Curitiba e S�o Paulo – O juiz S�rgio Moro n�o autorizou que um advogado completasse sua pergunta ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver� (Internacional) sobre o presidente Michel Temer. O epis�dio ocorreu ontem. “Essa proposta financeira que o sr. recebeu para se manter no cargo de pagar 700 mil d�lares por m�s tamb�m foi levada ao presidente do PMDB � �poca?”, indagou o advogado, defensor do ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha (PMDB/RJ), em audi�ncia na Justi�a Federal em Curitiba. “N�o dr, a� estou indeferindo essa quest�o”, interrompeu Moro, imediatamente. “Isso n�o � objeto da acusa��o e n�o tem compet�ncia desse ju�zo para esse tipo de quest�o”, completou o juiz da Lava-Jato.
A preocupa��o de Moro � com a cita��o a autoridades detentoras de foro privilegiado perante tribunais superiores – caso do presidente da Rep�blica. A men��o a pessoas nessas condi��es em processo de primeiro grau judicial pode levar at� a anula��o do caso ou provocar o deslocamento dos autos. Cerver� foi arrolado pela defesa de Eduardo Cunha, r�u da Lava-Jato e preso em Curitiba por ordem de Moro. Na audi�ncia, o ex-diretor disse que foi nomeado para o cargo na Petrobras em janeiro de 2003 “no novo governo Lula’.
O advogado do ex-presidente da C�mara indagou do ex-diretor da estatal petrol�fera se “houve participa��o” do ent�o senador Delc�dio Amaral (ex-PT/MS) em sua indica��o. “Sim, minha indica��o (foi feita) pelo (ex) governador Zeca do PT (MS), por indica��o do senador Delc�dio.” Indagado se houve “pagamento de vantagem indevida a Delc�dio”, Cerver� respondeu: “N�o na ocasi�o, mas posteriormente.” O advogado de Eduardo Cunha perguntou a Cerver� quando ele “se aproximou do PMDB”. Na �poca, em 2006, Cerver� estava sendo pressionado para deixar o cargo.
“Foi o PMDB que se aproximou de mim, em 2006, logo depois do mensal�o, atrav�s do ministro Silas Rondeau que fazia parte do grupo do PMDB”, respondeu. “Fui procurado pelo Silas que me apresentou ao senador Renan (Calheiros) e, na �poca, ao deputado J�der Barbalho (PMDB/PA). Informaram-me que eu passaria a ser apoiado por esse grupo.” Em sua dela��o premiada, Cerver� afirmou que em 2006 pagou US$ 6 milh�es a Renan “a t�tulo de participa��o nos neg�cios da Petrobras”. Renan nega. “Realmente foi um acerto que houve com esse comando do PMDB. Delc�dio n�o fazia parte desses seis milh�es, mas houve uma destina��o desses seis milh�es de d�lares para esse grupo (do PMDB) de propinas (no �mbito) da primeira sonda que a Petrobras contratou. Delc�dio n�o fez parte. Dois anos depois fui substitu�do.”
Press�o “Minha substitui��o n�o foi de uma hora para outra, se iniciou com uma press�o do PMDB da C�mara. Fui cobrar o apoio do grupo do PMDB do Senado, mas esse grupo estava muito enfraquecido na ocasi�o porque o senador Renan teve que renunciar (� presid�ncia da Casa) por conta da hist�ria da filha dele. Esse grupo tinha perdido (for�a)”, relatou Cerver�, que acabou caindo em 2008.
O advogado de Eduardo Cunha questionou Cerver� se ele foi pressionado a fazer pagamento mensal de US$ 700 mil “ao grupo do PMDB”para se manter no cargo. Ele confirmou. Cerver� contou que esteve com Michel Temer. Na ocasi�o, Temer era deputado e presidia o PMDB. “Estive com Michel Temer, (fui) levado pelo dr. Bumlai (pecuarista Jos� Carlos Bumlai, r�u da Lava-Jato). Ligou, marcou uma audi�ncia com o deputado Michel Temer, no escrit�rio dele em S�o Paulo. Fui l�, ele (Temer) me recebeu muito bem, mas disse que n�o podia contrariar os interesses da bancada que ele comandava, ele era o presidente do PMDB.”
PF apreende obras de arte de Cabral
S�o Paulo – Um S�rgio Cabral Filho (PMDB) alegre e multicolorido, com uma bandeira do Brasil em forma de cora��o pintada no rosto, sorri. Sua mulher, Adriana Ancelmo, com cabelo pintado em lil�s, preto e azul, tamb�m mostra o sorriso. Em tom alegre, as duas telas, pintadas supostamente por Romero Britto, contrastam com a situa��o atual do casal. Cabral foi preso preventivamente pela Pol�cia Federal e levado para Bangu 8, no Complexo de Gericin�, no Rio. Adriana foi conduzida para depor e � investigada pela PF.
Os retratos sorridentes estavam entre as obras de arte apreendida em endere�os de Cabral, na Opera��o Calicute. A a��o investiga corrup��o em obras p�blicas no Rio de Janeiro durante a gest�o do hoje ex-governador. Al�m dessas telas, a cole��o recolhida na semana passada pela PF inclui esculturas e fotografias – ao todo, seriam 28 pe�as. H� est�tuas em estilo barroco e quadros abstratos. Tamb�m foi aprendida prataria.
Todo o material ser� submetido a per�cia, para atestar a sua autenticidade e possivelmente avali�-lo. A Pol�cia Federal quer saber se o casal, suspeito de integrar um amplo esquema de desvios de verbas – ambos negam as acusa��es – usava obras de arte para lavar dinheiro desviado. Estima-se que o esquema, supostamente chefiado por S�rgio Cabral tenha se apropriado ilegalmente de mais de R$ 200 milh�es.