
No Rio de Janeiro, o senador e bispo Marcelo Crivella, do Partido Republicano Brasileiro (PRB), considerado o representante pol�tico da Igreja Universal do Reino de Deus, lidera as pesquisas de inten��o de voto para as elei��es municipais deste domingo (02/10).
Fundada em 1977 pelo pol�mico bispo Edir Macedo, que tamb�m � dono da Rede Record - a segunda emissora de televis�o do Brasil -, a Universal � uma das institui��es religiosas que mais elege candidatos junto com a Assembleia de Deus, outra popular igreja evang�lica.

Ainda que seja cat�lico e quando crian�a tenha sido coroinha, Russomanno tamb�m � do PRB, que est� muito concentrado em ampliar sua participa��o na C�mara dos Vereadores, que elege seus membros neste domingo.
"� uma consequ�ncia do crescimento dos evang�licos no Brasil, que leva a uma maior representa��o pol�tica. No Congresso, por exemplo, a bancada evang�lica � uma das que mais crescem", afirma o soci�logo Mauro Paulino, diretor do instituto de pesquisa Datafolha.
"Isso tamb�m se relaciona com um momento mais conservador no pa�s e com uma onda de rejei��o � pol�tica tradicional. Um ter�o dos eleitores brasileiros declara n�o ter simpatia por nenhum partido pol�tico, um recorde no per�odo democr�tico", acrescenta.
'Cidad�os evang�licos'
"Estou conquistando votos e almas para voc�", escreveu uma partid�ria na p�gina do Facebook de Crivella, que tem quase dois milh�es de apoiadores."Gra�as a Deus vamos t�-lo como prefeito", escreveu outra.
O PRB elegeu 54 prefeitos nas primeiras elei��es municipais de que participou, em 2008. Quatro anos mais tarde, elegeu 78 e, para as deste ano, leva 434 candidatos, segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
"Mas, nosso foco �, sobretudo, a elei��o de vereadores. Hoje � sabido que o segmento da popula��o evang�lica � grande, e podemos ter mais representa��o", explica o deputado do PRB e pastor Jo�o Campos de Ara�jo, l�der da bancada evang�lica do Congresso em Bras�lia.
"E isso � bom porque teremos nosso pessoal para debater grandes temas nacionais como, por exemplo, o aborto, a defesa da vida e da fam�lia tradicional", acrescenta.
"Somos evang�licos, mas tamb�m somos cidad�os", afirma.
A poderosa bancada evang�lica do Congresso Nacional apoiou em massa o impeachment da presidente Dilma Rousseff em abril passado, quando o processo passou pela C�mara.
Ao abrir a sess�o, o ent�o presidente da C�mara dos Deputados e tamb�m evang�lico, Eduardo Cunha, hoje destitu�do por casos de corrup��o, declarou: "Que Deus tenha miseric�rdia dessa na��o".
No Brasil, h� 123,3 milh�es de cat�licos, 64% de sua popula��o, de acordo com o censo de 2010, contra 91,8% em 1970. Mas, ao contr�rio dos cat�licos, os evang�licos, que aumentaram seu n�mero, representam 22% com 42,3 milh�es de pessoas.
Uma pesquisa feita pela revista Veja assinala que, nas capitais dos estados brasileiros, 250 candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador incluem em seu material de propaganda um dado fundamental: a posi��o hier�rquica em suas igrejas evang�licas, como bispos, pastores, ou mission�rios, entre outros.
Uns sobem, outros descem
Segundo as pesquisas, tanto Russomanno como Crivella t�m maior apoio entre os eleitores de menor escolaridade e renda, algo simples de entender se considerar a constante presen�a dessas igrejas nas ruas das periferias e das favelas brasileiras, onde muitas vezes a pol�tica tradicional e o Estado est�o ausentes.J� o PT elegeu 635 e 558 vereadores nas �ltimas duas elei��es municipais, mostrando que perdeu for�a nesses anos, em que foi atingido por esc�ndalos de corrup��o e pelo julgamento pol�tico que acabou, em agosto, com seu quarto governo consecutivo.
"H� mais consci�ncia do voto entre os eleitores, que j� n�o querem que pessoas desonestas continuem ocupando espa�os importantes", comenta o deputado Jo�o Campos de Ara�jo.
De qualquer maneira, a corrup��o e os problemas com a Justi�a s�o end�micos no pa�s e aparecem em todas as esferas pol�ticas. Tanto Crivella quanto Russomanno t�m suas pr�prias pol�micas judiciais e, no Congresso, a situa��o � similar.
"H� um cansa�o e uma crise de representa��o em geral, mas o retrocesso do PT leva os eleitores a buscar alternativas", assinala Paulino.