�Vou deixar o cargo por isso? pelo amor de Deus!�, diz Geddel

Bras�lia, 20 - Acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de ter feito press�o para que o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) aprovasse um empreendimento em Salvador, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, admitiu, em entrevista ao Estado, ter tratado sobre o tema, mas disse que o agora ex-colega de Esplanada contou �verdades e inverdades�. �Qual a ilegalidade que h� nisso? Qual a imoralidade que h� em tratar desse tema com um colega meu?�, questionou Geddel.

O senhor foi acusado pelo ex-ministro Calero de pression�-lo em rela��o ao Iphan.

Lamento profundamente essa declara��o do Calero, com quem eu sempre tive uma rela��o af�vel e tranquila. N�o tive nenhum desentendimento com Calero, nenhum bate-boca com ele. Ele diz uma verdade e muitas inverdades.

Quais seriam as inverdades?

As inverdades � que eu teria dito, por exemplo, que iria pedir a cabe�a da presidente do Iphan, que eu poderia tratar com o presidente da Rep�blica. Eu nunca tratei desse tema com o presidente da Rep�blica. Nada, absolutamente nada. A� h� um certo exagero.

E qual seria a verdade?

A verdade � que eu tratei do tema com ele sob a �ptica de que: �Calero, tem que tomar cuidado com isso. Esse assunto est� em discuss�o na Bahia h� muito tempo. Est� judicializado�. J� t� na Justi�a h� muito tempo e isso termina gerando inseguran�a pol�tica para quem comprou unidade, isso termina gerando desemprego na cidade, mas sem nenhuma press�o indevida. Tanto n�o h� press�o que a posi��o ao final e ao cabo que prevaleceu foi a dele. N�o estou entendendo e me surpreendo que venha isso agora. A posi��o que prevaleceu, apesar de eu ter uma vis�o diferente desse processo, mesmo ele judicializado, foi a dele. Os incorporadores v�o buscar agora reparos tanto administrativos tanto na Justi�a. A posi��o dele prevaleceu.

Houve ou n�o houve press�o?

Que press�o � essa? Tratei com o Calero com tranquilidade, por telefone, at� porque n�o tenho medo de tratar por telefone, de estar grampeado. O que eu trato por telefone eu trato publicamente. Qual a ilegalidade que h� nisso? Qual a imoralidade que h� em tratar desse tema com um colega meu? Nunca tratei desse tema com o Iphan, nunca fiz press�o no Iphan. Tratei com ele, nunca tive briga com ele.

Mas o senhor tem esse apartamento?

Tenho uma promessa de compra e venda de um apartamento no empreendimento de 2015, no 23� andar. Adquiri um apartamento depois de morar 22 anos no meu antigo apartamento. Eu pretendia mudar com minha fam�lia. Mas isso n�o me tira a legitimidade. Ali�s, me d� legitimidade para mostrar que o que estava se fazendo era um equ�voco.

E o Iphan s� autorizou a constru��o at� o 13� andar?

Isso foi agora! O Iphan da Bahia, a prefeitura, todos deram a licen�a. A obra foi lan�ada, v�rias pessoas compraram.

O ex-ministro Calero afirma que o Iphan da Bahia teria liberado a licen�a do projeto porque o superintendente regional teria sido indicado pelo senhor.

N�o � verdade. A pessoa que est� l� n�o foi indicada por mim. Essa licen�a foi dada pelo Iphan, me parece, em 2014, quando eu estava na oposi��o ao governo federal, ao governo baiano, em todos os lugares.

Por que o senhor acha ent�o que ele deixou o cargo, se n�o havia press�o?

N�o tenho a menor ideia. Agora pare e pense uma coisa: a minha press�o, segundo ele, n�o deu resultado. A posi��o dele foi a que prevaleceu.

O senhor conversou com o presidente Michel Temer. O que ele falou disso?

Falei de manh� com Temer. Eu liguei para o presidente e ele disse: �Apresente sua resposta com tranquilidade�. N�o tem nada de problem�tico disso n�o, s� o desgaste. Recebi dele o maior apoio. Sereno, tranquilo, ele compreende perfeitamente.

Temer pediu o cargo?

N�o. Deixar cargo por isso? Pelo amor de Deus!

O senhor n�o se sente desconfort�vel de continuar no governo?

Por que desconfort�vel? Por causa de uma fala de um ex-ministro que n�o est� falando a verdade inteira? Eu tratei do tema com absoluta transpar�ncia. O que me deixaria desconfort�vel? Onde � que tem maracutaia, problema, irregularidade nisso? Lamento que o ministro saia nessas circunst�ncias.

O presidente da Comiss�o de �tica da Presid�ncia, Mauro Menezes, disse que vai analisar o caso amanh�. Algum receio? Algum constrangimento?

Nenhum, nada.

As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.