Buenos Aires, 03 - O presidente Michel Temer aterrissou ao meio-dia desta segunda-feira, 3, na Argentina, pa�s da regi�o que mais rapidamente reconheceu a legitimidade de seu governo ap�s o impeachment de Dilma Rousseff. � a primeira visita bilateral de Temer - ele foi � China e aos EUA para reuni�es do G-20 e da ONU. A viagem inclui uma passagem pelo Paraguai, antes do regresso a Bras�lia.
Acompanhado de cinco ministros, Temer seguiu diretamente para a Quinta de Olivos, resid�ncia oficial de Mauricio Macri. Os dois assinariam um acordo de facilita��o do com�rcio e um de est�mulo a pequenas e m�dias empresas, mas o principal objetivo da visita � uma reaproxima��o que reverta uma tend�ncia negativa. O com�rcio bilateral caiu 46% nos �ltimos cinco anos, segundo a consultoria Abeceb.
A jornais argentinos, Temer disse em entrevista publicada no domingo pensar parecido com Macri. O l�der argentino elogiou a jornais brasileiros na semana passada a institucionalidade do processo de impeachment.
Entre funcion�rios de alto escal�o da embaixada brasileira em Buenos Aires, a viagem era considerada imprescind�vel e ocorreu na primeira janela poss�vel ap�s as passagens por China e EUA. A dura��o inferior a cinco horas teria rela��o com o processo eleitoral no Brasil e o perfil do convite. A diplomacia brasileira reconhece que a escolha dos destinos dentro do Mercosul est� ligada ao apoio pol�tico a Temer. O Uruguai, que admitiu a legalidade do governo mas considerou "injusta" a sa�da de Dilma, ficou de fora.
Ao receber Temer na resid�ncia oficial, e n�o na Casa Rosada, Macri afastou o encontro ainda mais da pompa requerida por uma visita de chefe de Estado, que em geral exige ida do convidado a sedes de outros poderes. Tamb�m distanciou o visitante de protestos programados para a Pra�a de Maio, em frente da sede presidencial, a 17 quil�metros de Olivos.
Ao saber que Temer n�o passaria pela Casa Rosada, os manifestantes transferiram a primeira parte do protesto para a porta principal de Olivos. Eles penduraram uma faixa com a inscri��o "Fora Temer" no muro e espalharam ratos de brinquedo na cal�ada. Na Pra�a de Maio, planejavam costurar peda�os de tecido no formato de pa�ses sul-americanos. Um grupo de lutas se apresentaria na pra�a com o lema "golpe, s� de capoeira".
Os militantes brasileiros enfrentavam um dilema. Admitiam precisar do apoio dos esquerdistas argentinos, mas n�o queriam cartazes de "Fora Macri" na manifesta��o. "N�o gostamos do Macri, mas ele foi eleito. Tira o sentido estar perto do 'Fora Temer'", disse uma das l�deres da manifesta��o que sugeriu, por seguran�a, atacar o "neoliberalismo".
Outro problema do grupo era de sincronia. O refor�o da milit�ncia kirchnerista e de sindicatos s� chegaria � Pra�a de Maio �s 18h. A esta hora, Temer j� estaria no Paraguai.
Assun��o deu forte respaldo aos primeiros dias de Temer, principalmente no posicionamento contra a chegada da Venezuela � presid�ncia tempor�ria do Mercosul. A comitiva brasileira se reuniria e jantaria com o presidente paraguaio, Horacio Cartes, antes de voar para Bras�lia.
Pelo perfil dos ministros que acompanham Temer - Ind�stria e Com�rcio, Defesa, Justi�a, Seguran�a Institucional e Rela��es Exteriores - assuntos ligados ao controle de fronteira estariam entre as prioridades na passagem pelos dois pa�ses. A negocia��o do tratado de livre com�rcio com a Uni�o Europeia e a aproxima��o com a Alian�a do Pac�fico tamb�m estavam no centro das discuss�es.
Poss�vel ponto de atrito. Um programa argentino de cr�dito tribut�rio a empresas do setor automotivo preocupa a ind�stria brasileira. Alegando preju�zos com o Inovar Auto, plano brasileiro que concede desconto de at� 30 pontos porcentuais do Imposto de Produtos Industrializados (IPI) �s ind�strias que utilizam conte�do local e investem em melhoria tecnol�gica, os argentinos criaram um programa que concede b�nus tribut�rio de 4% a 15% � ind�stria local e incentiva o uso de componentes nacionais.
Esse programa poder� deixar os carros fabricados na Argentina at� 18% mais baratos do que os brasileiros.
Segundo o jornal "Clar�n", os brasileiros tentariam convencer os argentinos a adquirir avi�es da Embraer para a frota presidencial de Macri - sucateada durante o kirchnerismo.