
Bras�lia - Com a sa�da de Geddel Vieira Lima da Secretaria de Governo e as acusa��es feitas pelo ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao secret�rio do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), Wellington Moreira Franco, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tornou-se o ponto de sustenta��o do governo na �rea pol�tica. O trio � pr�ximo ao presidente Michel Temer desde o tempo em que o peemedebista assumiu o comando da legenda, em 2001. “De todos, Padilha � o mais organizado”, resumiu um cacique peemedebista.
Isso pode ser o diferencial do governo daqui pra frente. O mercado financeiro enxerga no chefe da Casa Civil a possibilidade de que as reformas econ�micas avancem no pa�s. “Ele tem sido o personagem respons�vel por conversar com o sindicato, os pol�ticos e os empres�rios sobre a reforma da Previd�ncia. Tamb�m tem sido enf�tico na defesa do teto de gastos prometidos pelo governo”, diz um analista de investimentos.
Esse mesmo agente do mercado lembrou que n�o adiantar� nada se o pacote n�o vier completo. “O teto aprovado � um indicativo. Mas se a reforma da Previd�ncia for de fato implantada, ela ser� a garantia de que o governo, de fato, tem condi��es de controlar as despesas ao longo dos pr�ximos anos. O que isso muda, na pr�tica. “O humor melhora e abre-se a possibilidade de se atrair investimentos estrangeiros, o que mudar� a perspectiva futura do Brasil”, explicou um investidor.
Por isso a preocupa��o com a situa��o do chefe da Casa Civil. Apesar de ser o menos exposto dos tr�s, ele n�o est� totalmente a salvo. O ex-ministro da Advocacia-Geral da Uni�o F�bio Medina acusou o chefe da Casa Civil – respons�vel por sua indica��o ao cargo – de trabalhar para abafar as investiga��es da Lava-Jato.
A empreiteira Odebrecht, que est� na fase final de negocia��es de uma dela��o premiada com o Minist�rio P�blico Federal (MPF), assegurou ter repassado R$ 10 milh�es ao PMDB. Deste montante, R$ 4 milh�es tiveram como destinat�rio final o pr�prio Eliseu Padilha. J� os R$ 6 milh�es restantes foram endere�ados a Paulo Skaf, presidente da Federa��o das Ind�strias do Estado de S�o Paulo (Fiesp) e ex-candidato ao governo de S�o Paulo em 2014.
Padilha tamb�m tem se posicionado firmemente contra a concess�o de reajustes salariais para o funcionalismo, o que o torna malvisto perante diversas categorias do servi�o p�blico. A �nica exce��o s�o aqueles aumentos que j� haviam sido acordados pelo governo de Dilma Rousseff. Em um encontro recente com uma categoria que reivindicava acr�scimos nos vencimentos, Padilha foi r�spido. “Voc�s sabem que, perante a opini�o p�blica, representam uma casta de privilegiados. N�o h� hip�tese de darmos o que est�o pedido neste momento”, criticou Padilha.
Grupo
A parceria com o presidente Temer � longa. Em 2001, quando o atual titular do Planalto ascendeu ao comando do PMDB, Padilha e o hoje l�der do PMDB no Senado, Eun�cio Oliveira (CE), passaram a ser os respons�veis pelas articula��es pol�ticas do grupo. Tamb�m mapeavam os votos nas conven��es partid�rias para garantir as sucessivas recondu��es de Temer ao topo da legenda. Desse grupo ainda faziam parte o ex-deputado Mendes Ribeiro, que morreu em maio de 2015; o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves e o agora ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Moreira Franco, apesar de ter boa afinidade com Temer, reuniu-se ao grupo mais tarde, quando assumiu a presid�ncia do Instituto Ulysses Guimar�es. “De todos os integrantes desse n�cleo pol�tico, Padilha �, sem d�vida, o mais organizado de todos. Geddel tamb�m � bom articulador, mas � boquirroto. E Moreira gosta de posar de intelectual, mas � muito impaciente para ser ponto de equil�brio”, resumiu um cacique do PMDB.
OS DESAFIOS DO GOVERNO
» Retomar a credibilidade perante os investidores nacionais e internacionais
» Aprovar no Senado a PEC do Teto de gastos para a Uni�o
» Aprovar a reforma da Previd�ncia, que define, entre outros medidas, o aumento da idade m�nima para a aposentadoria
» Manter a base de apoio unificada, fato que est� amea�ado pela divis�o em torno da sucess�o de Rodrigo Maia na presid�ncia da C�mara, em fevereiro
» Sobreviver �s investiga��es da Lava-Jato, sobretudo ao furac�o que vir� com a revela��o da dela��o premiada da Odebrecht
» Conter as press�es dos setores organizados do funcionalismo para obter reajustes salariais.