S�o Paulo, 01 - Desgastado pela maior crise de sua hist�ria, o PT encolher� nestas elei��es municipais. Levantamentos feitos pela c�pula petista indicam que, diante de tantos esc�ndalos, o partido tem chance de emplacar no m�ximo a metade dos 635 prefeitos eleitos em 2012, em todo o Pa�s. O tamanho da derrota, por�m, ser� medido por S�o Paulo, capital que o PT governa desde 2012 com Fernando Haddad.
O resultado da vota��o � o primeiro teste de sobreviv�ncia pol�tica do PT depois do impeachment de Dilma Rousseff, h� um m�s, e da den�ncia do Minist�rio P�blico que levou o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva ao banco dos r�us, alvejado pela Lava Jato. Se Haddad n�o chegar nem mesmo ao segundo turno, a previs�o no PT � a de que o racha interno aumentar�, com nova debandada antes de 2018, quando haver� outra elei��o presidencial.
Desde 1992, o PT nunca ficou fora da segunda etapa da corrida pela Prefeitura de S�o Paulo. Nesta campanha, por�m, Haddad enfrenta um cen�rio extremamente adverso e muitas dificuldades para vencer a prova de fogo. A situa��o � t�o dram�tica que, nos bastidores, dirigentes do partido dizem que a simples passagem do prefeito para o segundo turno j� ser� considerada uma vit�ria, mesmo se ele perder depois.
A agonia em S�o Paulo � o caso mais emblem�tico do decl�nio do PT. Est� longe, no entanto, de ser o �nico. O partido lan�ou 989 candidatos �s prefeituras, uma redu��o de quase 44% se comparada aos 1.759 que concorreram h� quatro anos. Atualmente, no entanto, das tr�s capitais que administra (S�o Paulo, Goi�nia e Rio Branco), deve reeleger no primeiro turno apenas o prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre, que lidera com folga as pesquisas de inten��o de voto. Trata-se, por�m, de uma cidade sem express�o nacional.
�O problema desta campanha � que ela � comandada pelo S�rgio Moro�, provocou o secret�rio de Forma��o Pol�tica do PT, Carlos Henrique �rabe, numa refer�ncia ao juiz que comanda os processos da Lava Jato em primeira inst�ncia. �O PT tem de se recriar, se refundar, se reinventar. Base social para isso tem, mas a burocracia partid�ria ter� de repensar o seu papel.�
Mesmo em S�o Bernardo do Campo, ber�o pol�tico de Lula, o PT est� em apuros. No ABC paulista, as sondagens mostram que o partido n�o � favorito em nenhuma das sete cidades, embora indiquem segundo turno em Santo Andr� e em Mau�, cidades que j� governa.
�O cen�rio melhorou nos �ltimos dez dias. Nossa expectativa � manter o que temos e recuperar todos os prefeitos que deixaram o partido�, afirmou o presidente do PT paulista, Em�dio de Souza. Somente no Estado de S�o Paulo, 36 dos 73 eleitos pela legenda migraram para outras siglas. Apesar das declara��es de Em�dio, relat�rio do Diret�rio Nacional indica que o PT eleger� de 10 a 20 prefeitos no Estado.
Na mira da Lava Jato, Lula n�o teve protagonismo nesta campanha. N�o apareceu nem mesmo no programa de TV de Haddad, que resistiu muito a adotar o discurso do �golpe� para carimbar os concorrentes de partidos que apoiaram o impeachment de Dilma, como Jo�o Doria (PSDB) e Marta Suplicy (PMDB). O ex-presidente chegou a gravar uma mensagem de apoio a Haddad, que n�o foi ao ar porque sua equipe concluiu que a presen�a dele aumentava a rejei��o do prefeito.
Fardo
Nesta batalha, n�o foram poucos os candidatos que esconderam a estrela do PT, a sigla e a cor vermelha. A portas fechadas, diagn�sticos reservados mostraram que esses s�mbolos se tornaram um fardo pesado demais, principalmente em S�o Paulo. Em capitais como Recife e Porto Alegre, por�m, pesquisas apontam que o PT pode passar para o segundo round da briga com nomes que j� administraram as cidades. � o caso de Jo�o Paulo Lima e Silva, na capital de Pernambuco, e Raul Pont, na do Rio Grande do Sul.
Mesmo assim, o quadro eleitoral escancarou um isolamento in�dito do PT. O partido que at� alguns anos atr�s se dava ao luxo de dispensar aliados agora tamb�m � dispensado. Nada menos do que 220 candidatos petistas disputar�o as elei��es sozinhos, como M�rcio Pochmann, em Campinas, onde at� parceiros tradicionais, como o PC do B, fizeram dobradinha com advers�rios.
No Rio, o PSOL de Marcelo Freixo se recusou a receber o PT na coliga��o. A sa�da foi incentivar a candidatura de Jandira Feghali (PC do B). Em Jo�o Pessoa, onde o prefeito Luciano Cartaxo trocou o PT pelo PSD, os petistas decidiram lan�ar Professor Charliton para n�o sofrerem a humilha��o de ficar fora da disputa depois que o governador da Para�ba, Ricardo Coutinho (PSB), os barrou na alian�a de apoio � sua candidata.
Para Lula e algumas correntes do PT, a unifica��o da esquerda pode ser uma alternativa em outras campanhas, como a de 2018. Diante do avan�o da Lava Jato e com a perspectiva de o ex-presidente ficar ineleg�vel, o PT n�o tem um plano B para substitu�-lo. �� preciso costurar um novo conceito de frente e de coaliz�o para o pr�ximo per�odo�, disse o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro.