Bras�lia, 13 - O governo do presidente Michel Temer alcan�ou a maior taxa de fidelidade na C�mara dos Deputados desde o in�cio das gest�es petistas no Pal�cio do Planalto, em 2003. Simbolizada pela ampla maioria conquistada (366 votos a 111) na aprova��o em primeiro turno da Proposta de Emenda � Constitui��o que institui por 20 anos um teto para os gastos p�blicos, a lealdade "recorde" da base aliada estimula o governo a acelerar sua agenda de vota��es no Congresso, em especial a reforma da Previd�ncia.
Dados do
Bas�metro
, ferramenta do jornal
O Estado de S. Paulo
, mostram que Temer obteve nos cinco meses � frente do Pal�cio do Planalto - incluindo o per�odo de interinidade - uma taxa de apoio entre os deputados de 83%, mais de 20 pontos porcentuais superior ao que a ex-presidente Dilma Rousseff conquistou em id�ntico per�odo do in�cio do segundo mandato. � a maior ades�o nos primeiros meses do mandato desde a primeira gest�o de Luiz In�cio Lula da Silva, em 2003.
Os dados mostram que o PMDB e o Centr�o - grupo de partidos que integravam tamb�m a base aliada de Dilma, mas que depois aderiu ao impeachment - foram fundamentais nesse resultado. Em id�nticos per�odos, o apoio do PP ao Pal�cio do Planalto foi de 62% para 97%; do PTB de 70% para 93%; e do PR de 80% para 95%; e do PSD de 73% para 95%. O PMDB foi de 70% para 98%.
Esse desempenho � atribu�do a diversos fatores. Primeiro, Temer montou um minist�rio com nomes majoritariamente egressos do Congresso. Hoje, dos 24 ministros, dez s�o deputados federais e senadores licenciados, dois s�o ex-deputados e um � suplente de deputado. Outros dois s�o presidentes de partidos.
Al�m disso, Temer j� presidiu a C�mara por tr�s vezes e faz de encontros e contatos com parlamentares uma rotina. O resultado das elei��es municipais, no qual a oposi��o foi reduzida, tamb�m ajudou, segundo parlamentares, a impulsionar a agenda reformista no Congresso.
Agora, aliados de Temer pretendem aproveitar o embalo da aprova��o do primeiro turno da PEC do Teto dos Gastos para tentar imprimir um ritmo maior das vota��es de interesse do governo no Congresso.
O Pal�cio do Planalto conseguiu 366 votos de deputados a favor da proposta, 58 a mais do que o m�nimo necess�rio. Com um voto favor�vel a mais, o governo repetiria na Casa o n�mero alcan�ado na vota��o que aprovou a admissibilidade do impeachment de Dilma em abril deste ano.
Pauta
Mesmo assim, o Planalto quer afinar sua rela��o com a C�mara - houve 26 votos contra de partidos da base - preocupado com a futura aprecia��o da reforma da Previd�ncia, que ser� encaminhada em breve ao Legislativo e � considerada a mais pol�mica pauta da agenda do Executivo.
O governo, que amea�a retaliar quem da base tenha votado contra o governo no primeiro turno da PEC, j� come�ou a se debru�ar sobre o mapa de vota��es para identificar insatisfa��es entre os aliados. As principais demandas se referem a nomea��es em aberto do setor el�trico e nas vice-presid�ncias do Banco do Brasil e da Caixa e a libera��o de emendas parlamentares.
O presidente do PMDB, senador Romero Juc� (RR), afirmou que o governo quer acelerar a vota��o de ao menos quatro propostas legislativas ao mesmo tempo em que vai come�ar a discutir a reforma da Previd�ncia: a medida provis�ria que reformou o curr�culo do ensino m�dio; a conclus�o do projeto que acaba com a obrigatoriedade de a Petrobr�s ser a operadora exclusiva do pr�-sal; a venda dos cr�ditos tribut�rios que foram parcelados; e a possibilidade de renova��o e devolu��o das concess�es - esta �ltima medida, pendente de envio de uma medida provis�ria pelo Planalto, est� em fase final de discuss�o com o Tribunal de Contas da Uni�o (TCU).
"N�o pode ser uma novela, tem de ser uma miniss�rie, bem r�pida", disse Juc�, sob o ritmo que o governo pretende imprimir na aprecia��o dessas propostas no Congresso. Por tr�s dessa velocidade, est� a preocupa��o na base com o impacto do aumento do desemprego j� esperado pelo governo - estimativas indicam que deve chegar a 14 milh�es de pessoas at� mar�o. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.