
S�o Paulo - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, tamb�m ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou na manh� desta sexta-feira, 30, em entrevista � R�dio Estad�o, que n�o � poss�vel manter o atual modelo pol�tico vigente no Pa�s e que uma reforma nessa seara � urgente. "N�o podemos continuar desse jeito, � preciso uma reforma pol�tica mais profunda", disse, argumentando que um dos principais entraves para as mudan�as s�o os pr�prios congressistas, que chegaram ao parlamento com o atual modelo pol�tico.
Para o ministro e presidente do TSE, o que pode desencadear as mudan�as necess�rias neste setor � a opera��o Lava-Jato, que investiga esquema de corrup��o na Petrobras e j� levou empres�rios e pol�ticos para atr�s das grades. "O grande motivador para mudar (o atual modelo pol�tico) � a Lava Jato, tenho expectativa que vamos fazer", afirmou, sem entrar em detalhes em quais seriam essas mudan�as.
Na sua avalia��o, a credibilidade na pol�tica est� em baixa hoje no pa�s, por isso as mudan�as s�o urgentes. Indagado sobre a detec��o de elevadas doa��es por parte de algumas pessoas f�sicas nessas elei��es, j� que as empresariais est�o vetadas, justificou dizendo que h� pessoas ricas que doam elevadas somas. E informou que o TSE est� hoje com um sistema de fiscaliza��o, inclusive das doa��es, muito melhor do que nos pleitos anteriores.
Na entrevista, Mendes disse ser contr�rio ao fim do financiamento de pessoas f�sicas nas elei��es, na esteira do fim do financiamento empresarial, exemplificando que � preciso pensar no financiamento de cerca de 500 candidatos, que est�o em disputa neste pleito municipal em todo o Pa�s.
Viol�ncia
A respeito da viol�ncia que vem ocorrendo neste pleito em algumas localidades, como na cidade goiana de Itumbiara, Gilmar Mendes disse que o TSE acompanha esses fatos com muita preocupa��o. "O caso Itumbiara � lament�vel, aguardamos os desdobramentos das investiga��es", comentou, reiterando que a corte est� atenta a esses registros.
Lava-Jato
Gilmar Mendes refutou a cr�tica de que a Lava-Jato no Supremo est� andando bem devagar. E alegou que o ministro relator dessa opera��o na Casa, Teori Zavascki, est� abarrotado de trabalho, j� que o Supremo n�o cuida apenas de quest�es criminais. Contudo, reconheceu que a corte n�o � um tribunal c�lere, em raz�o do leque de processos em tramita��o, e tamb�m pelo fato de que hoje "quase metade do Congresso" � investigada e muitos dos inqu�ritos n�o se transformaram ainda em den�ncia, est�o na Procuradoria. "� dif�cil dar celeridade a isso."
Alexandre de Moraes
Indagado sobre as declara��es do ministro da Justi�a, Alexandre de Moraes, sobre a Lava Jato, um dia antes da pris�o do ex-ministro Antonio Palocci, o ministro do STF disse n�o acreditar que houve vazamento dessa fase da opera��o. Mas, classificou um erro o ministro ter participado de um evento de campanha eleitoral, justificando que nesses momentos "se fala muito".
Lewandowski
Na entrevista � R�dio Estad�o, Gilmar Mendes voltou a tecer cr�ticas �s declara��es feitas pelo ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, que classificou o processo de impeachment de Dilma Rousseff de "trope�o na democracia". Para Mendes, nunca se teve uma presen�a (do ponto de vista jur�dico e das regras constitucionais vigentes) t�o forte neste processo pol�tico, por isso n�o se pode dizer que houve trope�o. "Se estamos com gosto de guarda chuva na boca, foi resultado do final da vota��o (do impeachment, com o fatiamento do processo)."
Apesar das cr�ticas, o presidente do TSE disse que ele e Lewandowski s�o pessoas civilizadas e essa discuss�o sob pontos de vista distintos � natural.
Carandiru
No final da entrevista, o ministro do Supremo falou rapidamente sobre a anula��o do j�ri do caso Carandiru. Sem entrar no m�rito da decis�o, disse que � compreens�vel que a decis�o gere indigna��o em parte da sociedade que cobra celeridade da justi�a, principalmente nos julgamentos, e v� um caso do passado, j� julgado, ser reformado.