrato a cada quatro anos, mas cobra, pede reuni�o para saber o que estamos fazendo. Est� certo. A gente tem de estar presente nos bairros e n�o s� na �poca da elei��o", diz Tatto, que � l�der do governo Haddad na C�mara.

Pisar no barro e tomar muito cafezinho na padaria est�o na base do sucesso eleitoral de Barreto. Ligado ao Rotary Club e diretor do movimento escoteiro, o tucano promove todos os anos um mutir�o da catarata, onde fideliza os eleitores. Se o assistencialismo � um problema para ele? "Ainda bem que os vereadores fazem isso. O poder p�blico � inoperante. O assistencialismo entra para preencher essa lacuna", diz.

Para o cientista pol�tico Marco Antonio Teixeira, as oligarquias pol�ticas da C�mara s� perder�o espa�o quando a pol�tica p�blica for transparente. "Essa � a �nica maneira de se evitar que vereadores se perpetuem atendendo a pedidos de vaga em creche ou consulta m�dica, por exemplo", afirma.

Samba e futebol

Apoiar o futebol de v�rzea de S�o Paulo hoje � quase obriga��o entre os vereadores. Dalton Silvano (DEM), no quinto mandato, afirma que foi ele quem "aprimorou a t�tica". Ele tem aplicado uma parte relevante dos recursos de suas emendas parlamentares na coloca��o de grama sint�tica em campinhos no Ipiranga e na Aclima��o, na zona sul, onde mant�m reduto. "A �nica exig�ncia que fa�o � que no dia da inaugura��o eu possa jogar no time dos veteranos usando a camisa 10", brinca.

A "sacada" da grama sint�tica foi t�o eficaz que, segundo Dalton, os colegas t�m seguido o exemplo. Um deles � o atual vereador campe�o de votos: Milton Leite (DEM). Na �ltima elei��o, alcan�ou 104 mil. Com 20 anos de vida p�blica, domina o M�Boi Mirim e o Graja�, na zona sul da cidade, onde apoia campeonatos amadores de futebol e escolas de samba. A agremia��o do cora��o � a Estrela do Terceiro Mil�nio, que, em 2017, vai desfilar no Grupo de Acesso do carnaval.

Diferentemente dos demais vereadores, Leite n�o gosta de ser chamado de Assistencialista. Diz que faz projetos estruturais e fica contrariado quando o acusam de se valer de escolas de samba para angariar votos. "Meus projetos relacionados �s escolas de samba

(ele aprovou isen��o de IPTU para todas)

s�o culturais. Quem v� problema nisso � gente que acredita que cultura � s� piano", afirma.

F�

Mais perto de Deus que do samba, Toninho Paiva (PR), 74 anos, mistura religi�o e pol�tica para segurar o voto dos eleitores fi�is. No sexto mandato, faz quest�o de dizer que foi crismado, batizado e casou na mesma igreja, a Par�quia do Cristo-Rei, no Tatuap�, zona leste.

Ao redor da comunidade cat�lica, apoia festas e eventos. "O governo deixa muito a desejar. Por isso, �s vezes, n�s precisamos procurar a iniciativa privada para conseguir ajudar", diz. E isso significa estar com o eleitorado "na alegria e na tristeza". Paiva vai at� a vel�rio de eleitor. "Um amigo n�o abandona o outro amigo na hora em que ele mais precisa." As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.


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