
Bras�lia - Transcri��es de grava��es de conversas entre o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero e integrantes do governo foram divulgadas nesta ter�a-feira, 29, pela GloboNews. Em um dos trechos, o subchefe de Assuntos Jur�dicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, discute com Calero a situa��o do im�vel do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
A autoriza��o para a constru��o de um empreendimento imobili�rio em Salvador est� no centro da crise que causou a sa�da de dois ministros nos �ltimos dias. Calero acusa Geddel, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o presidente Michel Temer de pression�-lo para alterar um parecer do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) que embargou a obra.
Em conversa no dia 18, o subchefe de Assuntos Jur�dicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, discute com Calero a situa��o do im�vel de Geddel. "�, eu... eu t� te ligando que... �...eu t� dando entrada com pedido protocolar. (Vou) potocolar o recurso l� no Iphan", disse Rocha. Calero diz a ele, ent�o, que j� havia avisado a Temer, no dia anterior, n�o querer se meter "nessa hist�ria". Rocha tenta minimizar o problema e reproduz frase de Temer. "�, e o que ele (Temer) me falou para.... para falar era 'veja se ele encaminha, e num precisa fazer nada, encaminha pra (Advocacia-Geral da Uni�o) AGU'. Falou isso comigo ontem, n�? A� eu falei 'n�o, eu falo isso com ele.'"
Em depoimento � Pol�cia Federal ap�s deixar o cargo, Calero afirmou que esta conversa ocorreu ap�s ter sido "enquadrado" por Temer para encontrar uma "sa�da" para a quest�o.
Para Calero, o pedido para encaminhar o caso � AGU seria uma forma de manobra. O governo sustenta, por�m, que a sugest�o tinha como objetivo "arbitrar" uma discord�ncia entre o Iphan nacional e o estadual.
Em nota, Rocha afirmou ter dito a Calero apenas que iria encaminhar o recurso ao Iphan, de autoria de outro advogado, que havia sido deixado "equivocadamente" em seu gabinete. "O ministro havia dito que n�o tomaria nenhuma decis�o, mesmo tendo compet�ncia para isso", escreveu. "Por isso, usei a express�o 'dando entrada'. Contudo, jamais se deu prosseguimento a tal a��o."
Temer
Tamb�m foi divulgado trecho da conversa em que Calero comunica Temer sobre sua demiss�o. "Quero pedir minha demiss�o e quero que o senhor aceite, por gentileza, porque eu n�o vejo mais com... condi��es e espa�o de estar no governo."
Temer, ent�o, afirma que respeita a decis�o. "Ontem em acho que at� fui um pouco inconveniente, n�? Insistindo muito pra voc�... para voc� permanecer. �... Confesso que n�o vejo raz�o para isso, mas voc� ter� as suas raz�es", diz o presidente. "Sem d�vida", responde Calero.
Embora o trecho da conversa que se refere a Temer tenha sido considerado pelo Planalto como o de uma conversa "protocolar", como o pr�prio Calero j� havia classificado em entrevista, a preocupa��o da equipe do presidente � com as grava��es ainda n�o divulgadas, envolvendo Padilha, e o pr�prio Geddel.
A reportagem apurou que Temer j� desconfiava estar sendo gravado por Calero, quando ele pediu demiss�o no �ltimo dia 18. Temer estava em S�o Paulo, dentro de um carro, quando recebeu o telefonema do ent�o ministro. Mais tarde, ele confidenciou a auxiliares ter achado "muito estranho" o tom usado por Calero ao reiterar o pedido de demiss�o que havia sido apresentado no dia anterior.
Ex-ministro
Calero negou nesta ter�a, em mensagem no Facebook, que tenha "agido a servi�o do PSDB" ao denunciar Geddel. O ex-ministro se referia a informa��es de que o seu antigo partido iria se beneficiar com a desestabiliza��o do governo. "Infelizmente, sabemos que fazer o certo tem o seu pre�o", escreveu o ex-ministro.
"Nossa deteriora��o moral e �tica chegou a um n�vel tal, que muita gente acha imposs�vel algu�m simplesmente fazer o correto e buscam uma explica��o que n�o existe. N�o podemos mais tolerar a esculhamba��o que � a pol�tica do nosso pa�s."