Bras�lia, 03 - Com o governo acuado por uma sucess�o de crises pol�ticas e pressionado pelo cen�rio de retra��o na economia, o presidente Michel Temer tenta repactuar sua gest�o dando mais espa�o para o PSDB. Temer ofereceu � legenda tucana a articula��o pol�tica, mas a pasta da Secretaria do Governo - vaga desde a sa�da de Geddel Vieira Lima - foi recusada. A inten��o do PSDB � ter influ�ncia na �rea econ�mica, considerada determinante para o sucesso da gest�o.
O posto que era ocupado por Geddel � considerado pelo PSDB como uma fonte de desgaste, que n�o atende a expectativa do partido, o principal aliado do governo do peemedebista no Congresso. A demanda dos tucanos � ter protagonismo na formula��o da pol�tica econ�mica comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. L�deres do PSDB garantem que a sigla n�o age para desestabilizar o titular da Fazenda.
Mas, segundo o Estado apurou, entre as possibilidades apresentadas a Temer est� a de um quadro do PSDB assumir o Minist�rio do Planejamento numa futura reforma ministerial, que aconteceria no in�cio do pr�ximo ano. Atualmente, a pasta � comandada por Dyogo de Oliveira, que n�o pertence a nenhum partido pol�tico e deve ser oficializado no cargo ap�s ficar por seis meses como interino.
A medida a ser divulgada nos pr�ximos dias � uma forma de Temer respaldar a atual equipe liderada por Meirelles, que passou a ser alvo de cr�ticas ap�s os indicadores mostrarem que a atividade econ�mica continua em queda.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), no terceiro trimestre deste ano o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,8% em rela��o ao trimestre anterior. � a s�tima retra��o seguida nessa base de compara��o - a mais longa de toda a s�rie hist�rica do indicador, que teve in�cio em 1996.
A efetiva��o de Oliveira, contudo, n�o � garantia de perman�ncia para o pr�ximo ano. O Planejamento j� esteve na mira do PSDB. Logo ap�s Temer assumir interinamente a Presid�ncia, em maio, um dos nomes cogitados para ocupar o Planejamento foi o da economista Ana Carla Abr�o Costa, atual secret�ria de Fazenda do Estado de Goi�s, comandado por Marconi Perillo (PSDB).
Antes de assumir a cadeira estadual, Costa ocupou uma das diretorias do Ita� Unibanco. A secret�ria tamb�m � casada com o economista P�rsio Arida, um dos idealizadores do Plano Real.
Jogo duplo
Em car�ter reservado, aliados de Temer dizem ter receio de que o PSDB rompa com o Planalto em 2017 caso a economia permane�a estagnada e a popularidade do presidente muito baixa - o que poderia comprometer o projeto do partido em 2018, ano da sucess�o presidencial.
No governo, s�o recorrentes as reclama��es de que os tucanos estariam enviando sinais trocados. De um lado fazem juras de lealdade, mas de outro criticam a condu��o da economia.
Dois exemplos desse "jogo duplo" envolvem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O primeiro foi uma frase dele comparando o governo Temer a uma "pinguela". A declara��o irritou auxiliares do presidente.
Tamb�m incomodou o que foi considerado um "bal�o de ensaio", lan�ado por um aliado de FHC, Xico Graziano - que defendeu uma poss�vel candidatura dele � Presid�ncia num eventual col�gio eleitoral em caso de cassa��o da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A a��o foi proposta pelo PSDB.
Plano A
Nas conversas recentes com Temer, a c�pula do PSDB garantiu lealdade at� o fim do mandato, em 2018, mas cobrou dele um discurso mais claro na �rea social. A avalia��o dos tucanos � que a ret�rica oficial n�o pode ser apenas baseada no ajuste fiscal.
"N�o existe alternativa para o PSDB a n�o ser o governo dar certo. N�o h� aposta em plano B. Vamos ajudar o presidente Michel at� o final a fazer essa travessia", disse ao Estado o senador A�cio Neves, presidente nacional do PSDB.
O dirigente tucano nega que a sigla ambicione novos cargos no Executivo, mas o assunto j� � tratado abertamente no Congresso. [...]"Vai chegar um momento que o governo ter� mais gente do PSDB. N�o estou convencido que seja agora", afirmou o deputado Jutahy Junior (PSDB-BA).
Questionado sobre a ideia de repactuar o espa�o dos tucanos no governo, Fernando Henrique disse que o partido � respons�vel pela gest�o. "Acho que o PSDB, tendo tomado a posi��o que tomou em rela��o ao impeachment, � respons�vel (pela gest�o Temer tamb�m). (O partido) Deve fazer o m�ximo de esfor�o para que o governo d� certo. Agora, � preciso que o governo queira dar certo e se organize." (Colaborou Gabriel Manzano Filho)