Bras�lia, 16 - O comportamento amistoso do empres�rio Marcelo Odebrecht, mantido desde o in�cio da negocia��o de dela��o premiada com a for�a-tarefa da Opera��o Lava Jato, mudou nas �ltimas duas semanas. Quem frequenta a carceragem da Pol�cia Federal em Curitiba diz ter encontrado o "Pr�ncipe" - como o empreiteiro � conhecido pelos colegas de c�rcere - col�rico. A mudan�a de comportamento seria reflexo das dificuldades de seus advogados em fechar o acordo de dela��o nos moldes como o empres�rio planejou.
Tr�s pontos travam o acerto para uma colabora��o premiada com a Lava Jato. O primeiro � o tempo de pris�o. Marcelo Odebrecht diz j� ter permanecido tempo demais preso. Por isso, em troca do acordo, pediu para ficar dois anos e meio preso, descontado o um ano e quatro meses j� cumprido. A proposta foi rejeitada pela for�a-tarefa da Lava Jato. Para eles, o empres�rio precisa ficar pelo menos mais dois anos e meio em regime fechado.
Primog�nito de Em�lio Odebrecht, que assumiu a condu��o das negocia��es da dela��o, o empreiteiro est� detido, em Curitiba, desde 19 de junho de 2015. Acusado de ser um dos l�deres do esquema de cartel e corrup��o na Petrobr�s, Marcelo Odebrecht vislumbrava que suas propostas fossem integralmente aceitas pela for�a-tarefa.
O empres�rio disse a terceiros, segundo apurou o Estado, que deixaria a mesa de negocia��es se a for�a-tarefa n�o aceitasse a redu��o do prazo de pris�o em regime fechado e negasse uma sa�da tempor�ria no Natal e no ano-novo.
J� condenado pelo juiz S�rgio Moro a 19 anos e quatro meses de pris�o, Marcelo Odebrecht ainda � alvo de outras a��es e pode ter pena imposta superior a 50 anos. A proposta que montou com o pai e advogados, nos �ltimos tr�s meses, reduziria em 89% sua condena��o inicial.
O segundo ponto diz respeito � responsabilidade do empreiteiro nos crimes praticados pelo Setor de Opera��es Estruturadas - chamado por investigadores de �departamento do propina� da empreiteira. Na mesa de negocia��o, a for�a-tarefa diz ter provas da participa��o direta de Marcelo Odebrecht na �rea, bem como de sua responsabilidade sobre pagamentos ilegais e de caixa 2 e pela lavagem de dinheiro. A defesa do empres�rio, no entanto, alega que o departamento funcionava sem a interven��o do ent�o presidente do grupo.
Responsabilidade
Para os investigadores, Odebrecht tenta diminuir sua responsabilidade ao inflar o n�mero de executivos dispostos a fazer dela��o e creditar a eles a decis�o sobre ordens de pagamentos. O Estado apurou que a for�a-tarefa n�o aceita essa tese. �Sofisticaram tanto o esquema que acreditaram que seriam intoc�veis, que a for�a-tarefa n�o conseguiria provar no m�rito as acusa��es de crimes�, disse, em reservado, um dos investigadores envolvido na tratativa da dela��o.
O terceiro entrave trata das poss�veis a��es de �contraintelig�ncia� adotadas pela empreiteira. A for�a-tarefa quer ouvir do empres�rio detalhes do que considera a��es de obstru��o �s investiga��es e ofensivas extrajur�dicas de ataques a investigadores, como a suposta compra de informa��es de conversas de delegados da Lava Jato em redes sociais e dossi�s. O empreiteiro nega participa��o. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.