Bras�lia, 26 - O pedido de demiss�o do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) foi a sa�da encontrada pelo Pal�cio do Planalto para tentar salvar o governo da crise pol�tica, que se agravou na �ltima semana. O presidente Michel Temer deve escolher nas pr�ximas horas o substituto de Geddel, seu amigo h� quase 30 anos, e disse a aliados que ele pr�prio far� a coordena��o pol�tica para a vota��o da PEC do Teto, considerada fundamental para o ajuste e a recupera��o da economia.
Articulador pol�tico com o Congresso, o ministro sai do governo �s v�speras da vota��o da Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) que limita os gastos p�blicos, marcada para ter�a-feira no plen�rio do Senado.
Para tentar virar a p�gina da crise, auxiliares de Temer t�m minimizado o impacto nas vota��es no Congresso e dizem acreditar que a sa�da de Geddel ajudar� a pacificar a crise. "N�o � que acabe, mas acalma", disse um interlocutor do presidente.
A opera��o para entregar a cabe�a de Geddel foi articulada ainda na quinta-feira, ap�s a divulga��o do depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero � Pol�cia Federal, no qual ele dizia ter sido "enquadrado" por Temer para atender aos interesses do chefe da Secretaria de Governo. A press�o seria para liberar a constru��o de um pr�dio nos arredores de �rea tombada, em Salvador.
Em reuni�o de emerg�ncia convocada por Temer com auxiliares, na noite de quinta-feira, a situa��o de Geddel - que j� havia viajado para a Bahia - foi considerada insustent�vel. Houve, a partir da�, intensa troca de telefonemas com o ministro. "� tudo pior do que parece", disse um dos auxiliares do presidente.
Durante a semana, Temer conversou diversas vezes com Geddel e, em pelo menos duas ocasi�es, sugeriu que a ele que deixasse o cargo para se defender das den�ncias, mas o ent�o ministro recusou.m sua carta de demiss�o, ele reconheceu que "avolumaram-se as cr�ticas", trazendo sofrimento a seus familiares.
Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. � hora de sair", escreveu ao presidente, a quem chamou de "fraterno amigo". O agora ex-ministro pediu desculpas e disse que diante "da dimens�o das interpreta��es dadas" fez uma "profunda reflex�o" sobre o quadro. 'Indignado'. Al�m de administrar a sa�da do ministro baiano, Temer tamb�m confidenciava aos interlocutores decep��o com a atitude do ex-titular da Cultura. "O presidente estava muito indignado. Dizia sempre que este n�o � seu estilo, que ele n�o � uma pessoa de enquadrar ningu�m", afirmou um auxiliar.
O presidente teria dito, inclusive, que a atitude "do rapaz" foi de uma "monstruosa deslealdade". Alguns auxiliares de Temer avaliam que o governo subestimou o grau de desconforto de Calero. "Acharam que era uma bobagem, mas virou uma crise grande para o governo", avaliou um aliado.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, foi um dos escalados para intermediar o conflito e, al�m de n�o conseguir arrefecer a crise, � agora um novo foco de preocupa��o, j� que tamb�m foi gravado por Calero, que o acusa de pression�-lo.
Para tentar virar a p�gina da crise, auxiliares de Temer t�m minimizado o impacto nas vota��es no Congresso e dizem acreditar que a sa�da de Geddel pacifica um pouco a crise. "N�o � que acabe, mas acalma", disse um interlocutor pr�ximo do presidente.
O ex-ministro Romero Juc�, que deixou a pasta apenas 12 dias depois de assumir o Planejamento por conta de grava��es que sugeriam que ele queria "estancar a sangria" e paralisar a Lava Jato, � um dos personagens que pode ajudar o governo a conseguir manter a sua agenda no Congresso. Juc�, que � tido como um ministro informal desde que deixou o cargo, tem uma articula��o fundamental com os senadores e pode ajudar a manter o calend�rio da PEC como quer o governo.
A defini��o do novo nome da pasta deve sair na semana que vem. "Neste final de semana, certamente, ele vai ouvir muitas pessoas", afirmou um auxiliar, ressaltando que Temer "n�o gosta de esperar muito tempo" para solucionar os problemas. "Ele n�o pode repetir o o erro de escolher algu�m que tenha men��o ou envolvimento com Lava Jato ou qualquer parlamentar que esteja sob suspeita".
O presidente Michel Temer captou a gravidade da crise e decidiu reagir, aceitando (ou induzindo?) o pedido de demiss�o do secret�rio de Governo, Geddel Vieira Lima, e negando peremptoriamente que tenha tentado "enquadrar" 0 ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. "Ora vejam, quem me conhece sabe que eu n�o sou de sair 'enquadrando' ningu�m. O que eu falei a ele foram coisas absolutamente normais".
Temer lamenta que "um epis�dio menor" - o embargo a um pr�dio em �rea hist�rica de Salvador, no qual Geddel tem um apartamento - tenha gerado tanta tens�o pol�tica. Ele confirma a vers�o de Calero para a Pol�cia Federal sobre as duas conversas que teve com Calero antes que este pedisse demiss�o e diz que, de fato, recomendou que procurasse a Advocacia Geral da Uni�o (AGU), �rg�o adequado para agir nesse tipo de conflito. S� rebate que tenha tido "algum tipo de enquadramento".
"Disputas entre ministros � a coisa mais natural, vive acontecendo. N�o sei por que esse rapaz (Calero) reagiu dessa forma", diz o presidente, confirmando que insistiu para que ele permanecesse na Cultura e supondo que o ex-ministro tenha agido por influ�ncia de "amigos do Rio de Janeiro".
Segundo Temer, "h� fortes rumores" de que Calero tenha gravado conversas com ele, com Geddel e com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, mas disse que n�o recebeu nenhuma confirma��o disso. "Se eu perguntar para a Pol�cia Federal, j� v�o dizer que � press�o. Veja como s�o as coisas." Ele, por�m, diz que torce para que haja grava��es mesmo, "para comprovar que n�o houve nada demais, foram conversas normais".
O presidente est� agora �s voltas com a escolha de um novo nome para substituir Geddel, que ocupa uma fun��o chave, a de articula��o pol�tica com o Congresso, num momento em que o governo precisa aprovar a PEC do Teto de Gastos, espinha dorsal da pol�tica econ�mica, e est� �s v�speras de encaminhar a reforma da Previd�ncia.
"Tem de ser algu�m que n�o esteja metido com nada de nada", disse, num tom pr�ximo � ironia. Mas, de qualquer forma, diz ter certeza de que a crise Geddel e o envolvimento do seu nome n�o ir�o afetar negativamente as vota��es: "Efeito zero".
A oposi��o anuncia que pretende entrar com um pedido de impeachment contra Temer, mas ele, que j� presidiu a C�mara quatro vezes, diz que considera isso "absolutamente normal": "Eles est�o no papel deles".A queda de Geddel ocorre uma semana ap�s a sa�da do titular da Cultura. Na avalia��o de interlocutores do presidente, por�m, esta foi a demiss�o que ele mais sentiu porque atinge o "n�cleo duro" do Planalto. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.